"Se for falar mal de mim me chame, sei coisas horríveis a meu respeito" (Clarice Lispector)
terça-feira, abril 29
Máquina também é gente
Anos atrás, quando nosso segundo filho nasceu, já cansados dos atropelos do velho "tanquinho", resolvemos depois de muitas contas e cálculos, que chegara a hora de comprar uma máquina de lavar de verdade. O salário de dois servidores públicos, se espichado e regrado, com base em planilha doméstica de gastos, cortando-se aqui e ali, daria conta da aquisição.
A ida à loja foi ritualística, parecia que estávamos a comprar uma obra de arte inacessível até então, em sofisticado leilão da filial parisiense da Christie's ou na sóbria, cinzenta, mas nem por isso menos chic, Sotheby's.
Lances e negociações feitas, lá se foi para nossa casa a ser paga em centenas de suaves prestações nossa primeira máquina de lavar roupas de verdade.
Não era uma qualquer. Ah, não senhor! Era uma que, apesar do codinome Baby, com seu estômago com capacidade para quatro quilos de roupas de uma só vez, olha que sucesso, que avanço, era de uma marca que hoje virou sinônimo de coisa boa. O bom senso me impede, ao contrário das novelas de televisão, de fazer Merchandising explícito.
Estávamos nos céus. Fraldas, roupas de cama, toalhas, tudo era lavado, enxaguado, torcido (centrifugado), sem interferência nossa. Os panos saíam quase secos, e em pouco tempo malas e malas de roupas estavam prontas para serem passadas. Um encanto. Estávamos enamorados com a tecnologia.
O tempo foi passando e assim como as máquinas humanas, as mecânicas também têm lá seus problemas. Nada que um competente técnico de oficina autorizada não resolvesse.
Peçinha aqui, ajuste acolá e nossa agora companheira de tarefas domésticas estava outra vez pronta para o batente.
Como ficava em uma varanda grande no quintal, onde também temos uma cozinha caipira na qual passamos longos períodos, fazemos almoços de fim de semana, a máquina já era quase da família, íntima. Participou de muitas festas de aniversários e encontros importantes com amigos e familiares. Sempre recatada e discreta compartilhou de muitas confidências e segredos. Não temos notícias que nada dela tenha vazado, além de água e um óleozinho em algumas raras ocasiões.
Certa feita foi submetida a um transplante de motor. Voltou novinha em folha e com mais um atestado longo de garantia. Felizmente para nós foi só um susto.
E assim a vida ia tocando seu curso, sem maiores surpresas ou aflições. Roupas e roupas rotineiramente sendo lavadas, tudo seguia como d'antes no quartel de Abrantes.
Um belo dia, nossa lavadora começou a ensaiar seus primeiros passos. Já na primeira centrifugada surgiam alguns tremores tímidos e pulinhos imperceptíveis. Nada preocupante ou que um pequeno toque, um pequeno empurrãozinho não resolvesse.
Com o passar dos meses a máquina parecia querer ganhar vida própria. Passou a pular cada vez mais longe e mais alto, abria e fechava ritmicamente a tampa e, não raro o fio da tomada era arrancado assim como a mangueira que a abastecia de água. Certa tarde tanto pulou que quando dei por mim estava abraçado a ela como a um touro mecânico ou um cavalo de rodeio, só faltava correr a espora, soltar um dos braços balançando o chapéu e gesticular freneticamente: wohooooooo! Não posso deixar de mencionar que "outra pessoa" lá em casa também passou pela mesma constrangedora situação.
Socorro técnico. Será que o convênio, digo, a garantia cobria?
Testes e mais testes feitos, aparentemente nada ficou constatado, e ainda, juro, notei uma pontinha de riso no rosto do moço, assim como vi uma tremida suave e um bater de tampa baixinho assim que o técnico virou as costas, e olha que ela estava desligada. Falsa...
