segunda-feira, junho 25

Baiano






Existem coisas que me intrigam e uma delas é essa história de que baiano é preguiçoso. Até onde pesquisei, usando a mais alta tecnologia da Nasa, da base de Alcântara que está às moscas, conforme informações de fontes sigilosas. Juro que tentei também a nossa Agência Espacial Brasileira (AEB), mas a mesma encontra-se em quase ponto morto por excesso de burocracia e falta de recursos. À boca miúda lhes conto, acho que vão privatizar o belo lugar para a Empresa Espacial Paraguaya (EEP). Bom, pelo menos peças de reposição "importadas" eles terão de sobra. Particularmente, se eu fosse dono de lá venderia para Disney. Teria aventura de sobra.

Você querido leitor, virtuosa leitora, já teve a oportunidade de visitar o Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão?

Se a resposta foi não, te conto sem medo de errar que Alcântara é uma vila colonial linda e vale a visita. Até se puder ficar lá pra sempre. O problema é o chegar e voltar. Moço de Deus, a viagem dura nem duas horas. Se o mar estiver de brigadeiro, no caso de almirante, verá uma beleza incrível e vivenciará um prazer imensurável diante da poética brisa marinha e das gaivotas a acompanharem o catamarã. Vai nessa não, pois sistematicamente ali o mar nunca está pra peixe e com onda de metro, põe metro nisso, se seu estomago for fraco vai chegar verde do outro lado. Duvido que consiga ter olhos para tamanha beleza local. Tudo que você vai querer é ficar deitado e a gemer, enquanto os mais resistentes, ou que tiveram o cuidado de tomar um remedinho para enjôo, se deleitam. Fica o conselho, vá mas durma lá e aproveite o dia seguinte.

Bom, vamos deixar minhas pesquisas e roteiros turísticos lunáticos de lado e descer para a Bahia. Terra de tantos como nosso imortal "Capitão do mato Vinicius de Moraes,  o carioca mais baiano do Brasil, 
Poeta e diplomata. O branco mais preto do Brasil
Na linha direta de Xangô, saravá!"


Pois assim crescemos ouvindo histórias sobre a preguiça de baiano, a começar pela bobagem de que ele é mineiro cansado. Que nada, mineiro que sou me pego a pensar o contrário, pois queria morar em alguma prainha morna daquela terra abençoada. Desconfio que os portugueses só se interessaram pelo Brasil porque desembarcaram na Bahia. Amor a primeira vista. Se tivessem dado em outras praias talvez as tivessem deixado para os espanhóis.


Aqui as histórias da mandriice baiana estão em todas as bocas não nativas da terra dos Orixás. Contam que por lá o carnaval começa seis meses antes e termina seis meses depois da data certa e emenda às comemorações do Natal e Reveillon (do ano seguinte). Tudo intriga.
E tem a conhecida, mas digna de registro:
─ Mainha, tartaruga morde? Quinze minutos depois:
─ Morde não, mas por quê? Silêncio longo.
─ É que uma lá invem loonnge.

Tudo enredo, existe isso não. Exagero de quem lá vai. Ora, você é turista acelerado, vem do mundo do stress, da hora marcada, do compromisso. Da ditadura do relógio, tipo, se chegar dez minutos antes para um compromisso chegou na hora, se chegar na hora exata está atrasado, se chegar dez minutos depois perdeu o compromisso. Caraca meu, já tomou seu ansiolítico de hoje? O medicamento para a pressão, colesterol, ácido úrico, gastrite, esofagite, úlcera? Olha o enfarto! Não é o baiano que é devagar, é você que está desregulado.

Desacelera moço, "Cuidado, companheiro!/ A vida é pra valer/ E não se engane não, tem uma só/ Duas mesmo que é bom/ Ninguém vai me dizer que tem/ Sem provar muito bem provado/ Com certidão passada em cartório do céu/ E assinado embaixo: Deus/ E com firma reconhecida!"


O Baiano na verdade é prático, só isso. Conto fato acontecido com pessoa que tem por paixão o Mercado Modelo em Salvador. Tinha turistado montes, subido e descido ladeira sob escaldante sol de verão, a sede apertou brava.

