quinta-feira, março 13

Ode à desilusão

Sei que não é e nem passa perto de minha praia, se é que alguma tenho, esta forma de construção poética, aliás nem sei se correta é.
Mas o gostoso da alquimia ou da culinária literária é a degustação.

Conto: uma semana de Guardador de Rebanhos de Fernando Pessoa ou Alberto Caeiro se lhe apraz, anoitece mineirice de qualquer um. Claro que este céu sem estrelas ou lua dura a força de curto eclipse, não me pega por muito tempo.

Sou mais o sorriso o humor matuto, matreiro, a boa cachaça com torresmo, a risada solta, a viola caipira, a boa moda em melhor e mais animada roda.
Mas ai está, é tira-gosto com tempero diferente, experimentação.
Pois assim me contem, se é que convém...
Boto reparo e assim descrevo, o escrito acima como muda de planta nova, daqui a um cadinho também vira prosa.


Mas agora sou cowboy
Sou do ouro, eu sou vocês
Sou do mundo, sou Minas Gerais

(Lo Borges)


Ode à desilusão

Quanto rancor, ódio ou desdém
o que te afasta tão repentinamente assim
se mal não fiz, posto que também nenhum bem
serão lembranças assim tão torpes de mim?

Quanto desdém, rancor ou ódio insano
minh'alma lamenta em prantos tal distância, tamanha displicência
qual teria sido o terrível engano
carrega assim a há tanto,vem assim de tão longe de remota e tenra adolescência?

Quanto ódio, desdém ou rancor
meu coração mesmo assim em serena paz descansa
sentimento por ti carinho, só amor
será que ainda resta no fundo ainda alguma cálida esperança?

Rancor, ódio ou desdém?
nenhum destes tão pequenos sentimentos a tão bela figura convém.





março-2008

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