segunda-feira, janeiro 17

Déjà vu

Esse queria ouvir em velha vitrola, foi-se fazer o quê? Foi-se vinil, foi-se vitrola, ficou melodia, ficou vontade, ficou saudade. Déjà vu intenso a misturar sonhos com verdades

(Fragmentos de meu Facebook)

sábado, janeiro 15

Letras e frutas

Recebi de meu amigo Thogo esta jóia de Manoel de Barros:
"Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos."

Assim amigo Thogo te digo,
Tenho paixão por Manoel de Barros e Guimarães Rosa, devoro tudo deles com caroço e tudo. Os dois vivem de prosa no mesmo pé de jabuticaba de minha infância num quintal imenso de meu imaginário.

Um grande abraço e obrigado pelo presente.

William [ Billy ]

sexta-feira, janeiro 14

terça-feira, janeiro 11

Orquídea de Janeiro

Se fazendo despercebida e tímida, deu costas para olhares, achei por acaso. Orquídea de Janeiro. Meus jardins sempre guardam leves e belos tesouros


quinta-feira, janeiro 6

Galeria

E lá se foram dez anos. Em 2001 meus pequenos Mariana e João Lucas me presentearam com desenhos de morcegos para o Morcego Livre. O tempo passou ligeiro, mas poucos como os meus, aprenderam a ver o morcego com outros olhos.


De Mariana aos 10 anos


De João Lucas aos 5

quarta-feira, janeiro 5

Nietzsche então...

Assim falava Zaratustra ou no original Also sprach Zarathustra: Esposa de Temer rouba a cena na posse



Fonte: colunistas.yahoo.net
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sábado, janeiro 1

Galinho



Publicado no Jornal Correio em 01/01/11 , Dia de sapo em brejo, sonoro coaxar: Um, um, um-um...Um, um, um-um... Um, um, um-um
Quer ver no jornal? Clica AQUI


Galinho

Tem uns dois dias que o vizinho do outro lado da rua de nosso laboratório arrumou um bichinho de estimação, no mínimo, inusitado.

Não estou me referindo a cobras importadas ou camaleões da Malásia. Nada de canários belgas de belo canto ou escorpiões africanos gigantes. O bichinho é coisa nossa, bem conhecido de todos, personagem de cantigas infantis e figurinha carimbada em nosso rico folclore.
A criatura em questão trata-se, nada mais, nada menos, do que um pequeno
e agitado galinho garnizé. Até aí nada de mais, não será a primeira nem a última pessoa do mundo a ter um garnizé como pet.

Um compadre meu, muitos anos atrás, ao passear com os filhos pequenos em uma feira, se viu presenteado assim do nada com dois pintinhos cor- de-rosa anilina.
A primeira reação foi típica de qualquer pai ou mãe já prevendo quem iria tomar conta do presente de grego. Mas criança é criança, depois de algumas caras de muxoxo e brotar
de lágrimas, acompanhados do tradicional “eu quero, eu quero”, lá se vai para casa com os dois projetos de frango, caprichosamente acondicionados em saquinhos de papel marrom.

No trajeto de volta ao lar, as recomendações de praxe: “Olha o combinado, os pintinhos são de vocês, vocês é que vão tomar conta. Dar água, comida, vigiar para o gato não pegar, cuidar da porta para que não fujam. Olha o combinado. Se depender de mim ou de sua mãe, eles vão embora no outro dia!”. Os acenos afirmativos e os sorrisos de alegria comoveriam o mais frio dos seres humanos. Pai e mãe com sensação de felicidade compartilhada.

Aos poucos os pintinhos vão emplumando, criando tipo. Já não se torna mais necessário manter luz de abajur acesa sobre eles para aquecê-los durante a noite. A própria caixinha de sapatos forrada com folhas de jornal já é pequena para mantê-los presos. É só dar um pulinho e ganhar o mundo.

A essa altura as crianças já perderam o entusiasmo inicial, e todo dia tem um pé de briga:
— Já deu comida para os pintinhos?
— E a água? Cadê a água, vocês estão achando que pintinho é camelo? Tem que ter água limpa pra eles sempre!

Passam-se os dias, os bichos crescem, as crianças abandonam, pais cuidam. Um morre, poucos notam. O sobrevivente, de um dia para o outro, se transforma em adulto, forte, criado e barulhento garnizé.
O sonho inicial de criar uma galinha poedeira, ovo fresquinho toda manhã, é abruptamente substituído por um atrevido e desregulado galinho.

O bicho, como é de sua natureza, é um mestre desafinado do cantar o tempo todo. Não tem hora nem lugar. Dia e noite a esganiçar acordes de dar dor de cabeça em prego.
Essa ladainha durou pouco.

Certa noite, a cantoria foi tanta que meu compadre se viu a levantar de madrugada e trancar o galinho dentro de um armário até amanhecer.
Ao sair para trabalhar naquela manhã, levou-o junto e de presente foi dado para o primeiro que encontrou no caminho. Nem as crianças, nem ninguém deram falta dele até hoje.

E há dois dias nos vemos às voltas com um cantador sem ritmo. O bicho, característica da raça, canta o dia inteiro sem parar. Se resolver botar atenção ninguém nem trabalha direito, o emplumado tira atenção até de monge budista. Vamos ver quanto tempo vai durar a paciência dos donos dele.

Quanto a nós, ah! que vontade de colocar o cantador na panela, mas é garnizé e não daria nem um caldo.