Certa feita ganhei uma caixa. Madeira de lei porém de rústico entalhe.
Era verde por pintura o lado de fora e, depois descobri, era estranhamente laranja por dentro.
Em sua tampa havia uma anônima inscrição:
A caixa sempre contém um segredo: encerra e separa do mundo aquilo que é precioso, frágil ou temível. Embora proteja, também pode sufocar.
Em suma, quer seja a caixa ricamente ornamentada ou de uma simplicidade absoluta, ela só possui valor simbólico por seu conteúdo, e abrir uma caixa implica sempre um risco.
Nunca descobri o autor. Triste.
Achei lindo. Corri o risco, abri a caixa, foi quando milagrosamente me atentei à sua mística cor interna .
Depois dela muitas caixas vieram dar em minhas mãos – nunca as busquei e como as latas de uma amiga, elas me encontram, me escolhem, tornam-se voluntariamente minhas. Próprio querer, vida.
De tantas nunca receei abrir alguma.
Pandoras caixas muito mal me fizeram e aos que amo. Com a alma, uma a uma estas fechei, força pra corrigir o mal feito.
Outras, a maioria, me trouxe leveza e poesia.
As caixas continuam a me encontrar. Não receio. Anseio em abri-las, afinal aqui estamos para riscos correr. Sem eles que graça há?
William H. Stutz - março 2007
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