Entrou no mercado ávida por uma limonada gelada ou uma refrescante água de coco. Foi nada. Sentou-se em boteco e pediu logo limonada SEM açúcar. Quase uma hora depois chega o imenso copo de suco com muito gelo e, para seu espanto, no fundo quase dois dedos de açúcar repousavam em ligeiro balançar de areia.
─ Mas moça eu pedi sem açúcar! Olha isso!
A garçonete pegou com cuidado o copo. Bom, pensou, vai trazer outro. Ao retornar, com o mesmo cuidado ela colocou o copo na mesa outra vez e com voz mansa, quase suspirando disse:
─ Liga não, é só não mexer...

Preguiça? Nunca. Praticidade uai, não é meu rei?
" É melhor ser alegre que ser triste/ Alegria é a melhor coisa que existe/ É assim como a luz no coração (...)"

Nota do Autor: Trechos em itálico "roubados" sem maldade do maravilhoso Samba da Benção, do genial  Vinícius de Moraes.







Publicado  em Jornal Diário de Uberlândia em 24 de junho de 2018 - dia de São João

terça-feira, junho 19

Idade





Pois não é? Todos sabem que com o avançar da idade muitas coisas começam a mudar na vida das gentes, cabelos branqueiam, dificuldade de ler letras miúdas vão permanecendo e insistimos até em nos render ao uso de óculos. Presbiopia, ametropia, miopia e hipermetropia, todas as "ias" possíveis, desde que com letras graúdas.

Os óculos. Se escolher os multifocais está fadado a enfrentar longa luta de adaptação. No começo, para a maioria, é uma tortura, ou diria uma tontura. O chão fica longe, o longe fica perto demais, um sufoco. É preciso paciência e jeitinho, que também com a idade começa a diminuir. Principalmente ao ver e ouvir posturas e besteiras tipo " intervenção militar já" ou "ditadura no Brasil nunca existiu". Chega a explosão de raiva, cuidado com a pressão. Anda nas alturas, outra característica do desgaste da máquina quando agridem seus ouvidos com comentários homofóbicos, racistas, enfim assuntos preconceituosos de qualquer natureza.

Essa conversa de que com a idade fica-se sábio, mais tolerante, é para boi dormir ou, se assim for, deve ser lá no Tibet. Papo de monge. Na verdade fica-se exatamente o contrário, pois as papagaiadas das gentes ficam escancaradas e palpáveis às mãos e mentes erradas e boi velho não carrega canga. Não é de meu feitio generalizar assim. É óbvio que vamos topar com muitos velhos calmos, transbordando sabedoria como passíveis vaquinhas de presépio, que entregaram a carga de se preocupar com os destinos do mundo e da vida. Contemplativos se tornam.
Não posso lhe dizer qual dos tipos quero ser quando crescer. Hoje encaro minha terceira juventude ainda com um furor interessante. Sinto-me bem assim. Depois, com o passar do tempo, contarei o final.

Mas uma coisa é fisiologicamente certa, a sede, ou a falta dela. O avançar da idade faz com que tenhamos cada vez menos sede e isso é um perigo danado. Água é que segura a barra. E aí começo a história de um amigo, companheiro de trilhas e corridas. O cabra corria dez, vinte km e, no máximo, em um posto de hidratação tomava metade de um daqueles copinhos plásticos de água, digo metade, pois a outra metade jogava na nuca para refrescar e se dava por satisfeito. Rapaz, eu dizia, você acha que é planta que molhando por fora vai hidratar? Certa feita lhe passei um aplicativo onde você coloca seu peso, idade, hora de dormir e de acordar, as atividades que faz durante o dia e o danado calcula quanto de água você deve tomar. A cada hora ele apita, treme e toca musiquinha com som de cachoeira, te avisando que é o momento de seu copo d'água.

