quinta-feira, junho 28

Conhecer para proteger



Foto de Diphylla ecaudata por Márcia Baptista - Projeto Vida de Morcego
enviada para nosso Projeto Morcego Livre

Recebi de Ludmilla Aguiar bióloga pesquisadora e especialista em morcegos da EMBRAPA - DF.
Um exemplo de raro trabalho não apenas sobre morcegos, mas para os morcegos.


27/06/2007 - 07h10
Morcegos que contraíram raiva são nocivos por pouco tempo, diz estudo
da France Presse, em Paris


Um estudo a respeito da raiva entre os morcegos conforta a decisão tomada pela União Européia de proteger estes mamíferos, afirma um estudo a ser publicado nesta quarta-feira (27) pela revista americana "PloS ONE". O vírus da raiva analisado não está presente no Brasil.

O estudo, "o maior já realizado sobre morcegos", ficou a cargo dos especialistas Hervé Bourhy (Instituto Pasteur, Paris) e de Jordi Serra-Cobo (Universidade de Barcelona, Espanha).

Foram acompanhados mais de 800 morcegos insetívoros da espécie Myotis myotis (morcego rato-grande) nas ilhas Baleares, na Espanha, por 12 anos.

Os pesquisadores calcularam o tempo durante o qual um morcego infectado poderia contaminar outro animal: cinco dias em média.

Os estudiosos demonstraram que a infecção pelo vírus responsável pela raiva não provoca a morte dos morcegos e não modifica seu comportamento, ao contrário do que acontece entre os cachorros e as raposas, por exemplo.

"Mesmo que nós tenhamos confirmado o risco potencial de transmissão do vírus responsável pela raiva dos morcegos ao homem, nós também mostramos, pelo menos com relação à espécie estudada, que este risco é limitado no tempo", comenta Hervé Bourhy.

"A dinâmica da infecção entre os morcegos põe em evidência a decisão tomada pela Europa de proteger estes animais e de não destruir as colônias nas quais há raiva", disse ele.

"A única medida razoável hoje é, como o que foi feito em Baleares, de proibir o acesso às grutas que abrigam os morcegos suscetíveis a serem infectados", afirma o especialista.

A raiva, fatal e mais freqüentemente transmitida por cães, causa cerca de 50 mil mortes por ano no mundo. Não há tratamento após a instalação da doença --a única possibilidade de combatê-la é por meio de tratamento preventivo, com vacina.

Os morcegos estão na origem de poucos casos entre humanos. Na Europa, apenas quatro foram registrados desde 1985: um na Finlândia, um na Escócia, um na Ucrânia e um na Rússia.

As unidades do Instituto Pasteur em Paris e Túnis coordenam o programa (www.rabmedcontrol.org) financiado pela União Européia, com o investimento de aproximadamente R$ 2,8 milhões em três anos. A intenção é eliminar a raiva da África do Norte. A doença provoca centenas de mortes por ano na região.

Na França e na União Européia é proibido matar, capturar ou comercializar morcegos. Tocar em um animal doente ou morto é algo desaconselhável.

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