Nossa língua é uma viagem. Já observaram quantas palavras soam como uma coisa e na verdade é outra totalmente diferente? Pensei aqui algumas que sempre me levavam a outro lugar e as compartilho com você, que tem a paciência de ler minhas elucubrações. Pronto, aí já está uma das recolhidas na tarrafa da curiosidade. Tá certo que ela significa exatamente o que quer dizer, mas pense que louco, se você passou a noite estudando, você elucubrou pra caramba. Sabia? Porém essa é um nadinha de nada.
Ando com uma “osfresia” danada. Meu Jesus Cristim, já procurou um médico? Tenho um amigo que quase morreu disso. Ainda mais se for acompanhada de “iscnofonia”, aí, lascou. É, acho que você tem razão, vou ligeiro. Será que isso pega? Vou avisar o pessoal do laboratório, pois vai que passei isso para alguém, quero carregar culpa não. Ouvi contar que chá de “ginge” é bom para esse trem. Ponha umas gotinhas de “abléfaro” que passa em dois tempos.
Bom, estimo melhoras. Vou aproveitar o bom tempo e ver se aproveito o manso do rio para um “náfego” tranquilo. Cuidado com o “Zafimeiro”, dizem que em agosto ele anda solto pelos cantos, um perigo.
Vale puxar reza, senão novena. Esse agosto é de agouro marrento, redemoinho e sacis a solta, é de tomar cuidado, vigília.
Vou-me antes do acainhar dos cães no trecho e, se tiver sorte, ainda pesco meia dúzia de “arúspices”, já que é tempo delas. Dá uma moqueca de lamber beiço.
Pois não é? Cada palavra no seu galho. Só não entendo os motivos pelos quais elas me levam a pensar longe coisa que não é, mas lembrança faz nascer. Tem língua mais repleta de histórias e passagens de Marias-Fumaça do que a nossa? Querida e rica língua pátria. É “acontista” de nascença.
Outro dia, meu filho me apresentou uma. Ao sair apressado para buscar um capotraste, perguntou a passadas se eu queria alguma coisa. Pensei ligeiro, pois estava mesmo com fome e, ainda sentindo o vento de sua saída, respondi:
Traz um pra mim também. Pode ser mal passado! Atentei que ele parou. Quietou alguns segundos e voltou de fasto. Colocou só a cabeça pra dentro e, com sorriso armado, perguntou:
Como é que é? Aí, falei: uai, pode não? Estas coisas se não forem malpassadas perdem o gosto.
Pai, capotraste não é de comer, é para o braço do violão, como se fosse uma pestana.
Aí, parado fiquei eu. Certo, respondi, mas que tem som de comida e boa tem. Se não é, deveria ser. E outra, pestana pra mim é fio de cabelo da pálpebra ou, quando muito, é puxar uma palha, de preferência em rede depois do almoço, numa deliciosa preguiça mineira.
É cada uma!
Outras estranhices que mostrei vou contar significado não, deixo busca no dicionário, mas só vale o de papel, aquele livrão grosso e com aroma de muita coisa contatada. Fica de presente para você. Enquanto isso, tome um belo “Cabotino”, acompanhado de deliciosa “viscacha”, não há quem resista.
2 comentários:
Lasquera, sô! cê causo um bololo na minha cabeça. Fiquei matutanu dimaidaconta pra entende. Mas gosdimais dos causo que cê conta.
Tudibão, obrigado pela oratória. Confusão? Confusão, tem que assistir pois é cachorro acuando ouriço-cacheiro em tuia de fazenda. Ai sim tem piseiro!
Postar um comentário