terça-feira, maio 27

Lava-pés

Olha a gente lá, conto classificado no 1º CONCURSO CONTOS DE CAMINHONEIROS
Anjos de Prata e Mercedes-Benz
depois mostro o Lava-pés.

Gambá



Gambá nervoso
feijão no fogão aguardando lenha
quem disse que ele queria,
perdeu pouso, quase perco comer

segunda-feira, maio 26

Trópicos

Alva flor-de-maio e rubro urucum se enlaçam em selvagem vegetal paixão
Amizade colorida.





sexta-feira, maio 23

SUS...to

Recebi de Beto de BH,
seu convênio te ampara tanto assim?

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terça-feira, maio 20

O malfazejo guabiru

Agradeço a generosidade do escritor Clarimundo Campos por, com tanta cordialidade, nos citar em sua crônica do Jornal Correio, repasso aqui para deleite dos amigos sonora prosa.


O malfazejo guabiru
Clarimundo Campos *

Fiquei sabendo pela TV que este ano é o Ano do Rato no Japão. Como tomo um pouco do comportamento do rato no seio da sociedade humana, fiquei encafifado demais. Então liguei pro Ivan Santos, que é o cara em matéria de saber das coisas. Ele confirmou a notícia e acrescentou que também na China é o Ano do Rato. Que cartaz elevado tem o rato por lá!
Na atual República Tcheca, certa vez, caíram na besteira de acabar com as cobras. Aí, foi um Deus nos acuda. Surgiram tantos, mas tantos ratos, que não sobrava comida para os humanos. O jeito foi o governo de lá importar 10 mil cobras. O mesmo aconteceu em Borneo, para onde mandaram gatos por via aérea.

Sabia, por alto, que o rato transmite ao homem algumas doenças, como a hantavirose, causada por vírus, e a leptospirose bacteriana. Convém você fazer como eu: para ficar por dentro de tão graves moléstias falei com o William Stutz, competente médico veterinário sanitarista. Depois me lembrei da peste bubônica, também transmitida pelo rato, tendo como vetor a pulga. Nota-se, portanto, que com o rato não se brinca. É fácil deixar que ele não nos incomode em nossas casas e quintais. Basta jamais deixar comida dando sopa em tais ambientes. A barata também não é de brincadeira. A nojenta só vive no recesso fresquinho dos esgotos. Aqui na nossa casa, que tem um vasto quintal, ela não tem vez porque coloquei ralos com telas finas em todos os orifícios que têm acesso aos esgotos. A ausência da barata é um sossego: ela, suculento inseto, é a mais apreciada iguaria dos escorpiões. O melhor modo de combatê-los é com a ajuda da galinha caipira. Segundo me ensinou o doutor Stutz, a de granja não serve: a infeliz não sabe ciscar.

Quem sabe os orientais comem ratos? Quem sabe os de lá são do tamanho da cutia? Mesmo os pequenos, tenho coragem de comê-los. Deve ser uma delícia um pernil de rato bem torradinho e crocante.
Deixo para o leitor mais chegado em política e homens públicos, escrever um tratado sobre os malfazejos guabirus de colarinho branco, que infestam este país e o mundo.

Clarimundo Campos é
Engenheiro Agrônomo e escritor.
Suas crônicas são publicadas aos sábados no Jornal Correio

sexta-feira, maio 16

Metamorfose

Reescrevendo um momento




No fundo, bem no fundo todos nós queremos mudar, buscamos mesmo inconsientes a transformação redentora, o sonho repetitivo, escondido e reprimido.

Metamorforse completa, de felpuda e urticante lagarta a bela colorida borboleta, mas com o poder de cegar aqueles que suas asas tocarem.

O que na maioria das vezes nos falta é coragem para enfrentar o trauma que toda mudança traz em seu bojo.

Assim continuamos batendo de frente com as coisas/pessoas/lugares/situações que nos machucam.
Mas a certeza da mudança por si só redime;
é um grande alento.

quarta-feira, maio 14

Campo-santo



A recente discussão sobre a localização do novo cemitério me fez lembrar de duas grandes obras literárias. Uma delas, a obra-prima de Gabriel Garcia Márquez "Cem anos de Solidão" e a outra de nosso genial Érico Veríssimo: "Incidente em Antares". A primeira nos remete ao lado surreal do acontecimento e a forma como vem sendo tratado. Quem acidentalmente der de encontro a um caloroso debate sobre o assunto pode pensar se tratar de uma questão de Estado ou de um profundo confronto arqueológico tamanho alguns disparates recitados por recém-constituídos e auto-proclamados especialistas em implantação de novas necrópoles. Até o Aqüífero Guarani, em seu profundo, silencioso, frio e manso existir foi envolvido no debate. Mas a mobilização maior parece ser sobre a futura localização do campo-santo.

Embates políticos à parte, o que me chama a atenção é o exercício de futurologia sobre a provável reação da população. Particularmente, não acredito que haja tanta polêmica assim, porém alegam alguns que outros alguns não querem um cemitério nas proximidades de seus bairros, de suas casas e que não foram sequer consultados sobre este e tantos outros frágeis argumentos do gênero. Quanto a isso me ponho a pensar: do jeito que alguns vizinhos andam barulhentos, agressivos e mal-educados não seria um prêmio, uma bênção, ter a paz e a tranqüilidade de um cemitério como condomínio vizinho? Será que, em tempos de viventes bem vivos tão perigosos e ladinos, ainda temos medo de assombração? Ou como ocorreu na Antares de Veríssimo seria medo dos mortos?
Medo de imaginar que, por algum motivo, mesmo que não necessariamente uma greve que impedisse os coveiros de trabalhar ou uma repentina falta de sepulcros disponíveis, se aqueles passassem a vagar pela cidade, remexendo a intimidade de parentes, amigos e aqui em particular dos que deles mortos gracejam? Ou talvez quem sabe, queiram alguns transformar nossa bela Uberlândia em sombria, isolada e chuvosa Macondo e que nós, como personagens de Garcia Márquez, passássemos a carregar às costas não apenas lembranças e saudades, mas também os ossos de nossos antepassados?

Debate sim. É saudável e só faz bem. Mas senhoras, mas senhores, um pouco mais de respeito ao descanso eterno dos que se foram não prejudicaria a ninguém e acreditem: o respeito aos vivos também traria muito conforto às nossas já tão sofridas almas e mentes e nos livraria do mal, amém, de certas discussões vazias e que não raro beiram o nonsense.




Jornal Correio
Opinião do leitor
14/05/2008

terça-feira, maio 6

Pausa

Não, não sumi assim de todo. Apenas em pausa para metabolizar horrores recentes. Horrores naturais e humanos.
Tufões, tormentas, ciclones; mortes.
Crianças violentadas, assassinadas, congeladas. Morte em vida, eternamente para algumas.

Não, não sumi assim de todo.
Apenas parada para respirar fundo, e buscar coragem para encarar tanta maldade.

Uma pausa para seguir em frente.
Infinda perversidade humana, incurável.
Vingança da agredida natureza, revide?





(Sadness - óleo sobre tela de Marleen De Waele-De Bock)