terça-feira, julho 30

Corrida de Revezamento

Atenção sempre ao perigo de estrada corredores e romeiros. Olha onde esse caminhão realizou ultrapassagem ! Isso com escolta da Polícia Rodoviária.
O cara é doido!


160 atletas participaram da Corrida de Revezamento até Romaria

A 8ª edição da Corrida de Revezamento Uberlândia/Romaria, realizada no último sábado (27), teve a participação de 160 atletas entre profissionais e amadores que fizeram o percurso Uberlândia/Romaria, na distância de 90km pela BR-365. A prova não tem caráter competitivo e os atletas percorrem em grupos e percursos pré-definidos.

“É a primeira vez que participo da corrida. Foi muito organizada, o pessoal mais experiente me deu algumas dicas durante o percurso da corrida. Muito bom mesmo”, disse Felipe Marques Borges, de Catalão, que participou da corrida pela primeira vez.

“Foi muito boa a corrida. A sensação de chegar em Romaria, cumprir o objetivo da corrida, é uma sensação maravilhosa, indescritível”, comentou Wyara Cristina Neves, que participou pela terceira vez da prova.

“Estamos muito satisfeitos de termos realizado mais uma edição da corrida de revezamento. Muito obrigado aos corredores, aos funcionários da Futel, a prefeitura de Romaria, e as polícias Militar e Rodoviária Federal, além da Secretaria de Trânsito e Transportes pelo apoio”, comentou Zezinho Mendonça, diretor geral da Futel.

A Corrida de Revezamento Uberlândia/Romaria é uma realização da Fundação Uberlandense de Turismo Esporte e Lazer e destinada aos praticantes da modalidade “Corrida de Rua”, amadores ou profissionais.


Fonte: Portal da Prefeitura de Uberlândia

sexta-feira, julho 26

Reunião





Não tem situação mais estranha do que participar de reunião onde não se conhece ninguém. Reunião esta que pode até ser festiva, mas que, curiosamente, são as mais constrangedoras. Você recebe o convite de um grande amigo e sabe que não pode faltar. Pega mal. Lá chegando, meio que sem graça, dá uma volta por todo o ambiente e nada do tal amigo aparecer. Solução: busque uma mesa, a mais afastada possível de tudo e todos, de preferência encostada em alguma parede. Seu campo de visão é vasto e pouco se é notado. Arme-se de um meio sorriso sem graça e fica a observar o movimento. A ansiedade cresce a cada minuto que passa sem que nenhum rosto conhecido apareça, não precisa ser amigo, só conhecido.

Já encontrou com conhecido de Uberlândia em algum lugar do mundo durante viagem? Pode ser no litoral do Nordeste, em Orlando ou Viena. Essas pessoas, que nunca em tempo nenhum lhe dirigiram um aceno que fosse, fazem a maior festa, como se tivessem sido criadas na mesma rua e crescido juntas. Quem de longe observasse ficaria encantado com tanta gentileza e alegria. Pois bem, volte para cá e cruze com estas mesmas pessoas na rua, no clube, no teatro ou em algum restaurante. Baixam os olhos à sua passagem e você volta a ser o desconhecido de sempre, do qual querem a maior distância possível. Juro, nunca entendi esse comportamento bizarro. C’est la vie, penso eu, cada um com seus problemas e esquisitices.

Em reuniões, a situação é quase a mesma. Um rosto conhecido se aproxima e você lá, com sorriso suplicante, recebe um olhar, com certo pouco caso. O máximo! Sente-se em casa e aquele sujeito passa, por alguns segundos, a ser seu maior confidente, conhecedor de todos seus mais profundos segredos. O cara aproxima-se, o cumprimenta nem tão efusivamente e segue caminho. Seu olhar se dirige para o arranjo da mesa, cutuca uma flor, ajeita o vaso. A vontade é de se esconder atrás dele como se fosse moita.

Finalmente chega a bebida e o garçom passa a ser a bola da vez. Ele é o único que vem à sua mesa com
frequência, enche sua taça, troca algumas palavras. O esforço para tratá-lo bem é máximo. Não que queira prioridade em atendimento, mais fartura de bebidas, copo sempre cheio ou maior variedade de folhados e canapés. Nada disso. Você deseja apenas e unicamente companhia.

