Sempre muito me chamou atenção, principalmente em filmes, a facilidade com que os americanos, em particular os policiais, se referem aos pontos cardeais. Se alguém pede uma informação logo vem algo do tipo: você segue a oeste cinco ruas, depois vira para leste na rodovia principal, anda mais algumas milhas, só eles usam as excludentes milhas, depois retorna noroeste mais algumas quadras.
Dúvidas pairam se tudo isso é real ou mais um engodo hollywoodiano.
Mesmo tendo morado muito tempo nos Estados Unidos, no gelado estado de Michigan e carregando o fardo de uma dupla cidadania, puxo da memória e não me lembro desses termos sendo usados rotineiramente.
Tá certo, a maioria das ruas de lá trazem em seus nomes a direção geográfica da via de acesso, coisas do tipo East Jefferson Ave, ou W Davidson St. Mas logicamente não são todas. Penso cá com meus botões, será que os irmãos e primos do norte já nascem com bússola na cabeça? Sabem mesmo onde fica o norte, o sul, o leste e o oeste? Será mesmo que aqueles que se orgulham de terem sido escoteiros ou Boy Scouts of America (BSA), dominam com total desenvoltura as direções? Eu mesmo só cheguei a Cub Scout ou Lobinho e nem ao tradicional canivete suíço Victor Inox tive direito.
Bom, no cinema pode-se garantir que sim. Basta o mocinho e a mocinha se perderem em densa, escura e labiríntica mata de pinheiros para que, num só lamber e erguer de dedo ao vento, venha a famosa frase: - vamos, o leste é para lá. Não dá outra, passadas algumas suadas horas cheias de tropeços e quedas - da mocinha - de olhares de desaprovação - do mocinho - de uma ou outra carreira de urso pardo que em pé ataca gritando escandalosamente. Sem contar o ataque de praxe de lobos bravios que é normalmente enxotada, pelo valente mocinho, com um singelo pedacinho de pau. Acabou não: chega a hora das inevitáveis e carimbadas corredeiras de rios bravios, onde sempre aparece um providencial tronco caído para servir de ponte. Chegando-se enfim a conhecido velho posto de gasolina, habitualmente deserto e no qual, claro, ou o telefone não funciona, seja por falta de moedas ou porque a telefonista - claro - se recusa a fazer ligação a cobrar. Bom, aí já é outra história e continuação de filme. Mas finalmente acham o tal leste. Ufa!
Parece mesmo é que por lá essa de citar pontos cardeais é uma coisa tão mecânica quanto para nós aqui um - Sobe a Rondon até a Rio Grande do Sul e vira á esquerda!
Mesmo em Brasília você acretida mesmo que candangos de outrora e brasilienses atuais, que com uma facilidade gringa nos mandam de uma Asa Sul a uma W3 norte, sabem em que ponto nasce e se põe o sol? Sabem pelo mesmo separar o oriente do ocidente, assim na lata?
Tenho comigo que, a maioria de nós aqui consegue no máximo identificar no mapa do Brasil o norte e o sul e quase sempre com base em times de futebol ou em catástrofes climáticas. Até com as estações do ano fazemos confusões. Não raro ouço que inverno é tempo de chuva e isso sustentado pelo termo “invernada” que, segundo o Aurélio, não está totalmente errado, ainda que, do lado de cá do planeta, o inverno seja mesmo tempo de estiagem braba.
Imagino que a maioria dos humanos age mesmo é como aves migratórias,indo de um ponto ao outro, pouco ligando para a rosa dos ventos. O importante mesmo é chegar, não perder o rumo. Nunca perder o norte da vida, mesmo que se marche para o sul.
Dúvidas pairam se tudo isso é real ou mais um engodo hollywoodiano.
Mesmo tendo morado muito tempo nos Estados Unidos, no gelado estado de Michigan e carregando o fardo de uma dupla cidadania, puxo da memória e não me lembro desses termos sendo usados rotineiramente.
Tá certo, a maioria das ruas de lá trazem em seus nomes a direção geográfica da via de acesso, coisas do tipo East Jefferson Ave, ou W Davidson St. Mas logicamente não são todas. Penso cá com meus botões, será que os irmãos e primos do norte já nascem com bússola na cabeça? Sabem mesmo onde fica o norte, o sul, o leste e o oeste? Será mesmo que aqueles que se orgulham de terem sido escoteiros ou Boy Scouts of America (BSA), dominam com total desenvoltura as direções? Eu mesmo só cheguei a Cub Scout ou Lobinho e nem ao tradicional canivete suíço Victor Inox tive direito.
Bom, no cinema pode-se garantir que sim. Basta o mocinho e a mocinha se perderem em densa, escura e labiríntica mata de pinheiros para que, num só lamber e erguer de dedo ao vento, venha a famosa frase: - vamos, o leste é para lá. Não dá outra, passadas algumas suadas horas cheias de tropeços e quedas - da mocinha - de olhares de desaprovação - do mocinho - de uma ou outra carreira de urso pardo que em pé ataca gritando escandalosamente. Sem contar o ataque de praxe de lobos bravios que é normalmente enxotada, pelo valente mocinho, com um singelo pedacinho de pau. Acabou não: chega a hora das inevitáveis e carimbadas corredeiras de rios bravios, onde sempre aparece um providencial tronco caído para servir de ponte. Chegando-se enfim a conhecido velho posto de gasolina, habitualmente deserto e no qual, claro, ou o telefone não funciona, seja por falta de moedas ou porque a telefonista - claro - se recusa a fazer ligação a cobrar. Bom, aí já é outra história e continuação de filme. Mas finalmente acham o tal leste. Ufa!
Parece mesmo é que por lá essa de citar pontos cardeais é uma coisa tão mecânica quanto para nós aqui um - Sobe a Rondon até a Rio Grande do Sul e vira á esquerda!
Mesmo em Brasília você acretida mesmo que candangos de outrora e brasilienses atuais, que com uma facilidade gringa nos mandam de uma Asa Sul a uma W3 norte, sabem em que ponto nasce e se põe o sol? Sabem pelo mesmo separar o oriente do ocidente, assim na lata?
Tenho comigo que, a maioria de nós aqui consegue no máximo identificar no mapa do Brasil o norte e o sul e quase sempre com base em times de futebol ou em catástrofes climáticas. Até com as estações do ano fazemos confusões. Não raro ouço que inverno é tempo de chuva e isso sustentado pelo termo “invernada” que, segundo o Aurélio, não está totalmente errado, ainda que, do lado de cá do planeta, o inverno seja mesmo tempo de estiagem braba.
Imagino que a maioria dos humanos age mesmo é como aves migratórias,indo de um ponto ao outro, pouco ligando para a rosa dos ventos. O importante mesmo é chegar, não perder o rumo. Nunca perder o norte da vida, mesmo que se marche para o sul.
um dia de 2009
Publicado no site literário Anjos de Prata
E no Jornal Correio - AQUI
2 comentários:
Olá William,
essa é a primeira ou segunda vez que você publica esse post no blog?
Estou com a impressão de já o ter lido, o que não seria nada ruim já que o texto é muito interessante.
Ou será que acabo de ter um "déjà vu"?
Um abraço e bom dia.
Oi Maria
Aqui no Blog foi a primeira vez. Nos Anjos de Prata saiu em outubro se não me engano. Mas se vc leu duas vezes fico duplamente feliz
Ótimo dia
Postar um comentário