No começo é uma tristeza, como no caso dos óculos multifocais. Sem sede alguma lá vai você ao pote, filtro ou talha e tome água. Um sacrifício, mas com ele deu certo. Ficou feliz da vida.
Passado bom tempo sem o encontrar, dia desses ele me ligou do hospital. Tomei baita susto.
─ O que aconteceu rapá? Ele, em um cochichar, me disse
─ Nada grave, vem cá que te conto.

Apressado e, claro, preocupado, fui ter com ele.
O encontrei no quarto de hospital com cara de dor, olheiras, abatido que só. Uma fraqueza de dar medo. Sussurrando me disse:
─ Fecha, fecha a porta! Obedeci ainda mais cismado.
Olhando atento para o lado da porta com olhos de bicho atirado me contou sua façanha.
Tinha gostado tanto do aplicativo da água que resolveu fuçar buscando outros, e assim baixou um monte. Instalou um tal de MyFitnessPal que lhe deu uma dieta maluca para os indicares que ele criou por conta e risco. Outros de abdominais, exercícios para músculos das costas, dos braços, agachamentos, polichinelos, flexões e tiros de corrida. Tinha um que marcava hora até de afagar cabeça de neto e beijar a patroa. O telefone dele não parava de trinar, sacolejar, pisar e o escambau a quatro. Sua vida tinha se tornado um calvário. Não sabia se corria, se fazia flexão, se passava a mão em cabeça de neto, se comia a tal clara de ovo ou pulava corda.

Em casa ou no trabalho. Um dia se viu beijando o cachorro e afagando vassoura. Loucura. Resultado: stress muscular, sapinho na boca, e uma virada na espinhela que o deixou de cama. Assim, ali foi parar.

Tentei conversar e lhe tirar de cabeça os exageros. Porém, não foi nada. No meio de nossa conversa um sinal do celular o fez se arrastar da cama e ensaiar um exercício muito louco. Não deu outra. Travou ali mesmo e fui obrigado a pedir por socorro para colocar o amigo no lugar.
Depois de tomar uma bela injeção para dor/tranquilizante/relaxante, meio sonolento, de olhos fechados quase apagando, segurou meu braço e com sorriso tímido na cara ainda teve tempo de murmurar: é isso amigo, mas que estou hidratado lá isso estou! Pimpa dormiu de roncar.
Saí de lá cismado. Já na rua, a primeira coisa que fiz foi deletar o aplicativo da água. Sei lá, vai quê!






Publicado no Jornal Diário de Uberlândia em 17 de junho 2018


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quarta-feira, junho 13

Lava-pés

Aproveitando o furdunço causado pela greve/locaute dos caminhoneiros, publico novamente  após dez anos a prosa. Pelo que notamos NADA mudou na vida dos valentes caminhoneiros, mas se mudou, garanto, não foi para melhor







Tinha carregado em Guarantã do Norte, quase na divisa com o Pará um dia antes, cedo, e bem de madrugada pegado o trecho. Carga de arroz. Itaúba e Sinop já tinham ficado para trás, e só tinha parado para almoçar em Sorriso.

Aliás, o almoço já estava esquecido, e bateu outra vez uma fome danada, viagem tem dessas coisas, abre o apetite. Já era tarde e perto de escurecer. Pensava em pousar em Lucas do Rio Verde e seguir até Cuiabá no dia seguinte, sair da BR 163 já seria um consolo, estrada judiada aquela. O calor como sempre por aquelas bandas era o cão chupando manga, de tão forte.

O motor do caminhão, apesar de toda aquela caloria, roncava manso e seguro, parecia não se importar nem com as bacadas que volta e meia aconteciam, a velha 163 para variar, andava daquele jeito.

Lá longe o céu escurecia e as nuvens vinham que vinham subindo ligeiras, era muita água que ia despejar.

Pensei comigo, se eu pegar trecho de estrada com lama debaixo d'água aí é que estou no pau da goiaba, terra massapé com chuva vira um encravador só, é fila e mais fila de carro atolado, e podia perder esse tempo não, a carga tinha prazo.