Aos poucos, a bebida começa a fazer seus loucos e relaxantes efeitos. Nada mais importa. A festa fica linda, onde até arriscar alguns passos na pista de dança acontece. A noite passa, finda e a volta para casa de táxi é doce e feliz. Valeu a pena.

Reuniões de trabalho são mais ou menos assim, quando poucos são os conhecidos. Olhares desconfiados sempre surgem: quem é esse cara a invadir nosso ambiente seguro?

Sou meio arredio para reuniões. Semana dessas, fui representar minha coordenadora em uma. Obviamente conhecia algumas pessoas lá presentes e tinha certo domínio sobre o assunto abordado. Fiquei encantado com a condução. Organização e timming perfeitos. Recado bem dado. Altamente produtiva. Único entrave foi que, marcada para tal hora, só começou bem mais tarde. Faltou pontualidade de alguns.

Mineiramente, já que ali estava como observador, tentei agir como a coruja do português comprada como sendo papagaio. Perguntado se o bicho falava, retrucou: olha, falar, fala não, mas presta uma atenção!





Publicado em Jornal Correio de Uberlândia em 26/07/2013


segunda-feira, julho 22

Galo forte



Nunca me imaginei escrevendo sobre futebol, mesmo nascendo em berço alvinegro, no bom e velho bairro dos funcionários em Belo Horizonte. Lá é assim: ou se é atleticano ou torce para aquele time que se veste de azul, cujo nome não pronunciamos tal qual um Voldemort, o “Você-sabe-quem” da saga de Harry Poter. Fica uma beirinha de gente para torcedores do América, geralmente mais erada e saudosa de histórico decacampeonato mineiro – 1916 e 1925 – só isso. Estranho, meu editor de textos insiste em sublinhar de vermelho a palavra “erada”. Não está nos dicionários online e, para espanto meu, nem no Google. Ora viva! O nosso falar do interior das Minas e Goiás não foi indexado na rede. Mas, para sossego, consta do “Aurélio” de papel. Como é bom folhear um bom dicionário, descobrir palavras, brincar de significados. Música de páginas passando, cheiro de verbetes e transcrições fonéticas.

Quarta-feira 10 de julho foi especial. Como aqui as emissoras de televisão ditam as cartas e eu tenho obrigatoriamente que acordar cedo, fica impossível até pensar em assistir a um jogo completo. Somos forçados a esperar até as 22h para começar. Como sou do dia, dormir tarde equivale a um porre de vinho de má qualidade. Mas esta ressaca valeu a pena.

Adorei sair de casa de óculos escuros para esconder as olheiras, troféus.

A ideia, como de costume, era ver um pedacinho do primeiro tempo e ir direto para a cama. Resultado só no dia seguinte. Como são poucos os atleticanos em Uberlândia não podia contar com foguetório para ir me dando placar. Se fosse time de São Paulo ou Rio daria para acompanhar apenas pelo espocar de
rojões.

A visão do Independência sacudido por uma massa linda e vibrante bateu forte. Daria muito para poder lá estar. As imagens dos rostos, da fé, os gritos de “Eu acreditoooo!!!” eram de fazer arrepiar o mais frio dos
humanos.

Aos dois minutos e meio, o pequeno Bernard recebe passe mágico de Ronaldinho e coloca a bola por entre as pernas do goleiro “hermano”. Tive que ver até o fim. Sozinho, sentado o tempo todo só com a ponta da bunda no sofá, tamanha a aflição. A espera do segundo gol que não vinha. Imagens de olhos rasos d’água por toda a torcida, apego e rezas a tantos santos, até para alguns que nem existam formalmente.

