quarta-feira, abril 25

Fantástico

Captura realizada ontem, 24/04, em área rural de Uberlândia. Faz-se muito tempo que não encontramos convivendo em mesmo ecótopo Tityus bahiensis e Tityus fasciolatus em nosso município. Os prazeres do inusitado, as surpresas diárias, mágica. Capricho da natureza
Observe na segunda foto grande macho de T. bahiensis sem o télson, foi capturado assim






terça-feira, abril 24

Amanhecer de terça

Nós e os bichos, movimentação. Terça-feira, 6:35, começa o amanhecer. Ronda matutina. Caneca de café em uma mão, pão quentinho com manteiga em outra, volta no quintal. Nos detalhes escondidos em sombras ainda teimosas em resistir ao dia, beleza


Tucano no jambolão


Rolinha em pitangueira



Outra em pé de ameixa.



quinta-feira, abril 19

Beto




E Beto morreu. Calma, sem maiores traumas. Beto era o peixe de meu fi lho. Na realidade
era o peixe da casa, de todos. Desde que nossa cadela Laica morreu, a palavra “pet” lá em casa estava proibida. A bela rottweiler ficou com a gente 14 anos. Morreu de velha, calmamente e sem sofrimento. Um belo dia, simplesmente resolveu partir, assim sem aviso prévio, sem escândalos. Ficou sim um vazio silencioso em todos nós. Passados alguns meses sugeri que era hora de ter outro cão. Quase caí de costas com o uníssono NÃO saído de três bocas. Sugeri primeiro um terrier americano ou um bom e fiel viralatas, mostrei fotos e sites de criadores.

A beleza e tenacidade da raça não sensibilizou ninguém. Cachorro grande nunca mais. Senti que havia abertura, era só diminuir o tamanho.

Com jeito e devagar trouxe a ideia de adquirir um bull terrier. Era menor, ótimo cão de guarda e companhia. Torceram o nariz. Que tal um dachshund, um jack russel, um fox paulistinha? Apelei para um bichon frisé, de 30 cm. Certo, um ramster, uma iguana? Família irredutível era mais fácil eu sair do que entrar outro bicho. Foi aí que, em belo sábado, em loja de produtos agrícolas, vi, encarcerado em ínfimo aquário com planta de plástico, um belo e agitado betta, também conhecido como “peixe de briga”.

Originário da Tailândia, carregava consigo a beleza das cores orientais, movimentos graciosos de imensa cauda. Parecia levitar em seu cubo. Mágico. Não deu outra, comprei-o e, alegre, levei-o para meu filho. Ele, às vezes, era meu cúmplice no que se referia a cães.

O impacto inicial foi geral. O não a pets mantinha-se irredutível como cláusula pétrea de um código não escrito. Sobre protesto lá ficou o peixe. Aos poucos todos foram chegando. Não raro alguém lá estava a admirar as manobras silenciosas em câmera lenta do bicho. De betta a Beto foi um pulo. E lá betta é nome? Batizou- se em suas próprias águas. Virou Beto. Ganhou todos nós. Já deu comida para o Beto? Já trocou a água de Beto? Tadinho, esse aquário é pequeno demais!

E assim Beto entrou para a família. Tempo passando inelutável. Belo dia, a notícia:
Beto morreu. Assim do nada, virou barriga para o céu e fim. Como todo bom peixe de aquário que se preze, Beto teve enterro digno e comum aos seus. Foi ritualisticamente colocado no vaso sanitário, e assim, dividido em milhares de pequenas partículas, pode iniciar viagem retorno, cruzando cósmicos oceanos, até um dia chegar à imensa barreira de corais, onde finalmente será filtrado por um deles e lá se fixará para todo o sempre, feliz em águas tailandesas, maternalmente cálidas e acolhedoras.

Um dia todos nós faremos viagem assim, rumo ao mesmo oriente, entre estrelas de brilho luz/diamante. Destino: para ponto de luz seguirá nossa energia até, quem sabe, ser absorvida por buraco negro e lá permanecer por todo sempre em total repouso, descanso e segurança.

