domingo, novembro 29

Tenho sede


Fotografia: Campo de refugiados. Tanzania, 1994. Sebastião Salgado


E não é que acharam cem litros de água na lua? Espantoso. Porém, enquanto lá no cosmo, sem alarde, ruído ou consulta prévia a poetas e dragões, sonda espacial recheada de caríssima tecnologia se espatifava em solo lunar, para desalento de trovadores e afins, na busca de poça d’água, aqui embaixo, mais de um bilhão de pessoas passam sede ou não têm acesso a água potável.
No Brasil cerca de 600 mil pessoas estão sedentas, sofrendo a quase total escassez do precioso líquido, isso só no sertão do Piauí.

Um artigo publicado no “L’Osservatore Romano”, tempos atrás, trazia em manchete "A sede mata filhos da África”: “Na África, morre uma criança a cada quinze segundos, porque não tem acesso à água potável", rugia o diário da Santa Sé.

No ano passado uma ONG belga e a Cruz Vermelha conseguiram arrecadar 3,3 milhões de euros e ainda ganhar dois Leões de ouro, um de prata e um Titanium Intregated em Cannes com campanha usando o mesmo clamor do jornal católico.
Produziram um filme dramático, "Thirsty Black Boy". Não viu? Ainda há tempo, pois está no Youtube onde pode ser encontrado sob o título "Black Boy Wanting Water".

O filme parte do constatado fato de que todo apresentador de televisão aparece sempre com um copo d`água ao seu lado. Durante vários dias o misterioso vídeo, que não estava ainda assinado, mostrava um garoto negro invadindo rapidamente e sem cerimônia, ao vivo, estúdios de emissoras de TV de todo o país. Agarrava e bebia vorazmente aqueles copos e, sem dizer palavra, saia correndo. Os entrevistados, que não sabiam de nada, olhavam atônitos e visivelmente nervosos a ação do garoto, apenas observam-no.

Pois bem, esta louvável e muito bem produzida criação arrecadou como já disse 3.3 milhões de euros para combater ou amenizar o sofrimento dos filhos da África.
Muito mais tem que ser feito. Ações isoladas ajudam, mas não resolvem. Não basta ver ou ler sobre campos de refugiados em Gaza, na Cisjordânia ou, voltando ao continente africano, onde está o maior campo de refugiados do mundo, em Daddab no Quênia, onde segundo a ONU se amontoam 270 mil almas. E a cada quinze segundos, se vai uma criança, de sede.

Criticar acúmulo de riquezas da Santa Madre Igreja ou os exorbitantes milhões de dólares gastos com mais esta expedição da NASA para encontrar água em nossa vizinha celeste é, me perdoem o sarcasmo, chover no molhado. O mundo também tem sede de ações globais e permanentes.
Recursos existem, só precisam ser aplicados nos lugares certos ao tempo e à hora. Quanto dá isso em segundos?

Um pouco de bom senso e verdadeiro amor ao próximo seriam suficientes para, se não acabar, pelo menos começar de fato a resolver o problema de tantos espalhados pelo mundo. O foco deve estar errado, é como tentar resolver o problema do outro sem ter arrumado a própria casa.

Bordão eu sei, mas nós só temos um planeta terra, um único e solitário lar em meio a bilhões de outras terras inatingíveis, pelo menos por enquanto. Não varrer calçada com mangueira, escovar os dentes com a torneira fechada e segundo sugestão recente, até fazer xixi no chuveiro durante o banho.

Um bom começo, pois a se continuar como está não teremos apenas uma África sedenta, mas em breve um planeta inteiro, seco, rajado em pó/poeira, e só. Mas na lua encontraram cem inacessíveis litros de água e aqui, a cada quinze segundos, morre uma criança, de sede.




Publicado no Ponto de Vista do Jornal Correio em 29 de
novembro 2009

sexta-feira, novembro 27

Ação Moradia



Mais Informações www.acaomoradia.org.br

Alfreeedoooooo

A propaganda da marca de papel higiênico Neve veiculada nesta quinta-feira em rádios de várias capitais do País usa o bom humor ao fazer referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A peça publicitária utiliza a voz de um imitador do presidente Lula e brinca com a sonoridade da palavra "pack" para divulgar o novo pacote da marca, com 16 rolos de papel higiênico.


