"Se for falar mal de mim me chame, sei coisas horríveis a meu respeito" (Clarice Lispector)
sexta-feira, agosto 26
Formiga
Em fim de tarde seca, nada como prosa no quintal. Deixa escurecer sozinho sem acender de luz, sentir vento fresco que sopra lá do Goiás trazendo poeira, polem, maritacas e araras. Nada de chuva ainda, mas ela, com sempre hora vem.
Um papagaio boiadeiro contradiz as regras da física e passa voando bem perto, sureco e resmungão, voa de lado. Estranhamente sozinho. Companheira ficou pelo caminho?
Curicacas aninham no coqueiro, em breve ovos, choca e filhotes.
O universo dos pequenos nos mostra detalhes deslumbrantes. Alguns fotografamos com máquinas, outros grudam na memória que nem pé de passarinho no visgo.
Atenção momentâneamente desviada para o chão, ali aventura acontecia. Prima próxima da formiga-cabo-verde, tucandeira mineira, venenosa. Ferroada doido que só. Nossas crianças aprenderam na prática, hoje crescidos, pulam por cima ou arredam ligeiro com o dedo do pé. Carece matar nunca.
Em esforço carregava amendoim, banquete. Restos deste quente fim de tarde regado a risos e trocas.
Saímos pouco, temos quase tudo ali mesmo. Quintal: sala, cozinha, canto de receber.
Esforço compensado, sozinha fez seu verão sem se importar com pressa peso ou pressão.
Lá se foi altaneira/ serelepe
O amendoim era sim, de um doce e caseiro pé de moleque.
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