Com pouco chegou um vento forte que veio debulhando tudo quanto há que encontrava pela frente, roça de soja e milho deitava como que a caçar abrigo rente ao chão. De outro tanto de lavoura já colhida e de onde só tinha ficado palha de planta e terra limpa, subiu um mundaréu de poeira que fez a noite chegar antes da hora. Um redemoinho passou bem na minha frente, parecia coisa de filme.

Pensava, se aquele barrado escuro que ia subindo lá longe chegasse aqui, ia ser um tubeu d'água do tamanho do mundo. Não deu outra.
A chuva derramou de vez com vontade e força. Se por um lado era bom que refrescava, por outro, fazia diminuir bem a toada, e com isso a janta ia atrasando, e a fome só aumentando.

E eu que queria chegar logo em Cuiabá, encostar a carreta, tomar um merecido banho e bater um prato desse tamanho. Mas estrada é assim mesmo, nunca sai do jeito que a gente programa, não adianta perder a calma.

Resolvi esperar a ventania e o grosso da chuva passar e encostei beiraninho um posto da polícia rodoviária.

A barriga roncando de fome daquele tanto. Não ia ter jeito. Tinha que pousar por ali mesmo. Apeei do caminhão e fui puxar prosa com os guardas, pelo jeito eles já tinham jantado, daquela lagoa não saía peixe. Foi quando me informaram que logo ali, em uma currutela próxima tinha um pouso ajeitado onde podia passar a noite e se desse sorte ainda conseguir uma janta famosa na região de tão boa que era, feita em fogão de lenha e panela de ferro.
A pensão era de uma dona sozinha e de suas duas filhas.
A boca encheu d'água só de pensar, rumei para lá.

Bem recebido, se puseram a senhora e as moças a arrumar lugar para dormir e bacia para lavar os pés, costume da região, pois banho completo àquela hora da noite tinha jeito mais não. O cheiro da comida ainda estava no ar mas vinha de cozinha escura, o comer já havia sido servido fazia tempos.
E agora? Matutei. Pedir comer ficava sem graça, dormir com fome daquele jeito não ia conseguir.
A solução veio de estalo, assim que descalcei as botinas e lá ia colocando os pés na bacia de água morna, recuei ligeiro perguntei para a dona como quem não quer nada:

– Será que lavar os pés com a barriga muito vazia não faz mal pra saúde, não?
Susto só, depois de um Deus nos acuda de sem graça e muito pedido de desculpas, a mulher gritou para a filha mais nova para atiçar a brasa do fogão e esquentar as panelas.

Conto só para dar vontade: carne de lata daquela conservada na manteiga de porco, arrozinho solto, feijão com torresmo, banana frita, taioba rasgada refogada, e por cima disso tudo dois ovos caipiras de gema amarelinha e mole. Para beber limonada de limão china, feita com água geladinha de pote e adoçada com rapadura.

Comi feito um condenado. Depois do cafezinho quente, dispensei a cama, fui para a cabine de meu caminhão, minha casa, meu sossego, deitei escutando os barulhos da chuva no teto, dormi pesado e feliz, Cuiabá agora era sonho longe.








Publicado no Jornal Diário de Uberlândia em 10 de junho de 2018


segunda-feira, junho 4

Noite canora





Pela greta da janela, a lua quase cheia esgueira e entra colorindo ambiente em um azul pálido mágico.
Uma leve brisa também serpenteia e acha caminho pelo palmo de espaço aberto, rodopiando afoita pelas paredes. Sigo com os olhos fechados. Ligeireza felina vem buscar abrigo e se aquecer bem junto a mim. Sinto um arrepio.
O frio não quer ir embora. No radinho, Blitz:

"Longe de casa/ A mais de uma semana/ Milhas e milhas distante/
Do meu amor/ Será que ela está me esperando?/ Eu Fico aqui sonhando/ Voando alto/ Tão perto do céu"

É isso aí minha amiga, meu amigo, sou daqueles que não suporta televisão no quarto. Claro que já vivi essa horrível mania, até descobrir que dormia pessimamente. Os clarões mais pareciam relâmpagos artificiais, foguetório sem explosão. Entravam em meus sonhos e cheguei a ponto de piscar jingles. Ouvia vozes, locutores e acordava assustado a cada propaganda de eletrodoméstico ou supermercado. Fico me perguntando o motivo de tanto gritarem nas propagandas... irritantes.

