segunda-feira, dezembro 9

Rua da Paz em guerra


Projeto lei tramita na câmara municipal propondo transformar a Rua da Paz no Bairro Morado da Colina, para mim ainda Patrimônio, em rua de comércios mil. Nada demais se esta rua estivesse em bairro colado no centro ou em lugar estratégico e, principalmente, não se tratasse de bairro iminentemente residencial por natureza e tradição. É certo que por lá já funcionem algumas atividades diferentes das que se enquadram no plano diretor de nossa cidade.

Tem uma academia de não sei o quê, tem uma outro não sei o quê tipo zen com portais de madeira e tudo mais, tem inclusive uma de nossas Unidades Básicas de Saúde funcionando em casa alugada.
Tem uma simpática igrejinha, Nossa Senhora do Bom Parto, que todos os anos festeja na rua sua festa de São João
E lá na esquina com a Nicomedes um centro comercial muito bem instalado, esteticamente bonito e que, na realidade está virado para a Avenida Nicomedes Alves dos Santos, portanto nada tem haver com a Rua da Paz.

Não quero nem entrar na seara das manobras políticas para que tal lei seja aprovada nos estertores finais da atual configuração da Câmara Municipal. Mas, se eu fosse edil em um momento desses faria como a nossa Prefeitura. Ficaria em "standby" para fatos polêmicos, porém trabalhando muito como pode ser observado cidade à fora. Empenhado-se  com o que ai está para fazer, não criando controvérsias à esta altura do campeonato.
Um bairro residencial que aos poucos está se tornando uma ilha, cercado de comércios por todos os lados. Um perigo pois aos poucos estes vão, devagar e sempre, contaminando ruas laterais, subindo, subindo, tomando os espaços e nada agregando de saudável ao bairro.
Falo com conhecimento de causa. Nasci e me criei no bairro Funcionários em Belo Horizonte, mais exatamente entre as Avenida Afonso Pena e Rua Ceará.
Vi de perto o rápido domínio das áreas comerciais e o crescimento vertical esmagarem um dos recantos da minha infância/adolescência.
Se antes brincávamos de  bente altas mas ruas, explico: Bente altas parece com o Bate daqui, só que lá jogamos com bola de meia, casinha de graveto e usa-se os pés – Joga no Google, aposto que encontra. Se as ruas de pedra eram nosso espaço de diversão naquele tempo, passa lá hoje. Horror cinza fuligem e concreto. Barulho horrível de carros e motos. Para minha tristeza, golpe de misericórdia: A casa em que nasci foi derrubada e virou pouso de veículos: estacionamento.
Passo pela Rua da Paz, de carro, a pé ou bicicleta a caminho da horta do japonês lá na beira do rio Uberabinha, na verdade acho que tem japonês nenhum, mas acostumou-se a assim ser chamada.

Querem acabar antes que comece com o pé de guerra que vai gerar a Rua da Paz? Façam consulta aos moradores do bairro Morada da Colina ou Patrimônio. Deixa quem por lá mora decidir se quer continuar em paz ou abafados por comércios e movimento. A escolha deveria ser unicamente deles e não cair como uma bomba em seus colos e noites de desassossego - palavra sibilante essa - diz em som exatamente seu significado. Decisões  nesses moldes costumam só, somente só desagradar muitos em prol da alegria de uns poucos.

Assim, do nada em futuro próximo e sendo tal lei aprovado me vejo desviando de carros em pleno sábado pela manhã. Eu hein, vou é comprar verduras é na feira, pelo menos lá aproveito para um pastel com café.



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