quinta-feira, maio 1

Política na web

Lendo a coluna de 23/4 de Ivan Santos “Armados para lutar na web”, sobre partidos capacitando militantes para brigar por seus candidatos nas eleições que se aproximam, me pus a pensar. Será que esse “Exército Digital dos Partidos”, termo de Ivan, plural meu, vai mesmo conseguir dobrar alguém com a conversa fiada de blogues e redes sociais? Tenho minhas dúvidas.

Vamos usar alguns números, embora deteste isto. Como dizem alguns, os números, ou seriam as cartas, não mentem jamais. Desde que não manipulados, pois, neste caso, dois mais dois podem ser cinco, oito ou até quatro. As estatísticas aqui apresentadas são do Ibope Media – ai, Jesus Cristinho! Coletadas no site “To Be Guarany”. Mas vamos lá.

Mesmo sendo o nosso Brasil varonil um dos países mais conectados do mundo com mais de 103 milhões de internautas, 31% dos caras que navegam em mares de bytes pegam no timão virtual para enfrentar os mares cibernéticos nas famosas lan houses. Por todos os santos, não estou me referindo ao Corinthians.
Pense comigo. Você acha que esse sujeito que paga por hora para entrar em seu (dele) Orkut (é, ainda existe) e Facebook vai perder tempo lendo baboseiras políticas ou ataques grotescos a políticos? Nunca! Vai lá é para ver fotos novas da galera, compartilhar acontecimentos de seu cotidiano ou, no máximo, fazer alguma fofoca e marcar encontro. Entra também para realizar consultas digitais, procurar curas, já que quase sempre desconfiam de diagnóstico médico. A web é boa nisso. Deve haver milhões de doutores formados na Harvard University dando consultas de graça pela internet. Vá sonhando. Ah, compra-se muito também via conexões disparadas das lans. Ainda não entendi este fenômeno.

Tempo é grana e quem pensa que estes 31% estão a fim de gastar com apelos políticos rancorosos estão enganados. Eu não gastaria um centavo de meu tempo numa dessa.Ainda segundo a “To Be”, infelizmente, a desigualdade também impera no mundo de matrix: “Entre os 10% mais pobres, apenas 0,6% tem acesso à internet; entre os 10% mais ricos esse número é de 56,3%. Somente 13,3% dos negros usam a internet, mais de duas vezes menos que os de raça branca (28,3%). Os índices de acesso à internet das regiões Sul (25,6%) e Sudeste (26,6%) contrastam com os das regiões Norte (12%) e Nordeste (11,9%)”. Portanto, grande parte da massa de eleitores não será atingida como eles, pois imaginam estes soldados do ciberespaço carregados de um ódio inexplicável.

Temos também de levar em conta a preguiça de ler da maioria de nós brasileiros. Querem partir para o humor, charges políticas para desfazer desse ou daquele candidato. O problema é que muitos nem entender vão e a estratégia de tentar fixar no subconsciente mensagem subliminares remete a um tal de Goebbels, já ouvi falar? Mas o que preocupou muito foi o arremate do texto de Ivan Santos, quando cita a falta de moral e ética que vai rolar.

As sombras do anonimato permitem tudo, é nojento, imoral, covarde. Só afastam o eleitor, já cansado de tanta conversa fiada, promessas não cumpridas de gente desgastada, travestida de bonzinhos salvadores da pátria. Ora, se o cidadão já xinga quando a novela começa mais tarde por conta de um horário eleitoral obrigatório sem pé nem cabeça, imagine se vai gastar seu precioso tempo de internet lendo briga. Tem dó!

Publicado Jornal Correio em 1º de maio 2014





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