quarta-feira, abril 29

Futuro do pretérito

O que me espanta — espanta não, apavora — é que intervenções como a do estudante universitário em seu "desabafo", Passado e futuro - CORREIO - Opinião do Leitor 23/4 - me pareceram sinceras, verdadeiras em excesso. Ele realmente pensa assim, acredita piamente no que escreveu. Para ele, tudo que é passado: gente, fatos, obras não têm sentido e devem simplesmente ser esquecidos. O passado é feio e inútil no seu universitário entender. Passou mano, acabou!

Se fosse um deboche anárquico, típico de estudantes dispostos a criar polêmicas inteligentes e sadias apenas para se deliciar com as réplicas vá lá, afinal como cantou Flávio Venturini: "Minha linda juventude, páginas de um livro bom". No meu tempo era assim. Olha o passado aí outra vez a me lembrar o presente/futuro.

Quanto à referência a Joaquim José da Silva Xavier, o "tal" Tiradentes. Nada a comentar, lamentar apenas, profundo lamentar. Não passa nem perto daquele missivista que foram exatamente os ideais do nobre alferes que contribuíram, acenderam as chamas da esperança de liberdade, da justiça e estas, tempos depois, desaguaram na ponta de sua caneta, caneta é passado, teclado, pois, de quem não acredita em causa/efeito, e viriam permitir hoje que o indignado estudante pudesse expressar seu horror ao passado em público, livremente.

Em tempo: D. João VI carece lembrar, passado outra vez. Quem sabe não foi graças a ele que hoje, em tempos presentes, temos acesso aos produtos de Bill Gates, a sanduíches e refrigerantes calóricos oriundos das terras de Uncle Sam e Barack Obama? Pois foi ele, o VI João, que, em um passado 1808, determinou a abertura dos portos brasileiros às nações amigas. Estudante universitário, me ponha a pensar, de História certamente não o é, espero.





Publicado em Jornal Correio Opinião do leitor

Um comentário:

Anônimo disse...

Essa carta ao jornal Correio é um texto que precisa ser relido diversas vezes. Não por conta da qualidade - que inexiste. Mas, sim, para que possamos acreditar que um estudante universitário tem a capacidade de colocar tanta asneira em tão pouco espaço.
Das duas uma: ou não é um estudante universitário realmente ou o ensino superior brasileiro precisa ser reinventado.

PS.: William, podemos falar de Cruzeiro x Atlético agora?