Fim de tarde já cansado. Máquina fraquinha para fotos assim.
Mesmo desfocado o voo da curicaca capturei. Fica o registro
Eram três, pai mãe e filhote.
Outra hora volto lá
Essa abaixo não é minha, achei na web em Aves do Pantanal. Levando-se em conta que meu equipamento é para fotografar escorpião e outras coisas miúdas, até que me saí bem lá no alto.
"Se for falar mal de mim me chame, sei coisas horríveis a meu respeito" (Clarice Lispector)
terça-feira, março 31
segunda-feira, março 30
Olhar de Clarice
Sonho
Alegria
sexta-feira, março 27
Excomunhão
Vi no Marco Zero de Pablo. Não resisti e trouxe pra cá também.
Segunda publico texto que rabisquei sobre o assunto.
Segunda publico texto que rabisquei sobre o assunto.
Jurubeba
quinta-feira, março 26
Ora pois
Nada mais prazeroso do que o convívio com os amigos, os encontros, profusão de ideias casos, boas prosas. Em momento assim o compadre, padrinho de meu filho, foi quem contou essa história. Impossível não compartilhar dada a beleza poética, a sutileza nela contida. Sei bem o quanto um caso contado fica diferente do caso escrito. A sonoridade da narrativa, os tons e trejeitos são sempre imbatíveis e compõem a história lhe dando movimento e pontuando situações difíceis de serem expressas através da linguagem escrita. Mas mesmo assim resolvi arriscar um olho.
Aos lusitanos em geral e em particular àqueles que me são caros uma ressalva. O relato que aqui se faz não carece de pedido de desculpas, nada tem de crítica ou gozação a eles. É apenas uma forte constatação da objetividade linguística dos irmãos de além mar, um retrato de como são economicamente responsáveis e objetivos gramaticalmente.
Um exemplo: Minha irmã quanto em Portugal esteve, a um motorista de táxi perguntou quanto às margens do Tejo passava:
- Por favor, que rio é esse?
O taxista:
- Ora pois, este é um rio.
Achando que não havia se feito entender repetiu a pergunta. Obteve a mesma resposta e ainda recebeu um olhar mal-humorado.
O correto, o normal lá, veio a saber, seria perguntar: "Qual o nome desse rio?" A resposta viria de pronto e educadamente: "Este é o rio Tejo". Simples assim.
Para nós brasileiros raramente a distância mais curta entre dois pontos é uma reta. Para eles: sempre o é.
Vamos ao ocorrido.
Tempos atrás, em alguma pequena cidade de Portugal, alguns dizem que aconteceu em Setúbal outros garantem que ocorreu em Paços de Ferreira, alguns juram que tudo se deu junto a magnífica Serra da Estrela na pequena Covilhã. Cada um que conta muda a cidade, ninguém, na verdade ninguém quer assumir o episódio, mas estes são detalhes que não mudam o conteúdo nem diminuem o caso.
O fato é que em algum lugar haviam dois amigos dados ao prazeres dos vinhos e cervejas e que tinham por passatempo fazer incursões em velórios não se importando se conheciam ou não o falecido ou sua família.
Bastava os sinos dobrarem por um passamento e lá iam os dois, não sem antes darem uma paradinha em bodega mais próxima. Tasca esta diga-se de passagem sempre das mais de ponta da vila, onde para variar se embebedavam a falar com intimidade de um morto desconhecido, nunca visto.
Quis o destino certa feita, que um velório pegasse os dois amigos apartados, cada um em canto da cidade. Estavam, a mesas, copos e companhias de distância.
Não houve aperto. Calmamente cada um terminou a sua prosa e sua bebida para só então seguirem, um rua acima outro rua abaixo para a casa onde acontecia o velório.
Depois de algum tempo um adentra a sala repleta de gente circunspecta, séria como demandava a situação.
Já da porta avistou seu companheiro que havia chegado minutos antes.
Abriu caminho rumo ao amigo de velas e taças. Depois de vários esbarres, pedidos de desculpas silenciosos, sorrisos sem graças e murmúrios sem palavras, postou-se ao lado do afeiçoado, sussurrou bem perto de seu ouvido para não chamar atenção:
- Quem morreu?
O outro, sem mudar o semblante sério olhado de para o canto apontou disfarçadamente em direção ao féretro e de pronto respondeu, palavra única:
- Ele.
E pronto.
Publicado em Jornal Correio Veja AQUI
26/03/2009
Aos lusitanos em geral e em particular àqueles que me são caros uma ressalva. O relato que aqui se faz não carece de pedido de desculpas, nada tem de crítica ou gozação a eles. É apenas uma forte constatação da objetividade linguística dos irmãos de além mar, um retrato de como são economicamente responsáveis e objetivos gramaticalmente.
Um exemplo: Minha irmã quanto em Portugal esteve, a um motorista de táxi perguntou quanto às margens do Tejo passava:
- Por favor, que rio é esse?
O taxista:
- Ora pois, este é um rio.