Super criação da DPZ

Pessoalmente acho que a ministra está a cara do Michael Jackson na imagem de abertura do áudio

quinta-feira, novembro 26

Aventura

Aventura ou teste de sobrevivência [ponto de interrogação]

Ontem fomos experimentar os sanduiches do recém-inaugurado "Crazy Dog"[ponto]
O Chopp é ótimo [ponto]
Não me pega fácil mais não, talvez a garotada goste [ponto] Paladar não é exatamente o forte deles, as companhias sim. Sugiro que fiquem no Açai [ponto final]

quarta-feira, novembro 25

terça-feira, novembro 24

BlueSesc

O SESC UBERLÂNDIA convida você para o evento BlueSesc que será realizado dia 25 de novembro de 2009 no London Pub, com participação das bandas: BR Blues Band (Uberlândia)e Blues Etílicos(Rio de Janeiro)

Clique no convite para detalhes

Unimed Londrina

Repasso e repassaria mil vezes, façam o mesmo!

"Eu não poderia deixar de colocar aqui no blog este vídeo que mostra algumas das injustiças que não deveriam acontecer mais nesse nosso país. Assista:"



Caros amigos,

A UNIMED LONDRINA está negando pagar a continuação da minha quimioterapia.
Se quiserem me ajudar, por favor, envie mensagem para faleconosco@unimedlondrina.com.br
com o seguinte texto:

"Minha indignação com o não pagamento da quimioterapia de Ana Maria Camin de Menezes, pouca ética, pouco respeito."

Também, se quiser acessar meu depoimento no YOUTUBE, deixar comentários e encaminhar para o máximo de pessoas possível, eu agradeço de coração.
http://www.youtube.com/watch?v=cJi8a5BrjA8
Ana Maria Menezes

Não deixe de enviar o seu e-mail! Temos que lutar pelos nossos direitos sempre! Vamos fazer um país mais justo!

Nem tudo é

De Vinícius Lemos via twitter @vlemos. Compartilho.

Pontos cardeais

Sempre muito me chamou atenção, principalmente em filmes, a facilidade com que os americanos, em particular os policiais, se referem aos pontos cardeais. Se alguém pede uma informação logo vem algo do tipo: você segue a oeste cinco ruas, depois vira para leste na rodovia principal, anda mais algumas milhas, só eles usam as excludentes milhas, depois retorna noroeste mais algumas quadras.

Dúvidas pairam se tudo isso é real ou mais um engodo hollywoodiano.
Mesmo tendo morado muito tempo nos Estados Unidos, no gelado estado de Michigan e carregando o fardo de uma dupla cidadania, puxo da memória e não me lembro desses termos sendo usados rotineiramente.

Tá certo, a maioria das ruas de lá trazem em seus nomes a direção geográfica da via de acesso, coisas do tipo East Jefferson Ave, ou W Davidson St. Mas logicamente não são todas. Penso cá com meus botões, será que os irmãos e primos do norte já nascem com bússola na cabeça? Sabem mesmo onde fica o norte, o sul, o leste e o oeste? Será mesmo que aqueles que se orgulham de terem sido escoteiros ou Boy Scouts of America (BSA), dominam com total desenvoltura as direções? Eu mesmo só cheguei a Cub Scout ou Lobinho e nem ao tradicional canivete suíço Victor Inox tive direito.

Bom, no cinema pode-se garantir que sim. Basta o mocinho e a mocinha se perderem em densa, escura e labiríntica mata de pinheiros para que, num só lamber e erguer de dedo ao vento, venha a famosa frase: - vamos, o leste é para lá. Não dá outra, passadas algumas suadas horas cheias de tropeços e quedas - da mocinha - de olhares de desaprovação - do mocinho - de uma ou outra carreira de urso pardo que em pé ataca gritando escandalosamente. Sem contar o ataque de praxe de lobos bravios que é normalmente enxotada, pelo valente mocinho, com um singelo pedacinho de pau. Acabou não: chega a hora das inevitáveis e carimbadas corredeiras de rios bravios, onde sempre aparece um providencial tronco caído para servir de ponte. Chegando-se enfim a conhecido velho posto de gasolina, habitualmente deserto e no qual, claro, ou o telefone não funciona, seja por falta de moedas ou porque a telefonista - claro - se recusa a fazer ligação a cobrar. Bom, aí já é outra história e continuação de filme. Mas finalmente acham o tal leste. Ufa!

