(reedito, cabe hoje)
Queria eu ser um Neruda ou um Drummond ou um Fernando assim
em pessoa, quem sabe um Lorca, um Neruda, Vinicius de
Moraes.
Queria ser um Manoel que assim como outros Joões também
mestres de Barros, Cora Coralina, uma Adélia Prado.
Não! Queria ser Guimarães de tão Rosa, todo João, a
garimpar palavras nas águas escuras do Urucuia, nas
vertentes do Velho Chico. Lavando em bateia cada verso,
cada rima.
Se um deles fosse talvez uma declaração diferente aqui
poderia.
Mas não. Sou só eu, mineiro das alterosas formosas -
acabando, ruindo; se indo. Portanto ensimesmado, fechado,
tímido nas letras. Aprendiz.
Assim eu sendo fica aqui um simples mas tenro e puro olhar
de saudades, sem etiqueta, sem obrigações.
Musical.
Seja sempre assim: rara flor. Por favor lhe rogo.
Sempre viçosa, colorida sempre-viva, como as dos campos de
minha querida Serra do Cipó, essa acredito/espero, pela mão
do homem não vai nunca, jamais virar pó.
Viva-sempre meu amor.
Um beijo apaixonado.
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