Achando que não havia se feito entender repetiu a pergunta. Obteve a mesma resposta e ainda recebeu um olhar mal-humorado.
O correto, o normal lá, veio a saber, seria perguntar: "Qual o nome desse rio?" A resposta viria de pronto e educadamente: "Este é o rio Tejo". Simples assim.
Para nós brasileiros raramente a distância mais curta entre dois pontos é uma reta. Para eles: sempre o é.
Vamos ao ocorrido.
Tempos atrás, em alguma pequena cidade de Portugal, alguns dizem que aconteceu em Setúbal outros garantem que ocorreu em Paços de Ferreira, alguns juram que tudo se deu junto a magnífica Serra da Estrela na pequena Covilhã. Cada um que conta muda a cidade, ninguém, na verdade ninguém quer assumir o episódio, mas estes são detalhes que não mudam o conteúdo nem diminuem o caso.
O fato é que em algum lugar haviam dois amigos dados ao prazeres dos vinhos e cervejas e que tinham por passatempo fazer incursões em velórios não se importando se conheciam ou não o falecido ou sua família.
Bastava os sinos dobrarem por um passamento e lá iam os dois, não sem antes darem uma paradinha em bodega mais próxima. Tasca esta diga-se de passagem sempre das mais de ponta da vila, onde para variar se embebedavam a falar com intimidade de um morto desconhecido, nunca visto.
Quis o destino certa feita, que um velório pegasse os dois amigos apartados, cada um em canto da cidade. Estavam, a mesas, copos e companhias de distância.
Não houve aperto. Calmamente cada um terminou a sua prosa e sua bebida para só então seguirem, um rua acima outro rua abaixo para a casa onde acontecia o velório.
Depois de algum tempo um adentra a sala repleta de gente circunspecta, séria como demandava a situação.
Já da porta avistou seu companheiro que havia chegado minutos antes.
Abriu caminho rumo ao amigo de velas e taças. Depois de vários esbarres, pedidos de desculpas silenciosos, sorrisos sem graças e murmúrios sem palavras, postou-se ao lado do afeiçoado, sussurrou bem perto de seu ouvido para não chamar atenção:
- Quem morreu?
O outro, sem mudar o semblante sério olhado de para o canto apontou disfarçadamente em direção ao féretro e de pronto respondeu, palavra única:
- Ele.
E pronto.
Publicado em Jornal Correio Veja AQUI
26/03/2009
quarta-feira, março 25
Embarcador
terça-feira, março 24
Fé
No meio do nada ruída manifestação de fé não mais presente.
Os degraus em musgo, sem rastro, demonstram a presença rara ou nenhuma.
Uma única e solitária vela a queimar súplica.
Santuário simples, perdido entre ipês, aroeiras, cipós e passaredos
A bica d'água dizem, trás milagres.
Não acreditam mais neles. Água corre solta, ninguém mais aqui vem beber.
Eu bebi. Rezei e fiz pedidos possíveis. Santos em fila para receber.
Nem tão aflito, aguardo.
segunda-feira, março 23
Retorno
sábado, março 14
Nossos bichos
Conheça mais sobre o Laboratório de Animais Peçonhentos clicando AQUI
Veja um pouco de nossa atuação em ótima matéria sobre nosso trabalho no Jornal Correio de hoje 14/03 AQUI
Pablo Pacheco - Especial para o CORREIO
Fotos: Beto Oliveira - Jornal Correio
Veja um pouco de nossa atuação em ótima matéria sobre nosso trabalho no Jornal Correio de hoje 14/03 AQUI
Pablo Pacheco - Especial para o CORREIO
Fotos: Beto Oliveira - Jornal Correio
sexta-feira, março 13
quinta-feira, março 12
Escravo
Nada nesse mundo conseguia o prender, era livre leve e solto; assim escreveu Moreno, cantou Rita.
Sem amarras ou peias, mantinha sempre mala pronta. Era só bater vontade estranha que ganhava mundo.
Conhecia tudo, o tudo, era o tudo dele, que bastava, completava.
Subiu morro, quebrou mata no peito, passou atolado em barro de serra. Ilhado em maré alta, passou perdido em caranguejola e saveiro. Tubarões.
Voou. Atravessou o Atlântico. Conheceu miséria e fartura. Era totalmente livre. Era.
Dia veio, assim do nada apareceu dúvida. Encontrava-se em deserto pleno naquele momento. Não em deserto clássico, de filme; com dunas, sol causticante e areias dançantes ao morno vento. Nada disso. Estava naquele instante na mais movimentadas ruas do mundo. Monumental via de gente. Turba em serpentear sem fim.
Percebeu naquele segundo que estava andar por uma Babel horizontal, vida distante de Eufrates. Não entendia palavra sequer. Ninguém o olhava ninguém o via, ficara transparente, invisível.
Toda a sua autoconfiança e arrojo sumiram poros à fora. Suou em bicas frio de inverno glacial.