Parece mesmo é que por lá essa de citar pontos cardeais é uma coisa tão mecânica quanto para nós aqui um - Sobe a Rondon até a Rio Grande do Sul e vira á esquerda!

Mesmo em Brasília você acretida mesmo que candangos de outrora e brasilienses atuais, que com uma facilidade gringa nos mandam de uma Asa Sul a uma W3 norte, sabem em que ponto nasce e se põe o sol? Sabem pelo mesmo separar o oriente do ocidente, assim na lata?

Tenho comigo que, a maioria de nós aqui consegue no máximo identificar no mapa do Brasil o norte e o sul e quase sempre com base em times de futebol ou em catástrofes climáticas. Até com as estações do ano fazemos confusões. Não raro ouço que inverno é tempo de chuva e isso sustentado pelo termo “invernada” que, segundo o Aurélio, não está totalmente errado, ainda que, do lado de cá do planeta, o inverno seja mesmo tempo de estiagem braba.

Imagino que a maioria dos humanos age mesmo é como aves migratórias,indo de um ponto ao outro, pouco ligando para a rosa dos ventos. O importante mesmo é chegar, não perder o rumo. Nunca perder o norte da vida, mesmo que se marche para o sul.




um dia de 2009
Publicado no site literário Anjos de Prata

E no Jornal Correio - AQUI

Dona Joana - Férias

terça-feira, novembro 17

Belo Horizonte

Piada Premiada

Recebi de um de meus cunhados genial piada sobre los hermanos. Não poderia nunca deixar de compartilhar.

Barak Obama e Gordon Brown estão num jantar na Casa Branca.

Um dos convidados aproxima-se deles e pergunta-lhes:

- De que é que estão conversando de forma tão animada?
- Estamos fazendo planos para a terceira Guerra Mundial, diz Obama.
- Uau!', exclama o convidado. E quais são esses planos?
- Vamos matar 14 milhões de argentinos e um dentista, responde Obama.

O convidado parece confuso e pergunta:

- Um.... dentista? Por que é que vão matar um dentista?

Brown dá uma palmada nas costas de Obama e exclama:
- Não te disse? Ninguém vai perguntar pelos argentinos!

segunda-feira, novembro 16

Prosas

Prosa embolada. Tudo de uma só vez sem tropeçar.

Grupo Galpão


Grupo Galpão veio e eu perdi. Trouxe Till, a saga de um herói torto .
Cansaço e muito calor, afinei.
Bia foi e adorou. Se arrependimento pagasse imposto, eu estaria no carnê-leão. Dancei.

domingo, novembro 15

Lindo dia II

Outro lindo dia. Igualzinho ontem. Adoro fim de semana.
Parcial do trampo na grama. Quase quatro horas e não dei conta de terminar tudo - expressão adotada, já me tornei felizmente, meio da terra. Falta rastelar parte, cortar mais um pouco. A horta comecei. Poucas enxadadas, a sede apertou, o calor abusivo, fui para o depois.
Fica para hoje: horta e quintal. Começo daqui a pouquinho. Depois... outro depois! Ninguém é de ferro.

Clica nas fotos, elas aumentam.





Olha o viço dessa grama amendoim.
Bendita seja a temporada das águas!

sábado, novembro 14

Lindo dia

Dia de sol, céu azul. Vou cortar grama e capinar horta.
Depois, bom depois: cerveja, muita prosa e água.

sexta-feira, novembro 13

Tanajura

Corre tanajura arrasta folha e cria toca
chuva grossa avizinha
Corre tanajura foge de bem-ti-vi
põe logo ovos a choca

Deixa de lado caso de cigarra e não filosofa
senão tanajura, em mãos de crianças como fui
não pensaria duas vezes em ti
virava rapidinho deliciosa suculenta farofa!