Os pulos e performance de nossa lavadora foram se aperfeiçoando. Dedicação e treinos intensivos. Sem contar o apoio familiar, pois a cada ruidoso balançar, todos, onde estivessem na casa, gritavam em uníssono: Dá-lhe Daiane! Pois foi com este carinhoso apelido que ela passou a ser por nós chamada. Daiane, em homenagem à famosa e maravilhosa ginasta gaúcha. Tão importante que tem até máquina querendo imitar.
Se algum dia não der mais conserto a família vai sentir muita falta e saudades de nossa única Daiane, modelo duplo twist carpado, ou simplesmente "Dos Santos", a insubstituível.
terça-feira, abril 22
Esopo e a língua
Esopo era um escravo de rara inteligência que servia à casa de um conhecido chefe militar da antiga Grécia.
Certo dia, em que seu patrão conversava com outro companheiro sobre os males e as virtudes do mundo, Esopo foi chamado a dar sua opinião sobre o assunto, ao que respondeu seguramente:
- Tenho a mais absoluta certeza de que a maior virtude da Terra está à venda no mercado.
- Como? Perguntou o amo surpreso. Tens certeza do que está falando? Como podes afirmar tal coisa?
- Não só afirmo, como, se meu amo permitir, irei até lá e trarei a maior virtude da Terra.
Com a devida autorização do amo, saiu Esopo e, dali a alguns minutos voltou carregando um pequeno embrulho.
Ao abrir o pacote, o velho chefe encontrou vários pedaços de língua, e, enfurecido, deu ao escravo uma chance para explicar-se.
- Meu amo, não vos enganei, retrucou Esopo.
- A língua é, realmente, a maior das virtudes. Com ela podemos consolar, ensinar, esclarecer, aliviar e conduzir.
- Pela língua os ensinos dos filósofos são divulgados, os conceitos religiosos são espalhados, as obras dos poetas se tornam conhecidas de todos.
- Acaso podeis negar essas verdades, meu amo?
- Boa, meu caro, retrucou o amigo do amo. Já que és desembaraçado, que tal trazer-me agora o pior vício do mundo.
- É perfeitamente possível, senhor, e com nova autorização de meu amo, irei novamente ao mercado e de lá trarei o pior vício de toda terra.
Concedida a permissão, Esopo saiu novamente e dali a minutos voltava com outro pacote semelhante ao primeiro.
Ao abri-lo, os amigos encontraram novamente pedaços de língua. Desapontados, interrogaram o escravo e obtiveram dele surpreendente resposta:
- Por que vos admirais de minha escolha?
- Do mesmo modo que a língua, bem utilizada, se converte numa sublime virtude, quando relegada a planos inferiores se transforma no pior dos vícios.
- Através dela tecem-se as intrigas e as violências verbais. Através dela, as verdades mais santas, por ela mesma ensinadas, podem ser corrompidas e apresentadas como anedotas vulgares e sem sentido.
- Através da língua, estabelecem-se as discussões infrutíferas, os desentendimentos prolongados e as confusões populares que levam ao desequilíbrio social.
- Acaso podeis refutar o que digo? Indagou Esopo.
Impressionados com a inteligência invulgar do serviçal, ambos os senhores calaram-se, comovidos, e o velho chefe, no mesmo instante, reconhecendo o disparate que era ter um homem tão sábio como escravo, deu-lhe a liberdade.
Esopo aceitou a libertação e tornou-se, mais tarde, um contador de fábulas muito conhecido da antigüidade e cujas histórias até hoje se espalham por todo mundo.
segunda-feira, abril 21
domingo, abril 20
Lanterna chinesa
sábado, abril 19
Cinema
Artigo sobre o centenário do cinema em Uberlândia no Jornal Correio de domingo, 13/04, me lançou em viagem no tempo.
Lembrei bem de quando aqui cheguei para cursar medicina veterinária na Universidade, ainda não Federal, de Uberlândia.