Procurava inutilmente apoio na multidão que o cercava calmamente ensandecida. Queria um gentil sorriso, um olhar úmido de sinceridade daquela gente eternamente mergulhada, cada um, em seus mais estranhos pensamentos: virgens parindo lindos bebes, religiosos pecaminosos. Adúlteros, assassinos. Bailarinos, cantores, domadores de feras em circos mambembes. Arqueólogos corajosos em tumbas de faraós. Anjos, santos bajuladores, astros de rock. Palhaços, super herói.
Parecia ouvir esta profusão de pensamentos enquanto procurava parede para se apoiar. O chão em fenda se abriu sob seus pés. Viu o céu e não viu nada.
Descobriu de súbito a falsa e efêmera liberdade que tanto alardeava. Como tantos e todos. Como todos na face desse capenga e envelhecido planeta, era escravo de si próprio.
Para tais grilhões, percebeu a duras penas, jamais haveria alforria. Correntes do mais puro e resistente material cósmico o mantinha prisioneiro, enjaulado em fina casca..
Percebeu que suas andanças agora, seriam em busca de sua manumissão.
Mudou o curso de sua existência. Voltou-se para dentro de si. Sensatamente rumou para o primeiro lugar a procurar liberdade perdida. Vivia seu Apocalipse pessoal. Sentiu medo. Desterro.
março - 2009
quarta-feira, março 11
terça-feira, março 10
Agenda Cultural
Hoje - 10/03
O Casamento da Dona Baratinha
Teatro Rondon Pacheco - 14h00 e 20h00
Rua Santos Dumont, 517
Fone: (34) 3235-9182
MPB com Geraldinho
Água Doce Cachaçaria - 20h30
Av. Francisco Galassi, 1140
Fone: (34) 3238-6605
Sertanejo com Junio Cesar & Fabiano
Carro de Boi - 20h30
Av. Rondon Pacheco, 3393
Fone: (34) 3231-3196
Pop, MPB e Bossa com Arnaldo Terra
Choperia Ilha do Sol - 20h30
Av. Rondon Pacheco, 1280
Fone: (34) 3235-9999
Fonte: CultBlog
Post Scriptum
Se eu fosse você, antes de sair de casa ligaria para confirmar, vai que muda a data, cancela o show...
segunda-feira, março 9
Bahiensis
sexta-feira, março 6
Presente
quinta-feira, março 5
Calor
quarta-feira, março 4
terça-feira, março 3
Terça
segunda-feira, março 2
Reconto um conto
Bárbaros
Praia lotada, sol a pino. Pouco se vê da faixa de areia. Um tapete multicolorido de guarda-sóis como uma plantação de cogumelos gigantes se esparrama em semicírculo sufocando a orla. O barulho infernal de rádios e toca fitas abafa o murmúrio delicado do vento e o infindável quebrar das ondas, que, aparentemente assustadas com a multidão se apressam em maré baixa, quanto maior a distância melhor. Não resolve. A cada palmo de areia produzido pelo recuo inevitável das águas, nova semeadura de cogumelos de pano e gente, muita gente.
O ensurdecedor som eletrônico, numa mistura intolerável de estilos e gostos, mau gosto, é alucinante, de sertanejo a reggae, brega chic e sambinhas, funk quebra-barraco e falcões latinos. Tudo misturado e alto.
As aves por falta de árvores se apinham, lado a lado em pânico silencioso em parapeitos de prédios. Mães à milanesa aos berros com crianças com baldinhos e bóias. Pais sonolentos de calção e camisa pólo. Cerveja e churrasquinho murmuram palavrões irritados.
No mar jet skis manobram perigosamente entre humanos de narizes brancos de pomada. Os corais submersos escondem peixes de olhos arregalados e paralisados de medo.
Volta e meia dentre os panos redondos despontam estandartes bizarros alguns com camarões mumificados espetados cheirando a fumaça e cebola sempre seguidos por bando de moscas a lutar contra as poucos e raras rajadas de vento que milagrosamente conseguem romper a barreira humana e seus acampamentos de lazer. Outros desfilam por sobre a falsa sombra melosos chumaços de melados algodões doce.
O perfume da maresia é substituído por impensável fusão de colônias, cremes protetores, bronzeadores, suor e álcool.
Algazarra de um dia inteiro. Invasão destruidora, nociva. O vermelho da tarde anuncia uma debandada geral, como decompositores saciados a horda se retira rumorosa. Bêbada, cansada, ardendo em rubra pele.
Aos poucos novamente se ouve a brisa e as ondas, um guruça de olhos em pé lentamente se aventura para fora de sua toca, hoje particularmente fez jus a seu apelido, caranguejo fantasma, passou um dia inteiro invisível. Ensaia tímidos passos em direção à água, estica o pescoço que não possui, observa. Montanhas de destroços espalhados ao longo de toda a praia, restos de um saque ou de um banquete dantesco. Silêncio e breu. Com repugnância o pequeno estica as patas para o mar-óleo ainda gelatinoso. Sinais dos tempos, sinais dos ventos. Mergulha prendendo a respiração.
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