Fotos de hoje bem cedinho, mania de andar olhando para o chão e para o céu ao mesmo tempo. Medo de perder parte de vida? Sei não, sei não...


Clica nas fotos, a pequena tanjura vira Godzilla de tão grande



quinta-feira, novembro 12

quarta-feira, novembro 11

Nostradamus tupiniquim?

Recebi de Júlio.

"...livro de Monteiro Lobato, escrito nos anos 20: "O Presidente Negro" (dos EUA...). Vejam sua previsão que pode ser a TV e a internet...."


Clique nas imagens para ler o texto





Convite

Essa tal Proclamação da República

A República foi proclamada em 15 de novembro de 1889. Porém, você sabe o que aconteceu meses antes do fim do Império? Com linguagem irreverente, o autor revela os fatos que antecederam a expulsão de dom Pedro II e da família imperial – como a ascensão da cafeicultura, a promulgação da Lei Áurea, a Guerra do Paraguai, o baile da Ilha Fiscal, a briga entre a maçonaria e a Igreja Católica, a revolta dos militares –, apresenta os personagens que participaram da queda da Monarquia, faz um panorama da sociedade brasileira do século XIX e conta a história dos hinos e da bandeira nacional.

Trecho

“Nem é preciso ter ido à escola para saber que Cristóvão Colombo colocou o ovo em pé, Pedro Álvares Cabral descobriu o que não estava coberto, dom João VI trouxe a turma toda para viver na colônia de férias tropical, e seu filho, dom Pedro I, disse ao povo que ficaria. E ficou. Por isso, quando resolvi escrever sobre a Proclamação da República, logo imaginei que todo mundo aqui – levanta a mão! – já tivesse ouvido algo sobre o assunto. Ainda que seja somente porque dia 15 de novembro é feriado e não tem aula (êêêêêêêêêêêêê!). Este não é um livro de História, com H maiúsculo. É um livro de histórias, todas minúsculas. Mas a soma delas irá ajudar a compreender um pedacinho da História do Brasil. Por isso convido-o, amigo leitor, a me acompanhar nas páginas que vêm por aí. Será uma verdadeira viagem ao século XIX, quando não existia internet, televisão, rock-and-roll, nem o seu avô.”

O autor

Edison Veiga nasceu três vezes. A primeira, pra valer mesmo, foi em 1984 na bonita cidade de Taquarituba (SP). Mais tarde, em 2002, na acolhedora Bauru (SP), para onde se mudou a fim de estudar na Universidade Estadual Paulista (Unesp). Menos de quatro anos depois, foi adotado pela metrópole e virou paulistano. Jornalista – e aprendiz de escritor – desde a adolescência, faturou alguns prêmios literários e publicou seu primeiro livro (Enigma, de poemas), aos 15 anos. Gosta de aquários e estantes de livros. Atualmente trabalha no jornal O Estado de S. Paulo e escreve birutices em www.cronopolitano.blogspot.com.

Lançamento

Dia 17/11, às 19h, na Livraria da Vila (Rua Fradique Coutinho, 915, Vila Madalena) - ver arquivo em anexo

Mais informações AQUI
Para comprar on-line clique AQUI

Embarcação

Teve uma vida maravilhosa, uma família linda e equilibrada. Claro, problemas normais de uma existência sempre apareciam; aconteceram brigas, discussões, caras feias, maus humores. Mas sempre acabava bem, entre lágrimas e sorrisos sempre se amaram. Passou aperto de dinheiro, salário muitas vezes mal chegava ao fim do mês. Dava-se um jeito. Algumas doenças entre entes queridos, chorou a perda de amigos e parentes, passou por tudo que todos passam, pelo muito que a vida nos reserva de bom e de ruim. No seu balancete, muito mais coisas boas do que ruins. Num campeonato de desgraças, caso existisse nunca estaria no G4, sempre, para sua felicidade, pendurado na zona de rebaixamento.