Uberlândia era uma cidade calma e encantadora. Cheguei na rodoviária antiga onde hoje está a biblioteca pública e, mineiro da capital que era, bom, que sou, de cara me encantei com as charretes estacionadas ao lado, sob as árvores, prontas a nos conduzir. Bucólicos táxis que eram, eu só as usava em meu trajeto até a "república".
Assustado assisti a demolição do antigo prédio do fórum ali na Duque de Caxias, mas tristeza mesmo me bateu quando numa manhã entrei no prédio do Cine Uberlândia, já em pleno processo de derrubada. Uma última e cinematográfica cena ficou para todo o sempre gravada em minha memória, não existiam ainda celulares com câmaras para registrar flagrantes do cotidiano ou da silenciosa tragédia urbana.
Onde antes havia tela e coxia, via-se enorme buraco. Toda a parede do fundo do palco havia sido jogada abaixo.
Do todo onde antes ficava a plateia, onde as poltronas se enfileiravam, sobrara apenas pregos, milhões deles, pois os tacos do piso também já haviam sido arrancados.
Do alto do já não existente corredor central da sala, nem lanterninhas, nem elegantes figuras, apenas alguns desolados e cabisbaixos fantasmas.
No imenso buraco em pó e tijolos moídos lá no fundo, uma última cena projetada: telhados de casas e copas de mangueiras, jabuticabeiras e goiabeiras dos igualmente desaparecidos quintais vizinhos da sala de projeção do centro da cidade. Acima do verde das árvores céu de um azul inesquecível, azul de cenário vivo.
Na Trilha sonora da derradeira seção de cinema, nenhum acorde de um Miklos Rósza, "O Ladrão de Bagdá", ou de um Bernard Herrmann, "Cidadão Kane", "Psicose", não, apenas o som/martírio das marretas, do arrastar de andaimes, e de paredes ruindo. Uma irreparável e perpétua lastima.
No Jornal Correio AQUI
sexta-feira, abril 18
quinta-feira, abril 17
quarta-feira, abril 16
Vistas
quinta-feira, abril 10
Interdição
Vai passar ou sair de nossa Uberlândia? Então olha só a confusão que vai enfrentar
Interdição da 365 começa às 14h
Só veículos de quem mora ou trabalha em Monte Alegre de Minas vão ser liberados
Manuella Garcia
Repórter
Jornal Correio de Uberlândia
O trecho de 240 quilômetros da BR-365, que liga Uberlândia a Chaveslândia, será mesmo interditado hoje às 14h. Durante a tarde de ontem, os agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) tomaram as últimas providências e decisões para o início da operação no posto, ponto onde começa a interdição. A principal novidade é que só serão liberados veículos de condutores que moram ou trabalham em Monte Alegre de Minas ou propriedades rurais nas redondezas.
Aqueles que quiserem chegar em Ituiutaba, Gurinhatã, Santa Vitória, Capinópolis e outras cidades vizinhas terão de tomar um caminho alternativo, que vai significar 60 quilômetros a mais no velocímetro. Os condutores deverão sair de Uberlândia pela MG-497 até o Prata e depois seguir pela BR-153 até o trevão, onde finalmente terão acesso à BR-365.
O chefe substituto do posto da PRF, Carlos Roberto Batista, ressaltou que todos os veículos passarão por uma triagem no local, que estará cercado por cones e cavaletes, além da viatura que vai percorrer todo trecho fiscalizando as estradas vicinais. A equipe de Uberlândia vai fiscalizar até Monte Alegre de Minas.
“É imprescindível que o motorista tenha em mãos um documento que comprove a necessidade de seguir viagem, como nota fiscal da empresa e comprovante de residência”, ressaltou Carlos Roberto. Até as linhas de ônibus que utilizam o trecho para outros destinos estão impedidas de trafegar pelo trecho. Segundo Carlos Roberto, a sinalização é responsabilidade do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transporte (Dnit) e o ideal é que ela seja colocada antes da saída da cidade, na altura do anel viário.
