Tomo banho também com sabonete, lavo os cabelos com shampoo com cheiro de frutas, não resisti e provei, o gosto é horrível.
Após o shampoo vem o condicionador, antes chamado de creme rinse, lembram? Na ducha mesmo faço barba e para tal uso creme específico para que as lâminas bem deslizem: a primeira faz “cham”, a segunda faz “chum”. Saio do banho, escovo os dentes com pasta dental tricolor, não sei o que representam aquelas cores: Fraternité, Egalité, Liberté, em bom francês poderia ser? A liberdade é azul.
Ia esquecendo, creme pós-barba,afinal ninguém é de ferro.
Um creme hidratante de rápida absorção, pois aqui é o cerrado e a umidade anda pela casa dos 12%. Saara, dizem.
Desodorante sem cheiro, e antes de me vestir um perfume.
Para a rua, não sem antes aplicar um protetor solar fator trinta pois o buraco na camada de ozônio não nos permite facilitar.
Alguém já parou para imaginar a quantidade e a variedade de produtos que foram usados apenas em uma manhã, num pós-despertar? Overodose química de procedências várias — claro, todos com a devida chancela da ANVISA, mas será que a mistura, a combinação já foi testada alguma vez?
Dizem que manga com leite, pepino com cachaça fazem mal, e aquilo tudo pode também?
Detalhe importante, as senhoras e senhoritas ainda acrescentam à sopa de cheiros e nomes, batons e maquiagens variadas. Céus.
Um coquetel molotov de moléculas e princípios ativos vários. Além das infinitas trilhas sonoras das propagandas, até que ponto nossa pele, essa que é o maior órgão do corpo humano, pode aguentar?
Será mesmo o céu o limite? Questão de química ou de saúde pública? Com a palavra, senhores dermatologistas. Deixa eu correr, a água do café já ferveu.
Publicado em Uberlândia hoje em 25 de outubro de 2017