domingo, maio 25

Calçadas livres


Foto: Marcos Salles

Jornal CORREIO de 6 de maio 2014: “Promotor defende liberdade de locomoção dos pedestres nos passeios”. Parabéns ao Ministério Público. A ele, todo meu incondicional apoio e aplauso. A manifestação de donos de bares solicitando liberação de parte de nossas já tão estreitas calçadas beira o nonsense total. Vi foto no jornal onde aparecem donos de bares carregando cartazes de protestos com o objetivo de pressionar o legislativo a alterar o código de posturas e liberar geral os passeios, essa irregular, esburacada e desrespeitada faixa que separa o asfalto dos portões de nossas casas. Dois desses cartazes me chamaram especial atenção: “Pagamos muitos impostos” e “Temos família para sustentar”. Por todos os Orixás, serão apenas eles? Ou aquela multidão que é expulsa de relativa segurança no deslocar por mesas e cadeiras é apenas figurante? Talvez, por puro prazer, gostem de ficar pulando entre carros. Deve ser isto. Ninguém mais é extorquido por impostos de toda natureza nem possuem pessoas e pessoinhas que deles dependem. Apenas os que ali protestavam carregam o peso do mundo, revezando com o mitológico titã Atlas.

Se botarmos atenção, veremos que a maioria dessas pequenas faixas de mobilidade urbana, destinadas aos pedestres deveria se chamar pistas de cross, trilhas ou algo similar. Dignas são de prática de um esporte secular: o pedestrianismo como chamam a caminhada em Portugal. Só que lá, pode-se caminhar ou pedestrianar – horrível expressão, certamente inexistente – por belos jardins e praças. Ruas calcetadas (outra expressão lusitana) com primor, capricho artístico, seguras, educadas.

Já aqui em terras ultramar, o simples caminhar é radical total. Melhor usar equipamento apropriado de segurança.

Deixando de lado o estado de conservação das vias e os esportes perigosos, voltemos ao empachamento de vias públicas.

Um fenômeno estranho está a ocorrer há tempos no país. O público vem se tornando privado e o privado se tornando público em veloz frequência. Quando obstruo um passeio público com minhas mesas, churrasqueiras e altos sons estou me portando como transgressor, pois invado o que é de todos. Quando invado propriedade privada a situação é idêntica, já que tomo posse do que é de outrem. Transgressor outra vez. Tudo de cabeça para baixo.

Adoro boteco. O ambiente é agradável, descontraído e fico horas, desde que a companhia seja boa, ali a jogar conversa fora, falar de futebol, defender meu Galo mineiro. Falar de política, rir de piada velha. Mas não preciso sentar em mesa à rua. Já o fiz, confesso, mas ficava sempre sem graça a cada olhar de soslaio, a cada tropeço, esbarrão em cadeira. Não é certo, não é justo.

Espero que nossos promotores e nossa Prefeitura sejam rigorosos e não aceitem TACs ou coisas do gênero. A população agradece. Fica aqui, mais uma vez, minha admiração pelas ações do Ministério Público e nossa Prefeitura. Termino com fragmento do conhecido poema “No caminho com Maiakovski”, de Eduardo Alves da Costa: “[...] Na primeira noite eles se aproximam/ e roubam uma flor do nosso jardim./E não dizemos nada./Na segunda noite, já não se escondem;/pisam as flores,/matam nosso cão,/e não dizemos nada. Até que um dia,/o mais frágil deles/entra sozinho em nossa casa,/rouba-nos a luz, e,/conhecendo nosso medo,/arranca-nos a voz da garganta./E já não podemos dizer nada [...]”






https://drive.google.com/file/d/0B3a7BJIdLwOhRVY2ME5vM2F6TUE/edit?usp=sharing





segunda-feira, maio 19

E deu Pódio

Monte Carmelo, 10 km corrida rústica
Tempo em meu cronometro 1:03. Tempo segundo aferição da coordenação da prova  0:57 . Fico com o meu.

Percurso
 

Camiseta oficial da prova, parte das comemorações em louvor a Nossa Senhora de Fátima


Pódio  tristemente vazio, esperando quem o ocupasse


David e eu. Faltou Maria do Carmo e Luiz Mauro para completar o quarteto de tantas provas.


Quem corre conhece bem, quem não corre também. Jamais subestime o famoso "Dez" o cara  tem asas nos pés versão tropical do mitológico e veloz  Hermes poucos acompanham. Foi um prazer encontrá-lo em Monte Carmelo, simpatia e constante  incentivo para todos corredores.


 David no Pódio. Se ele que voa baixo ficou em quarto, na categoria, dá para imaginar o alto nível dos atletas. Tinha prêmio em dinheiro, olhas os cheques nas mãos dos 3 primeiros colocados. Choveu fera.