Ariovaldo Oliveira é contra a interdição "existem estradas piores"
A Polícia Rodoviária Estadual (PRE) será o órgão responsável pelo restante do trecho até a divisa com Goiás, confirma o alerta da PRF. A logística da operação é a mesma e o número de agentes foi reforçado para efetuar a fiscalização do trecho, além daqueles que ficarão de plantão nos pontos onde o trânsito será interrompido.
O Dnit já havia confirmado por meio da assessoria que vai instalar a sinalização de interdição, e ontem acrescentou que devem recorrer da decisão. Por enquanto, a determinação da Justiça Federal prevê liberação do trecho somente depois que forem realizadas intervenções para melhorar as condições da rodovia.
Medida divide usuários
A tarde de ontem foi movimentada no posto da PRF em Uberlândia. Muitos usuários freqüentes do trecho da BR-365 que será interditado procuravam por mais informações. Os mais prejudicados até agora são os tijucanos, que terão de dar uma volta para fazer o trajeto entre as duas cidades. A nutricionista de Ituiutaba Maria Carolina de Morais Ferreira, por exemplo, foi pega de surpresa. Ela chegou a Uberlândia pelo caminho convencional, mas terá de andar mais 60 quilômetros para voltar para casa.
Para ela, por mais que a estrada esteja caótica, a medida é muito drástica, já que vai prejudicar muito as pessoas que, como ela, percorrem o trajeto pelo menos uma vez ao mês. “É complicado porque vamos ter que gastar mais combustível e perder tempo. Fora que o caminho alternativo vai ficar muito movimentado. Na verdade, é uma obrigação do governo manter as rodovias em boas condições”, disparou.
O advogado de Uberlândia Ariovaldo Nunes de Oliveira aproveitou a volta da viagem a Itumbiara-GO e passou no posto para tirar algumas dúvidas. Ele terá que utilizar o trajeto de acesso por Araguari para chegar até a cidade goiana, onde costuma ir de 10 em 10 dias “São só alguns pontos. Existem estradas piores”, avaliou.
Renato Faria tem um posto e terá prejuízo, mas é favorável à medida
No entanto, apesar dos transtornos, muitos são a favor da interdição, desde que a pista seja recuperada. É o caso do proprietário de um posto de combustível na BR-452, próximo a Tupaciguara, Renato Barbosa Faria. “Eu acredito que o movimento vai diminuir, mas é melhor do que morrer um pai de família, o que não é difícil de acontecer com tantos buracos”, opinou.
Os caminhoneiros João Felix e Arthur Richter passam freqüentemente pelo trecho. Eles trabalham com transporte de minério do Rio de Janeiro até Goiás e consideram a interdição uma medida válida. “A parte pior é na região de Uberlândia. Tem mesmo que tomar uma providência para melhorar a situação”, disse João. “É um absurdo termos que enfrentar engarrafamento de até três quilômetros por causa de buracos”, complementou Richter.
Fonte:
segunda-feira, abril 7
Viva a vida
sábado, abril 5
Garças
Ontem ao final da tarde em céu de brigadeiro, passaram por sobre nossas cabeças em formação geométrica centenas de garças brancas. Silencioso vôo em direção ao oriente. Eram vários grupos em enormes e cinematográficos "vês" embelezando o céu.
Fiquei a pensar: quantas pessoas naquela hora tiveram o privilégio de observá-las?
A maioria dos humanos anda sisuda por demais, ocupada ao extremo para olhar para cima, para o alto ou para o firmamento. Estão, com os olhos fixos no chão, talvez, para não correrem risco de um casual cruzar de olhos nas ruas, no trabalho, nos bares e até em seus próprios lares. Ou estão, tão presas a invisíveis e resistentes amarras que se ocupam apenas a olharem para dentro de si mesmas. Na falta de ânimo, de coragem ou esperança, ficam elas próprias tão invisíveis quanto suas correntes imperceptíveis, vivendo em tristonho mimetismo de sobrevivência.