Filhos criados, netos ao redor, realizado profissionalmente. Poucos, mas bons amigos, era feliz. Não praticava nenhuma religião específica, acolhia o que de bom cada uma oferecia. Da umbanda ao judaísmo, passando pelo budismo, lia muito Kardec. Sabia os salmos de cor. Era ouvinte atento da Mishná. Respeitava e reverenciava todas as coisas vivas, a vida em seu entorno era uma eterna contemplação.

Conhecia o canto de cada pássaro, os nomes das árvores, o gosto dos frutos. Pelo vento sabia se ia chover ou fazer frio, lia com fluência os sinais da natureza. Emburrava com a mesma facilidade que retomava o bom humor, era difícil e ao mesmo tempo fácil conviver com ele, apesar da ciclotimidade, era uma pessoa totalmente do bem. Não havia por que temer a morte, para ele uma simples passagem, uma ida à esquina, um natural ir.

Fizera alguns pedidos para quando sua hora chegasse: que seus órgãos fossem doados, que os verdadeiros amigos o “bebessem” em festa e queria ser cremado. Era só tocar no assunto que mudavam o rumo da prosa. Evitavam o certo?

Passou dessa para melhor dormindo, sem um dia sequer de doença ou hospitalização, literalmente morreu como um passarinho, e não foi de estilingada. Seus órgãos doados sem maiores transtornos. Decidiram em relação ao traslado do corpo que seria encaminhado para cidade onde houvesse crematório e de lá suas cinzas seriam recambiadas para sua família, para a cerimônia fúnebre.

Cremado foi, recolhidas as cinzas e aí, caros leitores, começa o verdadeiro martírio. Para trazer as cinzas foi contratada via internet, facilidades cibernéticas oferecidas em lindos sites, uma funerária com o sugestivo nome de “Embarcação” cujo lema era:
— Partiu dessa? Nós embarcamos!
O pote de cerâmica marajoara com as cinzas foi devidamente recolhido no local combinado e, segundo a empresa, seria entregue à família no dia seguinte. Amanheceu, passou o tempo e nada. Preocupados ligaram para a tal Embarcação, onde uma secretária pouco hábil apenas justificou que ocorrera erro de endereço e as cinzas foram parar em outra cidade, longe do destino final, mas que naquele dia mesmo já estariam no caminho certo e que aqui aportariam em segurança. O morto virara encomenda, estava em pé de igualdade com simples lajotas ou caixas de ramonas. Sexta passa e nada. Agora não adiantava ligar, a Embarcação não funciona nos fins de semana.

A segunda aflita custa a chegar e com ela, depois de longo périplo e atraso, enfim, o bom pó ao lar retorna. Viajou mais em cinzas do que em vida. E assim, fez-se o último de seus pedidos. Em festa, um mar de gente, era mais querido do que imaginara, bebeu o morto por sete dias e sete noites.
Da próxima vez, se houver, usarão sedex ou carta registrada, é mais seguro garanto. E ele, descansou em paz.






Publicado Ponto de Vista, Jornal Correio em 11/11/09

segunda-feira, novembro 9

DES (fio)


Dias 14 e 15 de novembro Uai q dança cia estréia DES (fio): uma reflexão sobre o tempo, inspirada nas tecedeiras do Centro de Tecelagens aqui de Uberlândia.

Abre essa estréia um trabalho que está no repertório da uai q dança há 14 anos: O SABOR DE UMA LARANJA. Com os bailarinos: Jean Frederick e Eugênia Granha. Coreografia de Armando Duarte.

Atenção para a mudança de horário no domingo dia 15/11: 18H30. Assim dá tempo de todos irmos assistir o Galpão às 20h no SESC.


domingo, novembro 8

Shimbalaiê

Desisto

Desisto, entrego os pontos. Não escrevo mais amenidades, crônicas do cotidiano onde buscava sempre o belo, o engraçado, o entretenimento. O alegrar, o arrancar risada, mas sempre levando a alguma reflexão sobre o passar das horas da vida de quem por acaso as lia. Pelo visto, sentido e observado, não anda fazendo bem ser bem-humorado e tentar dividir observações, digamos, inúteis.