O meu Pódio, quarto também na categoria cabeça grisalha.


Um domingo  suado e bom e de muita diversão saudável. Fim corrida um belo e farto almoço na barraquinha da  igreja: Carne de panela com batata, feijão batido, arroz, frango caipira ao molho e salada farta e colorida.



Corpo e alma leve depois da corrida


Dois dos organizadores do evento



Na volta, vista à Basílica de Nossa Senhora da Abadia na cidade de Romaria



segunda-feira, maio 5

Circuito de Corridas Caixa

Circuito de Corridas Caixa - Etapa Uberlândia
Tempo: 31:38 - Rumo aos 28:00,  meta para 2014 !

Clique nas imagens, elas ampliam.


Fotos  Bia Stutz

Certificado de participação - Clique abaixo



https://drive.google.com/file/d/0B3a7BJIdLwOhU0xoUGJ0MVdac1k/edit?usp=sharing






quinta-feira, maio 1

Política na web

Lendo a coluna de 23/4 de Ivan Santos “Armados para lutar na web”, sobre partidos capacitando militantes para brigar por seus candidatos nas eleições que se aproximam, me pus a pensar. Será que esse “Exército Digital dos Partidos”, termo de Ivan, plural meu, vai mesmo conseguir dobrar alguém com a conversa fiada de blogues e redes sociais? Tenho minhas dúvidas.

Vamos usar alguns números, embora deteste isto. Como dizem alguns, os números, ou seriam as cartas, não mentem jamais. Desde que não manipulados, pois, neste caso, dois mais dois podem ser cinco, oito ou até quatro. As estatísticas aqui apresentadas são do Ibope Media – ai, Jesus Cristinho! Coletadas no site “To Be Guarany”. Mas vamos lá.

Mesmo sendo o nosso Brasil varonil um dos países mais conectados do mundo com mais de 103 milhões de internautas, 31% dos caras que navegam em mares de bytes pegam no timão virtual para enfrentar os mares cibernéticos nas famosas lan houses. Por todos os santos, não estou me referindo ao Corinthians.
Pense comigo. Você acha que esse sujeito que paga por hora para entrar em seu (dele) Orkut (é, ainda existe) e Facebook vai perder tempo lendo baboseiras políticas ou ataques grotescos a políticos? Nunca! Vai lá é para ver fotos novas da galera, compartilhar acontecimentos de seu cotidiano ou, no máximo, fazer alguma fofoca e marcar encontro. Entra também para realizar consultas digitais, procurar curas, já que quase sempre desconfiam de diagnóstico médico. A web é boa nisso. Deve haver milhões de doutores formados na Harvard University dando consultas de graça pela internet. Vá sonhando. Ah, compra-se muito também via conexões disparadas das lans. Ainda não entendi este fenômeno.

Tempo é grana e quem pensa que estes 31% estão a fim de gastar com apelos políticos rancorosos estão enganados. Eu não gastaria um centavo de meu tempo numa dessa.Ainda segundo a “To Be”, infelizmente, a desigualdade também impera no mundo de matrix: “Entre os 10% mais pobres, apenas 0,6% tem acesso à internet; entre os 10% mais ricos esse número é de 56,3%. Somente 13,3% dos negros usam a internet, mais de duas vezes menos que os de raça branca (28,3%). Os índices de acesso à internet das regiões Sul (25,6%) e Sudeste (26,6%) contrastam com os das regiões Norte (12%) e Nordeste (11,9%)”. Portanto, grande parte da massa de eleitores não será atingida como eles, pois imaginam estes soldados do ciberespaço carregados de um ódio inexplicável.

Temos também de levar em conta a preguiça de ler da maioria de nós brasileiros. Querem partir para o humor, charges políticas para desfazer desse ou daquele candidato. O problema é que muitos nem entender vão e a estratégia de tentar fixar no subconsciente mensagem subliminares remete a um tal de Goebbels, já ouvi falar? Mas o que preocupou muito foi o arremate do texto de Ivan Santos, quando cita a falta de moral e ética que vai rolar.

As sombras do anonimato permitem tudo, é nojento, imoral, covarde. Só afastam o eleitor, já cansado de tanta conversa fiada, promessas não cumpridas de gente desgastada, travestida de bonzinhos salvadores da pátria. Ora, se o cidadão já xinga quando a novela começa mais tarde por conta de um horário eleitoral obrigatório sem pé nem cabeça, imagine se vai gastar seu precioso tempo de internet lendo briga. Tem dó!

Publicado Jornal Correio em 1º de maio 2014





https://drive.google.com/file/d/0B3a7BJIdLwOhRHlES0t2Umhwdjg/edit?usp=sharing