Monstera saborosa
foto: William H Stutz
Relendo deliciosa coluna de Ivan Santos de vinte e nove de julho bem cedo. Sou dado a guardar leituras que me agradam, volta e meia retorno a elas. Cada leitura parece diferente.
Do nada um “plaft”. Conhecedor da origem do barulho me levanto manso busco caminho da porta.
Jornaleiro madrugador esse. Da chegada do jornal só escuto o tombo dele aterrissando em minha varanda, imagino o aranzé, milhões de letrinhas se espalhando pelo piso, confusão generalizada para, às pressas voltarem ao lugar e remontarem palavras, talvez seja por isso que quando em vez encontramos letras trocadas, nada a ver com revisão, não deu foi tempo de chegar ao lugar certo. Fotos às vezes saem em locais errados, deve ter sido o balanço.
Posso usar como despertador nosso entregador de jornal, mas se assim fizesse chegaria cedo demais ao trabalho.
Saio cedinho às vezes dia abre bocejo multicolorido bem a leste quando pego rumo, o dia ainda com preguiça de amanhecer, mas junto ao portão, lá está meu exemplar do CORREIO.
Quando em vez me permito sono mais profundo, sábados, domingos, feriados fico mais um tempinho deitado, mas logo e, como relógio suíço me vem o aquele “plaft” do jornal atirado com precisão de mira laser e o arrancar da moto do entregador de notícias.
Durante a semana, ou estou no banho, ou longe no quintal a conferir orvalho a escorrer em imbés de largas folhas, às vezes trocando água do bebedouro dos passarinhos que já se acostumaram com essa fonte de água e saem de longe para saciar sede de garganta seca de fumaça de carro e queimadas. Ninguém vejo.
Por falar em imbé, ano passado ganhei de amigo de longa data, Zé Mesquita uma muda de Monstera saborosa a folha é de tamanho e aspecto jurássico e ainda dá fruto que, segundo meu querido Zé – Doutor de olhos – médico competente que com sabedoria cuida das vistas para que as pessoas não percam a beleza da vida e possam não apenas ver, mas enxergar.
Era a fruta preferida da princesa Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon, ufa! Isso não é um nome, é escalação de time de vôlei com reserva e tudo. Esta linda planta também é fonte de orvalho a matar sede de joaninhas e pequenos passarinhos.
Recolho jornal no alpendre. Já percebeu que jornal recebido em casa também é fantástico indicador meteorológico? Se vier com saquinho de plástico, a chance de chover é imensa, se vem só com gominha amarela é sol certo.
Mas voltando à coluna de Ivan de “Campanha eleitoral morna”. Por uma coincidência logo hoje, mais de mês depois da publicação, me deparo em esquina, monte de moças bonitas, de pernas de fora apesar do frio matinal a abanar bandeiras de candidato. Sempre fico com um aperto na garganta quando vejo cenas como esta, repetidas de dois em dois anos. O que será que passa na cabeça das meninas? Quanto vale tamanha exposição pública?
Quanto ao vizinho de bairro de Ivan que disse que só vota em quem criar a figura de “Mamãe Noel”. Acrescento. Tem também que corrigir uma aberração criando a “coelhinha da páscoa”, afinal onde nesse ou em outro mundo que coelho macho bota ovo?
Publicado Jornal Correio em 7 de Setembro de 2014
2 comentários:
Crônica saborosa... com aroma de amanhecer colorido...
Adorei as letrinhas do jornal se espalhando e se reorganizando...
E bendita a água e o orvalho para os passarinhos !
Uma crônica para ser lida, e guardada.
Obrigado amiga :~)
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