Depois vieram as festas. Poucas, mas vieram. Não senti cheiro de pólvora do foguetório no ar e estampidos de foguetes. Estes foram mais usados em jogo de futebol do que emlouvor aos santos das festas. Feliz dos cães, passarinhos e outros bichos. Sofreram menos com ensurdecedores estampidos.
Batata assada, milho verde e canjica não deram as caras para meus lados. As antes tradicionais fogueirinhas na porta das casas, iluminando a noite, enviando recados, juntando amigos, praticamente desapareceram. Nós mesmos, que nunca deixamos de acender a nossa para aquecer corpo e alma, fomos postergando até que passou hora.
É certo que as festas produzidas, de grife, aconteceram, mas até estas foram pouco divulgadas, quase passaram despercebidas.Decoração de festa junina só mesmo em propaganda de televisão e ainda assim não convenceram muito não.
De Santo Antônio pouco se falou. O santo casamenteiro anda meio desprestigiado. As moças casadoiras andam sumidas. O melhor mesmo é “ficar” ou relação high teck em full HD, disso santo não entende. São João, o mais celebrado, perdeu um pouco de espaço para outras “divindades”. São Pedro fecha festejos com pouco glamour. Repito, esse junho foi atípico e deveria ser estudado.
Ah, por falar em televisão, estas se encarregaram em seus noticiários e programas de variedades de mostrar as luxuosas festas no Nordeste. Mesmo elas perderam cunho popular e mais pareciam escolas de samba cariocas, onde luxo, brilho e néon se misturavam a um vazio de religiosidade, baile para turista. O sertão não virou mar, mas virou um Rio, de Janeiro.
No dia de São Pedro, o último dos santos homenageados, vi duas casas enfeitadas com bandeirinhas coloridas e um nem tão tradicional mastro com o estandarte do santo. Antes, os mastros eram de bambu e, além da imagem, traziam espetados em várias pontas limões china. Reza a lenda que, no mastro, eles ficam doces. Os mastros que vi eram de canos de PVC, decorados com fitas coloridas e iluminados com minúsculas lâmpadas LED.
O que vejo agora é o anúncio de algumas festas "julinas". Não combina. Soa como comemorar Natal em abril. Bicho homem interferindo em assuntos da turma da diretoria lá do alto.
A política local para prefeito também anda fria e devagar. Acredito e espero, que logo esquente e torne-se fogueira. Daqui para frente todo cuidado é pouco no pisar por sobre as brasas e cinzas em busca da conquista do gosto popular.
Um enxame de gente busca vaga na Câmara Municipal. Se pouca festa aos santos houve, espero que estes pretensos candidatos a se tornarem edis tenham acendido muitas velas e elevado orações para pedir ajuda e proteção. Se não rezaram, devem, como se fazia, pagado e bem alguém para que o fizesse por eles. Penso cá comigo, é que, em tempo de eleições, até santo sai esquecido.
Saudades das verdadeiras festas. Que ano que vem as festas pululem em beleza singela e pureza de corações.
“São João acende a fogueira de meu coração.”
Publicado Jornal Correio em 6 de junho de 2012
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