Mal sabem elas que aquele simples encontro casual de olhos pode mudar uma vida de maneira arrebatadora. Pode ser a chance única da descoberta da grande e sonhada paixão, pode ser o início de uma amizade sem precedentes, pode ser o encontro definitivo com um sonho, pode ser o começo de uma vida plena, feliz e verdadeira. Afirmo, por experiência própria, acreditem.
Grande e sumido amigo de longa data dizia repetindo um ditado chinês ou talvez, cunhado por ele próprio, que a sorte só tem muito cabelo na testa, e ela sempre vem ao nosso encontro de frente, um simples vacilo e se não seguramos com força aquelas longas tranças, ela passa ligeira, escapa, e não adianta mais tentar agarrá-la, pois sua nuca é calva, lisa e escorregadia, ela se vai intocada. Oportunidade única perdida para sempre.
Nosso cerrado por mais maltratado que esteja ainda tenta manter funcionando seu relógio da vida. O período do renascer, do despertar verde, da exuberância plena se vai calmo. As chuvas já se espaçando, raras ficam. E o ar seco com força retorna.
Nosso entorno natural, ou o que dele resta, já se prepara para o repouso. As aves migram, as folhagens caem como a aninhar com carinho maternal as pequenas mudas nascidas há pouco. Fruto de abundantes semeaduras da perpetuação.
O cerrado se prepara para o rigor do cinza e do silêncio. Para o pó acompanhado dos ventos áridos e incessantes, para as queimadas criminosas, que agora fazem, infelizmente, parte de seu flagelo sazonal.
Ontem, centenas de garças brancas em silencioso e harmônico vôo em direção leste, por sobre nossas cabeças passaram. Foram em direção de onde o sol nasce todo santo dia indiferente ao descaso das pessoas tristes, aos cartões corporativos, às epidemias de dengue, aos famigerados dossiês da maldade, aos golpistas em busca de vantagens em tudo, ao sarcasmo às medíocres mentiras oficiais. Mas, este mesmo sol nascerá sim, sempre com carinho luminoso para aqueles que sabem na vida pequenas grandes coisas admirar e se emocionar.
As garças, caro amigo, você as viu? Se não, atente-se, hoje ou quem sabe amanhã. Sempre haverá um novo espetáculo da vida, único e rápido a nos esperar em avant première. Basta querer, a entrada, assim como a maioria das melhores coisas das nossas vidas, é franca e prazerosa.
Em pdf no Jornal AQUI
sexta-feira, abril 4
Bodas de prata
Cavalgada
Atropelado por poeira sufocante
longe a pensar em ti por um frágil instante;
Um mar, um braço de rio, distâncias imensas a separar almas
por mais mansas que sejam aquelas águas calmas;
Corredeira, onda e maré, entre pedras verdes a cantarolar
trazendo saudade nostálgica por não mais sentir teu olhar;
Apagando devagar, aos poucos, lembranças, cheiros e imagens
Em árida agreste/vida, na seca e dura passagem, às vezes confusas miragens;
Entre cerração densa fechada da serra, busco um sorriso aberto
mas meu olhar aflito, nada vê, apenas um triste e vazio deserto/secreto;
Na cabeçada do arreio me apoio, corpo dolorido da jornada
nem rês perdida encontro, nas sombras das pedras e de tanta trilha confusa, cavalo e eu nos perdemos em imenso nada;
Apeio à tardinha para em coberta e capa passar a noite, ainda há esperança?
Amanhã continuo a busca, por rês, por trilheiro, por alguma de ti, tênue lembrança.
quarta-feira, abril 2
Análise sintática
"Esgotados os recursos da lei, a injustiça passa em julgado, tanto como a justiça, entrando no domínio dos fatos consumados. E, se a lei não concedeu recursos, deixando a solução do pleito um só tribunal, ou a um só juiz, a sentença deste na causa termina definitivamente o litígio, abrigando na região inacessível dos fatos consumados a justiça ou injustiça, consagrada no julgamento dessa autoridade singular."
Rui Barbosa