Vários sabores. Emoções mil.
À nossa!
Saúde!

"Se for falar mal de mim me chame, sei coisas horríveis a meu respeito" (Clarice Lispector)
Chico Buarque
A gente faz hora, faz fila na vila do meio-dia
Pra ver Maria
A gente almoça e só se coça e se roça e só se vicia
A porta dela não tem tramela
A janela é sem gelosia
Nem desconfia
Ai, a primeira festa, a primeira festa, o primeiro amor
Na hora certa, a casa aberta, o pijama aberta, a família
A armadilha
A mesa posta de peixe, deixe um cheirinho da sua filha
Ela vive parada no sucesso do rádio de pilha
Que maravilha
Ai, o primeiro copo, o primeiro copo, o primeiro amor
Vê passar ela, como dança, balança, avança e recua
A gente sua
A roupa suja de cuja se lava no meio da rua
Despudorada, dada, à danada agrada andar seminua
E continua
Ai, a primeira dama, o primeiro drama, o primeiro amor
Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo
Que amava Juca que amava Dora que amava Carlos que amava Dora
Que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava
Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que amava
a filha que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha
Ainda tristonho em pequena gleba de chão pulsante, sem tão comuns ruídos/visões. Rosnados e latidos, olhares pidões, carinho no pescoço, lambidas na ponta dos pés.


Ontem, pouquinho antes da meia noite Laica se foi.
"No aeroporto o menino perguntou: - E se o avião tropicar num passarinho? O pai ficou torto e não respondeu. O menino perguntou de novo: - E se o avião tropicar num passarinho triste? A mãe teve ternuras e pensou: Será que os absurdos não são as maiores virtudes da poesia? Será que os despropósitos não são mais carregados de poesia do que o bom senso? Ao sair do sufoco o pai refletiu: Com certeza, a liberdade e a poesia a gente aprende com as crianças. E ficou sendo."