Àqueles que muitas e muitas vezes me escreveram, telefonaram ou quando me encontravam, sorrindo compartilhavam alegres de minha forma de registrar a história, peço desculpas. Aos resolvidos, sem perderem a lucidez, o senso crítico e sensibilidade, peço penico, me rendo.

Acho que chegou a hora de, como o quibe, me tornar ácido. Joguei o chapéu, a toalha e o boné. Parei de brincar. Estou de “altas”. Termo é de minha infância em Belo Horizonte. Pedir “altas” era solicitar para dar uma paradinha no pique-pega, na queimada, na bentialtas, esse um quase bete daqui, só que com casinha de vareta e bola de meia. Nada de taco e bola de tênis, a versão tupiniquim do beisebol.

As pessoas andam ávidas por más notícias, por tragédias, por tristezas. Escondem ou descontam nos acontecimentos o seu próprio sofrer, sua própria indignação e revolta com o que a vida anda a lhes oferecer. Uma forma de compensação, vingança ou triunfo sobre suas existências. Ninguém mais quer rir de si mesmo, nem buscar nas paisagens de seu cotidiano o céu azul, o ipê florido ou a criança sorrindo inocente. É mais fácil e confortante/compensador ver o funesto, o triste.

Acompanhar as estatísticas dos acidentes e mortes nas estradas em decorrência dos fins de semana prolongados, a contagem de crimes violentos, os assassinatos em nossos bairros, à nossa porta. Ninguém quer mais o próprio sofrimento e angústias, preferem a dor e o desconforto alheio.

Mas, mesmo assim, ainda me espanto. Um pouco precocemente as festas de fim de ano já se anunciam, e assim, em breve, bem hipocritamente, todos passam a se fazer de felizes e desejar tudo de bom ao próximo. Falsa felicidade, placebo para angústias das vidas. Não se iludam, passado o Réveillon, com o chegar das contas e faturas do cartão de crédito, usado na euforia de um comprar ser feliz, as faces novamente se fecham e novamente passamos a concentrar nossas atenções nas más notícias sazonais. Pois aberta estará a temporada de dengue, enchentes, quedas de barreiras, troca de presentes defeituosos, intoxicações alimentares.

É isso, estou de altas. Pode ser que volte ao normal. Mas hoje não estou para festa de debutante.
Afinal, como disse o caipira mineiro da velha piada, quando perguntado se gostava de nudez: Uai, é claro que gosto! "Nudeis” é melhor do que nosso uai.”
Até mais ver. Volto a qualquer momento em edição extraordinária, caso avião caia na mata, ou no bairro da periferia acontecer outro acerto de contas entre traficantes ou mais, um político corrupto for filmado recebendo suborno. Ou, quem sabe, um laboratório farmacêutico superfature medicamentos para o SUS, um gato coma carne em açougue de supermercado que adultera data de validade de tortas de camarão ou, ainda, a nova gripe venha fazer novas vítimas. E morreu Levy-Strauss.

Plagio o poeta em seu "Dia da Criação": E hoje não é sábado. Nenhuma mulher virou homem, mas há uma tensão inusitada. Nenhum sedutor tombou morto. E mesmo havendo um renovar-se de esperanças, eu me torno, só hoje, em um grande espírito de porco.





[Publicado em Ponto de Vista, Jornal Correio de Uberlândia em 08/11/2009]
Veja AQUI

quarta-feira, novembro 4

Cinema francês

O SESC, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, com a DICULT/UFU e a Embaixada da França no Brasil, convida você para a Mostra do Cinema Francês Contenporâneo que acontecerá de 04 a 11 de novembro, no Teatro de Bolso do Mercado Municipal, às 19h30.
Clique no cartaz abaixo para visualizar a programação

Lévi-Strauss

Morre aos 100 anos o antropólogo Lévi-Strauss
Daniela Fernandes
De Paris para a BBC Brasil

O antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, que conviveu com tribos indígenas do Mato Grosso e da Amazônia, faleceu na madrugada do último domingo aos 100 anos de idade, informou nesta terça-feira um porta-voz da Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais de Paris.
[Leia mais aqui]

domingo, novembro 1