Agradeço a generosidade do escritor Clarimundo Campos por, com tanta cordialidade, nos citar em sua crônica do Jornal Correio, repasso aqui para deleite dos amigos sonora prosa.
O malfazejo guabiru
Clarimundo Campos *
Fiquei sabendo pela TV que este ano é o Ano do Rato no Japão. Como tomo um pouco do comportamento do rato no seio da sociedade humana, fiquei encafifado demais. Então liguei pro Ivan Santos, que é o cara em matéria de saber das coisas. Ele confirmou a notícia e acrescentou que também na China é o Ano do Rato. Que cartaz elevado tem o rato por lá!
Na atual República Tcheca, certa vez, caíram na besteira de acabar com as cobras. Aí, foi um Deus nos acuda. Surgiram tantos, mas tantos ratos, que não sobrava comida para os humanos. O jeito foi o governo de lá importar 10 mil cobras. O mesmo aconteceu em Borneo, para onde mandaram gatos por via aérea.
Sabia, por alto, que o rato transmite ao homem algumas doenças, como a hantavirose, causada por vírus, e a leptospirose bacteriana. Convém você fazer como eu: para ficar por dentro de tão graves moléstias falei com o William Stutz, competente médico veterinário sanitarista. Depois me lembrei da peste bubônica, também transmitida pelo rato, tendo como vetor a pulga. Nota-se, portanto, que com o rato não se brinca. É fácil deixar que ele não nos incomode em nossas casas e quintais. Basta jamais deixar comida dando sopa em tais ambientes. A barata também não é de brincadeira. A nojenta só vive no recesso fresquinho dos esgotos. Aqui na nossa casa, que tem um vasto quintal, ela não tem vez porque coloquei ralos com telas finas em todos os orifícios que têm acesso aos esgotos. A ausência da barata é um sossego: ela, suculento inseto, é a mais apreciada iguaria dos escorpiões. O melhor modo de combatê-los é com a ajuda da galinha caipira. Segundo me ensinou o doutor Stutz, a de granja não serve: a infeliz não sabe ciscar.
Quem sabe os orientais comem ratos? Quem sabe os de lá são do tamanho da cutia? Mesmo os pequenos, tenho coragem de comê-los. Deve ser uma delícia um pernil de rato bem torradinho e crocante.
Deixo para o leitor mais chegado em política e homens públicos, escrever um tratado sobre os malfazejos guabirus de colarinho branco, que infestam este país e o mundo.
Clarimundo Campos é
Engenheiro Agrônomo e escritor.
Suas crônicas são publicadas aos sábados no Jornal Correio
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