quinta-feira, julho 21

O cascateiro



O CORREIO publicou outro dia, crônica de autoria deste que vos fala: “Sofomania”. Após o ocorrido, recebi algumas tantas mensagens de pessoas que se deram ao trabalho de ler o texto. Alguns elogios, outras tantas criticas, questionando meu modo de escrever. Alguns foram diretos e logo avisaram que não entenderam nada, que eu estava meio metido a besta e usando palavreado complicado. Reli o dito. Sinceramente não achei assim tão não. Mas prometi; reescreveria o texto de maneira que pudesse ser, digamos, mais facilmente entendido seguindo a tendência da educação que busca caminho mais suave, sem trocadilhos, e até da televisão que vai simplificar a linguagem. Espero que nosso CORREIO não se incomode de publicar esta nova versão.

Sofômano é aquele sabe tudo, no argumento ou no grito. Se o assunto é carro, ele logo soltava seu palpite: se conseguir apertar a arruela, que fica debaixo do estufagador, o carro vai colar no chão nas curvas e derrapar menos.

Jamais discorde de um cascateiro, nem que a vaca tussa. É chover no molhado e a conversa acaba logo ou em briga.

Se a prosa for futebol, aí vira um Deus nos acuda. Seria o mesmo que convencer Atleticano a torcer para Cruzeiro, ou Colorado comemorar gol do Grêmio. Mas ele vai tentar, aposto. Entende de tudo que é esporte. Porque os técnicos não lhe dão ouvidos? Queixa-se.

Um dia falamos de física quântica, que é aquela que não estudamos no colégio e que depois ou se apaixona, meu caso, ou passa a considerá-la coisa de ficção, bruxaria.

Foi bolada por Max Planck que por uma dessas coincidências do destino, era físico. A “catástrofe do ultravioleta”, não é enredo de escola de samba, é uma teoria que mistura eletromagnetismo, tipo assim coisa de imã, e coisas térmicas, que nem garrafa de café. Não é bem isso, mas vá lá. E o senhor Raylegh-Jeans que criou a tal catástrofe, não inventou a calça Lee ou Levis, era também, outro físico. Povo danado esses físicos.

O único assunto que fazia o cara ficar quietinho era quando a conversa ia para o lado de nossos amores, nossas namoradas, nossas paixões. Podem notar, o cascateiro é via de regra um cara só, nunca tem ninguém. Também pudera já pensou casar com uma pessoa vacinada com agulha de vitrola? Se for homem vai querer ensinar médico fazer parto da companheira. Se for mulher vai virar o espeto do churrasco a todo momento e ainda tentar convencer que a carne boa é a esturricada e seca e que cerveja é amarga demais. Como se pode gostar disso?

Mas o que eu queria mesmo contar é que as eleições podem parecer distantes, mas estão aí beirando. Temos obrigação de pôr atenção em quem vamos votar. Cuidado com aqueles candidatos que, como o personagem da história, cantam de galo, dizem que sabem tudo e que no estalar de dedos os problemas estão resolvidos. Que se dizem competentes por serem jovens, ou que se dizem velhos e, portanto tudo sabem. Aqueles que prometem mundos e fundos, de férias na praia a vaga no paraíso, fuja deles. Atenção redobrada na história de cada um. Atenção! De resto era esta a ideia.

Se compliquei, desculpe, mas quando escrevo não domino meus dedos, nem meus pensamentos, não os policio, nem os censuro, sai o que sai. É isso. Ah! Charles De Coster foi um novelista belga. Manoel Bandeira um grande escritor brasileiro e sua Pasárgada, um sonho.




Publicado no Jornal Correio em 21/07/2011 - clique abaixo

sexta-feira, julho 8

Sofomania

Não havia assunto que não dominasse. Sabia de tudo, e muito. Se a prosa fosse sobre carros, não perdia tempo em descrever detalhes mecânicos, potências, cavalos e defeitos. Ah sim, defeitos. Para tudo que alguém mencionava havia um defeito que só ele percebera. Nem os técnicos mais experientes, projetistas mais renomados, podiam com seu olhar crítico e conhecedor:
— Se aquela manivela estivesse mais inclinada, a força do vento que entra pelas fissuras do chassi, deslocaria e a força centrípeta e aderência seria melhor.

Ninguém se atrevia a discordar; Primeiro que, ninguém, nem os especialistas entendiam bulhufas dos argumentos do cidadão e mais, se um olhar, uma expressão por menor que fosse desse a entender que discordava, aí sim virava bicho. Além da verborréia costumeira subia também o tom de voz, passava quase a gritar, como se o esbravejo pudesse impor vontade.
Conversa de suspiros. Cansativo monólogo.

Se o assunto era futebol, meu santo protetor de ouvidos maltratados, o cara conhecia tudo. Até hoje não sabemos como não foi escalado para técnico da seleção brasileira de futebol e também é claro, da seleção nacional de basquete, vôlei, pólo aquático, salto com vara e até nado sincronizado.

Era divertido. Quando não tínhamos absolutamente nada para fazer, logo vinha um e jogava a isca, puxava assunto mais sem pé nem cabeça para a hora. Certa vez foi física quântica. Pelo que dele ouvimos deu a entender que Max Plank poderia ser seu assistente, e que a “catástrofe do ultravioleta”, definida pela fórmula de Raylegh-Jeans, seria criação sua.

Mas havia sim um assunto em que se fazia calar. Quando falávamos de amor, de sentimento, do querer ao próximo, de beleza e simplicidade. Não vinha de lá um murmúrio, um rosnar, um comentário. O sofômano é solitário e infeliz.

Novo ano aproxima a galope e é de importância ímpar para nós munícipes. Temos um prefeito e vereadores a eleger. Posso parecer precipitado, afinal ainda se faz julho. Mas é desde agora que temos de prestar muita atenção nos sabe-tudo que aparecem como heróis salvadores da pátria. Muitos querendo se passar por sábios, donos de fórmulas mágicas para problemas crônicos da humanidade. Megalomaníacos de plantão, com projetos e soluções para tudo, de unha encravada a trem bala ligando Uberlândia à Disney, a Brasília, a Terra do Nunca, ou a outra imaginária Pasárgada. Não aquela de Manuel Bandeira, pois o objetivo é ser o rei e não amigo dele.

Atenção especial na sensibilidade, no caráter, na postura humana e no poder de doar, pois aí questionados, os sofômanos de plantão se calarão, não terão ação, opinião ou posição clara. Destes pelo menos poderemos nos esquivar, e fazer escolha certa, como no maravilhoso poema de Bandeira, seremos felizes para fazer ginástica, andar de bicicleta, montar burro brabo e subir em paus-de-sebo.

Não que queiramos ser amigos do rei. Queremos e merecemos que o “rei” seja justo e governe com clara firmeza para o bem comum. Não podemos nos deixar levar por embromações, em conversas sem fim, de gente que só escuta o ego, e olha apenas para o próprio umbigo “achando feio o que não é espelho”. Disse Charles de Coster: “Ó respeitáveis enganadores que troçais de mim! Donde brota a vossa política/Enquanto o mundo for governado por vós?” Escuta Zé, escuta.




Publicado no Jornal Correio em 08/07/2011, clique abaixo


terça-feira, julho 5

Ano do Morcego

Fundamentais para a natureza


Por meio de seu programade Meio Ambiente, a ONU se esforça para modificar o conceito que a maioria das pessoas temdos morcegos. Excelentes polinizadores e disseminadores de sementes, esses mamíferos são essenciais à preservação do ecossistema

Veja instrutiva e rica matéria sobre os morcegos no Correio Braziliense clicando AQUI