A resposta dos céus veio pelos pés de Guilherme. Meu grito deve ter acordado vizinhos. Cães da vizinhança latiram preocupados. Um ou dois foguetes lá longe. Tem pelo menos mais meia dúzia de atleticanos em algum lugar. A série de pênaltis também foi sofrida. Aliás, tudo na vida atleticana é sofrido e é por este motivo tão preciosa e valorizada. Jô e Richarlyson, o quê foi aquilo? Querem matar a maior torcida de Minas de susto? Ainda bem que “los hermanos” Casco e Cruzado retribuíram a gentileza. “São” Victor voou como ave pantaneira e despachou o Old Boys. “Hasta la vista, baby”!
Acordar no dia seguinte foi uma batalha. Mas valeu a pena a fala rouca dos gritos espontâneos e a difícil tarefa de conciliar sono profundo, pois a agitação não deixava. Valeu a pena mesmo. Alma lavada.

Galo cantou. No meu quintal, em meu coração. Galo cantou e seu grito ecoou por toda Minas Gerais. Galo forte vingador.
Pena, a decisão será no Mineirão. Se não fosse, já poderíamos levantar a taça da Libertadores, pois está mais do que comprovado: “caiu no Horto, está morto”.





Publicado Jornal Correio  em 21 de Julho de 2013

domingo, julho 14

Plebiscito




Agora mais essa, resolveu-se criar plebiscito. Assim do nada e em momento conturbado. Resolveram consultar o povo finalmente. Parece-me mais uma artimanha do que proposta de resolver qualquer coisa. Um decreto da plebe, pois é esse o significado de plebiscito. Serve para um monte de coisas, inclusive para tapar sol com peneira. O último que aconteceu por essas bandas foi para que nós povo escolhêssemos se queríamos monarquia parlamentar ou República; parlamentarismo ou presidencialismo. A consulta popular foi feita em 1993 e venceram a República e o Presidencialismo. Ninguém quis rei ou rainha de volta.

Bastava-nos Roberto Carlos e Xuxa. Depois, em 2005, toca-se referendo sobre desarmamento das pessoas de bem e esse recebeu um tremendo NÃO de quase 70% de população fatigada de ver arma só em mãos bandidas.
Atenção, plebiscito e referendo são atos distintos. Basta consultar um bom dicionário ou jogar no Google. Mas cuidado com o Wikipédia. O tal plebiscito de agora, a meu ver, já começa errado.
A parte interessada já propôs as perguntas.

O certo seria consulta ampla antes, para saber quais perguntas deveriam ser feitas. Primeiro seria feito um referendo para saber se nosso povo quer ou não o tal plebiscito.
Se a resposta for não, para por aí e segue o bonde. Se a resposta for sim, criar-se-iam comissões Brasil afora para decidir quais as perguntas ali seriam feitas, por região.

Feito isso, delegações se reuniriam em intermináveis assembleias e ali, por alguns meses, ficariam discursando em púlpito, bramindo e gesticulando em defesa de seus pontos de vista. Depois de todos cumprirem o ritual da gritaria, votariam as tais cinco perguntas e, novamente, levariam referendo ao povo. Tudo certo agora? Não. Desconsiderar-se-ia tudo, por entender que não foi assim tão democrático, mantendo-se as perguntas originais oferecidas pelo governo. Ou, como os Gauleses da aldeia de Abracurcix, recolhem-se os votos, atiram-se as urnas lacradas ao mar antes de sequer verificar conteúdo.

Para piorar, se tempo hábil houver, escolheram as eleições do próximo ano para o tal plebiscito. Já viu a dificuldade que grande parte da população tem em votar ao mesmo tempo para presidente, governador, deputado estadual, deputado federal e senador? Agora incluir mais cinco perguntas que se desdobram em outras tantas? Vai ser calamidade. Horário de pico em estação de metrô, congestionamento de marginal em São Paulo em dia de chuva, coisas que só vemos pela mídia. Estará mais para vestibular, Enem, do que para eleição.

Acredito que todo brasileiro minimamente informado já tenha suas perguntas formuladas. Tomo a liberdade de apresentar as minhas e levá-las à subcomissão de assuntos de plebiscito, assim que for criada. Aí vão elas:

Voto distrital, é claro; fim da remuneração de vereadores, edil apenas altruístas; fim do voto obrigatório; fim de qualquer espécie de financiamento de campanha; fim da reeleições em todos os níveis; criação do “recall” sugerido pelo ministro Joaquim Barbosa: Não trabalhou, quem elegeu demite.
Fim dos suplentes no Senado não vai nem listar, pois considero a existência parasitária destes de um surrealismo digno de Buñuel.