Não sosseguei. Chego em casa com colorido casal de lebistes, sem falar nada com ninguém e antes que se instalasse novo luto animal. Ter bicho em casa por menor que seja harmoniza e alegra.

Assim, fica a passarada e micos soltos alegres no quintal, nas árvores com seus ninhos cantos/chios e cores, e, dentro, nossos novos moradores hipnotizam e acalmam com seu constante nado sincronizado em um ir e vir sem fim. Parecem felizes e isso basta.







Publicado no Jornal Correio em 19 de abril de 2012

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terça-feira, abril 10

Aconchego

Caladinha, sem alarde cambaxirra fez ninho em coité pendurado na varanda. Estava lá para os canários da terra, não deram bola, a pequena cantadeira tomou posse. Tem várias outras esperando morador, a temporada de crias começa breve.

segunda-feira, abril 9

Camuflagem

Repara. Viu a Cambaxirra? Põe atento/reparo,  lá está,  escondida. Depois mostro ninho que fez em coité na varanda.
Clica na foto para aumentar, facilta a busca

sexta-feira, abril 6

Idi Amin


Outro dia veio triste notícia sobre morte do gorila Idi Amin, no zoológico de Belo Horizonte. A última vez que o vi foi em passeio que fiz com meu pai ao Zoo das Alterosas, anos atrás. O bicho ainda era novidade e havia fila pra vê-lo. Debrucei-me perto da mureta do fosso onde se encontrava e aquela sombra gigante, sentada quase em posição fetal, me impressionou. Não era o tamanho, foi a inércia daquele mini King Kong que chamou minha atenção.

A imagem que ficou e que carreguei por anos, foi a da tristeza, da depressão estampada na face e gestos do novo garoto propaganda do zoológico. Um recinto, nome menos impactante do que jaula, enorme, árido e solitário. Um imenso nada para um enorme primata, parente próximo nosso. Isso, para os que, como eu, acreditam na teoria darwinista da evolução das espécies. Para os criacionistas não passa de um macaco crescido, cujos ancestrais ocuparam cabine na Arca de Noé. Cada um na sua, e todos, acredito, entristecidos com o sofrimento e morte do primo.

No dia que lá estivemos vimos indefectível aviso de zoos “não alimente os animais” ser desrespeitado. Crianças e adultos atiraram toda sorte de coisas para chamar a atenção do símio: bananas, latas de cerveja, balas, e até pedras. Uma destas bateu forte nas costas dele e sua única reação foi um vagaroso olhar de lado, inexpressivo. Desde que chegamos cavucava chão, em ato repetido com o dedo indicador. Afundou-o com mais força ainda, no risco que já havia se formado.

Lá do alto, junto com ele sentimos seu nó na garganta e umedecer de olhos. Por mais argumentos que possam existir entre veterinários e biólogos sobre a importância pedagógica e preservacionista de terem-se zoológicos, eu simplesmente não os suporto. Acredito que, nós primatas humanos, não temos o direito de prender bicho, qualquer que seja, expondo-o a visitação e deboche público. Poderíamos e devemos sim, ter centros de pesquisa e preservação, em que fosse vedada a agressão de se impor aos animais os milhares de olhos a lhe “admirar”. Já ouviu o rugir/lamento do leão do zoo do Parque Sabiá à tardezinha?
Bons exemplos? Projeto Tamar, Projeto Mamíferos Marinhos, um monte.

E em se tratando de gorilas, quem pelo menos não ouviu falar de Dian Fossey, “a mulher solitária da floresta”, que passou 20 anos estudando e protegendo estes animais, livrando-os, literalmente, da extinção na África Ocidental? Pagou com a vida a ousadia. Assassinada foi.

Quer mostrar, quer ensinar? Que se transformem essas penitenciárias da fauna em salas de projeções bem equipadas, onde um público bem acomodado poderia, aí sim, conhecer toda a exuberância da vida animal, em filmes sobre vida selvagem livre, em seu ambiente natural. Basta lembrar das maravilhosas produções da BBC, da National Geographic e tantas outras comprometidas com a beleza e a vida. Seria como um planetário de animais.