Acho que por anos a fio não passava da fase do adormecer. Aquele leve dormir de bicho do mato em que um entrar e sair, qualquer coisa, te acorda. O corpo em ponto morto, mas motor funcionando, cadenciado, bem regulado. As pernas escoiceiam longe de seu querer e os músculos ganham vida própria. É nessa fase do sono, dizem, que passamos pela sensação de estar caindo ribanceira abaixo e acordamos no susto, Vó dizia que era momento que estávamos crescendo em tamanho. No tempo que longe vai de televisão no quarto, sempre ouvia um cara aos berros: É SÓ ATÉ SÁBADO! Vociferava quase espumando pelos cantos da boca como siri no mangue.
Não aguentei tantas prestações sem juros que, mesmo imaginárias, me tiravam o sono.

O radinho, excelente companhia, bem baixinho te embala manso.
Conto e saibam que não estou recebendo jabá algum por isto.
Descobri uma rádio deslumbrante, só MPB de boa qualidade, na qual programas com horas seguidas de jazz, blues, reggae/Bob Marley e os bons e velhos rocks da época em que se produzia música, ocupam espaço de honra. Nome da estação? Ainda se usa essa palavra para designar rádio? Peraí, nem tão velho nem tão novo. Algumas palavras ficam incrustadas como lindo topázio imperial em nossas lembranças e desse HD nada se apaga totalmente. Fica cinzento às vezes, desmagnetizado, mas se fuçar acha.
Voltando. O nome da estação? Rio Verde FM.
Não acreditei. Como pode uma rádio com esse nível sobreviver em Goiás? Porém, antes de seguir, uma explicação: olha só, nenhuma ofensa aos irmãos goianos, mas viajei muito por aquelas bandas, mesmo antes do estado do Tocantins existir e conheço bem o gosto musical da maioria dos goianos, aliás muito parecida com o de nossa gente aqui em Uberlândia e cercanias. Para completar meu dizer e aplacar a implicância de algum que possa ficar insatisfeito comigo, contam que, Nashville a capital da música country nos EEUUA, está para Goiânia como a capital da música sertaneja universitária, secundarista ou mesmo vestibulanda. Se for mentira me digam.

Enfim, liguei para um grande amigo que mora em Rio Verde e, empolgado, contei-lhe da descoberta da fantástica estação de rádio na cidade. Na outra ponta da linha longo silêncio se fez.
Alô! Alô! Repeti algumas tantas vezes. De lá então veio gostosa gargalhada: ─ Compadre, acho que você está enganado, aqui o gosto é outro, não tem esse papo de jazz, reggae e tais! Pode ser que um ou outro aprecie, mas tocar em rádio, toca não.
Desconversei ligeiro, perguntei das crianças, da plantação de soja, da situação das estradas. Despedi-me marcando visita, churrasco e roda de viola.

Encasquetei. Fui atrás e lá estava ela, como brilho de xibiu em bateia de quem procura: Rádio Rio Verde FM, 106.3, Baependi.
A pequena cidade mineira com seus nem vinte mil habitantes, fincada na Serra da Mantiqueira, à beira da Estrada Real, é a dona de tamanho bom gosto musical.

Tente uma noite dessas. Só som bom, de qualidade. E o melhor, não tem propaganda alguma. Você não será acordado por berros de ofertas de fogões e geladeiras.
Chego a desconfiar motivos que levam vento
galhofo e maravilhoso luar a buscarem guarita sob minhas cobertas. A boa música encanta gente, bichos outros, plantas e outras criaturas da noite que nos cercam. Carinhosamente os recebo.
Só não os vê quem não quer.

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara." Quanta saudade Saramago, quanta!

“A radioatividade leva até vocês
mais um programa da série "dedique um programa a aquele que você ama (...)
“Estou a dois passos do paraíso, e meu amor vou te buscar”







Publicado em Diário de Uberlândia página 2  em  04 de junho de 2018