Tenho várias outras sugestões que certamente não serão acatadas, mas fazer o quê, aqui é Brasil, e tudo se resolve por intermédio de ardis. Já vi esse filme.

Publicado no Jornal Correio de Uberlândia em 13 de julho de 2013


terça-feira, julho 2

Canseira


Imagem agoraencena.blogspot.com.br

Ando árido de pouco escrever. Parece que a fonte secou ultimamente. Secura de mundão que em tudo imita um sertão de Rosa e Euclides – quanta intimidade com gênios imortais. Deve ser cansaço, descrença ou espanto. Talvez os três – tríade da desesperança que, espero, seja momentânea.

Não que falte assunto, isso nunca. Aliás, estamos passando fase de alta safra de temas, prato cheio para jornalistas, palpiteiros e rodas de prosa. Enumero sem me apegar a cronologia. Comecemos pelo que nesse momento sacode o país: as manifestações populares Brasil afora em proporção só vista em minha humilde vivência e das quais participei ativamente durante as “Diretas já” e no “Fora Collor”. Só isso daria um livro. Observo atento, apoio irrestrito.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) número 37, que amordaça nosso Ministério Público, é uma afronta à nossa jovem democracia. Já pensou a farra se o MP fosse proibido de conduzir investigações criminais? Inimaginável.

Mais assunto? Tome: a aprovação pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados do projeto de lei conhecido como “cura gay”, pelo qual psicólogos podem propor tratamento para o homossexualismo. Felizmente os psicólogos não pensam assim. Eu não sei se pulo de uma ponte ou mudo de planeta. Pelo que sinto, a idade das trevas retorna com seu manto de ignorância, intolerância e maldade, só que, desta vez, sob o comando de outra igreja. Será que entre eles não existem mentes brilhantes como um Dom Helder Câmara?

“Mariama, Nossa Senhora, mãe de Cristo e Mãe dos homens!
Mariama, Mãe dos homens de todas as raças, de todas as cores, de todos os cantos da Terra. Pede ao teu filho que esta festa não termine aqui, a marcha final vai ser linda de viver.”

Um Frei Betto? Um Frei Tito? Que, exilado, mortificado pelas torturas sofridas durante a ditadura, suicidou-se em Lyon na França e, mesmo assim, lhe foi permitido enterro em campo santo: “São noites de silêncio./ Vozes que clamam num espaço infinito./Um silêncio do homem e um silêncio de Deus./ Talvez seja esta a voz humana, de nosso tempo”.

“Lasciate ogni speranza, voi ch’entrate! Abandone toda a esperança, vós que entrais aqui! Tito se lança a Dante para título de seu derradeiro poema”. Imaginem a angústia e sofrimento desse homem.

Não, não é falta de assunto. Corrupção generalizada e institucionalizada, prato cheio. Mais desatino? Aprovação do “Ato Médico”. Que doido!

Ronaldinho diz que não se faz copas com hospitais. Pelé bagunça o coreto, em declaração esclerosada pedindo ao povo que abandone as manifestações. Tirando um Tostão, um Sócrates, um Ray, um Reinaldo, um Zico e mais meia dúzia, chego à triste conclusão que a maioria dos jogadores sofre de deslocamento de órgãos: o cérebro se deslocou para os pés. Romário tinha razão. Pelé calado é um poeta.

Vejo com nó na garganta um país se esboroando ao vento e me sinto acordando de um sonho que, em sua fase mais profunda, tornou-se pesadelo. O chão de milhões balançam em dúvidas sobre futuro incerto. Não é falta de assunto, este sobra. Reflexos da tríade lá do alto. Mas passa, como tudo passa.

Em último recado, para aqueles que acreditam que o movimento é coisa de preço de tarifa de transporte, transcrevo aqui a melhor frase que vi em todas as manifestações: “Enfia esses R$ 0,20 no SUS”.

PS: Acho que este dito do cartaz será impublicável.






Publicado Jornal Correio em 2 de julho de 2013