quinta-feira, fevereiro 17

Férias - Parte 1




Pronto. Enfim, férias. Curtas é fato, apenas alguns dias,mas férias são férias. Tudo planejado, família reunida e rumo ao litoral em busca de sol, de um refresco diante de tanta chuva. E não é que lá choveu todo dia como nunca se viu antes para época? Plantações de jerimum a boiar, estradas destruídas, açudes rompendo-se. Para sorte nossa e do Estado, a chuva se fazia ver à noite e mais mansa. Durante o dia, calor e praia à vontade, verdadeiramente dignos do título de cidade do sol conferida a
este acolhedor município.

Absolutamente nada a reclamar dos horários de avião. Parecia coisa de britânico em céu de brigadeiro. Nem na ida nem na volta, nem um segundo de atraso sequer. Do caos aéreo escapamos; já do caos do serviço de bordo nem tanto. Na ida, bolachinhas salgadas, na volta, pacotinhos de amendoim. Isso sem contar um saquinho de batatas fritas quase que atirado ao nosso colo em função de uma turbulência brava que se aproximava. Fora isto, tudo normal e calmo nos céus desse gigantesco país. Mas bateu uma saudade de tenra infância de quando se serviam refeições de verdade em pratos de porcelana e talheres de prata. Tempos de quando os Constellations reinavam quase absolutos, disputando pistas de pouso apenas com o pé-de-boi do ar, o Douglas DC-3.

Tá certo, fui longe demais? Então tá. Me deu saudades das refeições servidas em bandejas de plástico e até do sanduíche quente de micro-ondas. Tudo em nome de diminuir custos. Mas se a medida serve para facilitar acesso a tão fantástico meio de transporte, que seja bem-vinda, a azia de fim de percurso sempre valerá a pena. Nunca se voou tanto. É bonito ver tanta gente marinheiro de primeira viagem. Marinheiro? Democratizou-se o “formoso céu, risonho e límpido”, maravilha, mesmo que incomode alguns mais arrogantes bem chegados aos pináculos. Mas, de verdade? Nada melhor do que voltar para casa, para nosso cantinho, para nossos cheiros, travesseiros, problemas e alegrias que só a rotina diária pode oferecer e que, em casa ou no trabalho, sempre nos espera. Ainda bem, pois cada desafio é crescimento. E avançar é preciso.

Um friozinho na boca do estômago e um aperto na garganta sempre acontecem quando se avista Uberlândia. Seja de cima, ao se ver imensa constelação de luzes, com nuances várias, a piscar. Seja de carro, quando no horizonte surge assim do nada, coisas do cerrado, uma linha iluminada que se estende majestosa e imponente.

Viajar é bom, não, viajar é perfeito! Mas nada, nada mesmo como voltar para nossa Uberlândia, que, parece, só é valorizada pela maioria das pessoas quando vista de longe, retornando.

No mais, é desfrutar as belas lembranças e começar a planejar as próximas férias. Aquelas, as lembranças de viagens, por menor que seja a distância percorrida, é que fazem da aventura um bálsamo para a alma. É como carregador de celular. Você sai e se deixa encher de energia pulsante, volta novo, revigorado. Aí vem outro período de batalhas, leões diários a matar. A bateria vital retoma seu ciclo de desgaste permanente. Mas assim que chega ao vermelho, começa a piscar e emitir sonoros sinais de alerta. Hora outra vez de pôr o pé na estrada. As lembranças da última saída já não são combustível suficiente. Hora de reabastecer. Afinal, caro amigo, a vida é curta e ninguém é de ferro.




No Ponto de Vista do Jornal Correio veja AQUI

Um comentário:

Maria disse...

Você tem razão, voltar ao lar é sempre o melhor da viagem. Feliz de quem tem um e o valoriza.

A primeira imagem que tive de Uberlândia, vindo de carro desde Floripa, foi essa "linha iluminada".
Meu marido apontou para o horizonte e disse: chegamos! Parecia Natal e assim tive a primeira e inesquecível visão de Uber.