segunda-feira, setembro 18

Flor de pitanga


Passo ligeiro, pé de vento.
Deixo cheiro - flor de pitanga.
Tamanha florada, o chão branco de miúdas pétalas.
Cheiro doce, lembra infância, lembra um não sei aflito de vontade de lembrar.

As abelhas em zumbida algazarra carreiam pólem dourado, tropel alado.De minha janela, céu ainda lusco-escuro de alvorecer tardio, as vejo no eterno indo sem vir.

O chão branco de miúdas pétalas, caminho flor.
Passa moça,
passa amor.
Só não passa, essa fica, latente, constante, indefinida
só não passa essa estranha indescritivelmente vazia dor.

William H. Stutz
Setembro 2006


Foto:
Autor desconhecido, qualquer informação favor escrever para
whstutz@gmail.com

2 comentários:

Vera Vilela disse...

Que maravilha Will.
Delicado e sublime como a flor.
Lindo!

Lilly Falcão disse...

Flor de pitanga. Me "lembra um não sei aflito de vontade de lembrar..." Vejo as abelhinhas douradas de minha janela também e acho que sempre soube que esse tropel alado delas eraum "eterno indo sem vir"...Deus do Céu e o último verso, a últim estrofe é um filme de Akira Kurosawa com um casamento magnífico de lirismo e fotografia: Will, você é meu cineasta predileto! Vou ali buscar a pipoca pra assistir tudo de novo! Beijo!