Por falar em placas, em praia capixaba, onde grande amigo tinha bar na praia, com uma imensa árvore de bela sombra, foi fixada por ele uma placa com os dizeres: ”Não alimente a preguiça”. Obviamente não havia bicho algum. As pessoas, por horas, procuravam entre galhos e, só muito tempo depois, caia a ficha. Aquela que não deveria ser alimentada não era um representante dos bradípodes, mas a própria mandriice, ócio de turista beira-mar.






Publicado no Jornal Correio em 6/04/2012

quarta-feira, abril 4

Pureza

Impossível comentar o belo aqui visto

Almerindo Camilo

Almerindo se foi, coração tão grande não aguentou a mesquinhez da vida. Almerindo não se foi, ficará sempre em nossas prosas antigas no bar do Kabata madrugadas à dentro. Ainda ouço sua risada seca para dentro, às vezes silenciosa. Senso de humor apurado. Almerindo Camilo se foi, sentirei ainda mais falta de seus telefonemas de fim de ano, mais esperados do que presente de Natal. Até breve Almerindo, qualquer dia voltaremos a nos encontrar. Guarde espaço para nós à mesa da eternidade, assunto e boa companhia não irão faltar. Garçom, por favor, mais uma !


segunda-feira, abril 2

Por nossos Morcegos

Os morcegos proporcionam serviços ambientais cruciais para o meio ambiente e bem-estar humano, mas necessitam urgentemente do cuidado de todos os latino-americanos. Nos dias 10 a 15 dezembro de 2009, em uma reunião na Reserva Biológica de Tirimbina, Sarapiqui, Costa Rica, 25 especialistas em morcegos de 11 países membros da Rede Latino-Americana para a Conservação dos Morcegos (Relcom) se reuniram para elaborar a estratégia para a Conservação dos Morcegos latino-americanos.

Na América Latina existem mais de 300 espécies de morcegos, que fornecem serviços ambientais vitais para os processos ecológicos e bem-estar humano, como controle de insetos praga, a dispersão de sementes, e a polinização de plantas ecológica e economicamente importantes. Apesar dessas importantes funções, as populações de morcegos enfrentam sérias ameaças de extinção.
A falta de conhecimento sobre estes animais, a fragmentação de seus hábitats, a destruição dos seus abrigos, o uso inadequado de agrotóxicos e outras substâncias tóxicas, e os programas de controle de morcegos-vampiro mal realizados têm sido os fatores mais importantes na causa da redução drástica das populações de morcegos e que ameaçam reduzir ou eliminar os serviços ecossistêmicos que eles fornecem.

Como especialistas no estudo e conservação dos morcegos, que
Comprometemo-nos a redobrar esforços e trabalhar para documentar a grande importância ecológica dos morcegos, a necessidade de preservação desses mamíferos e divulgar os benefícios que eles trazem para o homem e a natureza. No entanto, para o alcance desses objetivos é necessário o empenho e esforço da sociedade em geral, das autoridades, da academia e da sociedade organizada, e especificamente

CONCLAMAMOS OS GOVERNOS DA AMÉRICA LATINA A TOMAREM MEDIDAS URGENTES PARA DETER A PERDA E REDUÇÃO DAS POPULAÇÕES DE MORGEGOS DE TODA A REGIÃO, POR MEIO DA PROTEÇÃO DOS ABRIGOS E DOS HÁBITATS, EM RESOLVER ADEQUADAMENTE O CONFLITO ORIGINADO POR MORCEGOS HEMATÓFAGOS E ASSEGURAR A UTILIZAÇÃO RESPONSÁVEL DE PESTICIDAS.

Reiteramos nossa disposição de continuar lutando em prol deste importante grupo de mamíferos, como temos feito até agora. É urgente que as autoridades da América Latina se juntem a esses esforços, para o bem de todos os habitantes da região. Não se trata de proteger por proteger as espécies de morcegos, mas sim de cuidar de um conjunto de animais que influencia diretamente o nosso bem estar e os processos ecológicos que garantem o funcionamento de muitos ecossistemas.

Assinado no dia 15 de dezembro de 2009, na Reserva Biológica de Tirimbina, Sarapiquí, Costa Rica



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