domingo, janeiro 20

Consumidor





Gisele, Miriam, Joelma (essa é fogo), Carla, Graça, Deisarina. Estas foram apenas algumas das autointituladas “consultoras” de certa companhia de telefonia com as quais falei, em apenas um dia, para não resolver meu problema. Conto. Tinha eu um telefone celular normal, desses que você usa e, no fim do mês, vem a conta, simples assim. Um belo dia recebo carta de que corria o risco de ter meu nome incluído na lista do Serasa ou coisa que o valha, caso não pagasse certa fatura supostamente atrasada.

Como tento ser bom pagador, fiel aos meus compromissos, corri procurar a tal conta. Caixas de sapato, pastas reviradas e achei a dita-cuja. Muito bem paga por sinal, com carimbo de banco e tudo mais. Toquei a ligar para as “consultoras”. Depois de muita musiquinha e digite isso e aquilo, recebi como resposta um: — senhor, o engano foi nosso!

Quem paga o estresse, a vergonha de passar por mau pagador? Bacia das Almas. Imediatamente, cancelei o tal plano e migrei para o pré-pago. Agora quem controla meus gastos sou eu, pensei lá com minhas plantas enquanto delas zelava.
Ledo engano, caro amigo, ledo engano.

E não é que, ao tentar fazer uma ligação de feliz Ano-Novo me vem lá mensagem: “O seu saldo é insuficiente para efetuar chamadas”.
Como assim? Coloquei alguns tantos outro dia mesmo, uma quantidade razoavelmente alta para não ter exatamente esse tipo de problema! Passei por isso, explico: em certa viagem a trabalho com grupo multi-institucional, ministrando capacitação em manejo de escorpiões no Rio Grande do Norte, fiquei sem os tais créditos. Também não sabia da cobrança de deslocamento ou rooming para usar o linguajar técnico. Pronto. Algumas poucas chamadas e zerei. No próprio hotel, com cartão de crédito poderia fazer recarga. Poderia. Quem disse que conseguia conexão com a operadora?

Fiquei literalmente a ver navios, jangadas e outras embarcações de minha janela.
Voltando à vaca fria. Lá vou eu para minhas Giseles, Mirians, Joelmas (essas são fogo), Carlas, Graças e Deisarinas, junto a mais um alfabeto de “consultoras”.
— Senhor, em que posso ajudá-lo?
Juro por tudo quanto há de sagrado, me senti em país de primeiro mundo. Fui muito bem atendido e depois de passar inúmeros dados, faltando apenas os números do tênis e da camisa polo, a resposta:
— Senhor, a falha foi da operadora, houve cobrança indevida, seus créditos serão estornados em 30 minutos.
Agradeci emocionado, elogiei atendimento. Em avaliação dei nota máxima de satisfação. Orgulho. Ainda temos instituições sérias. Passados os minutos, corri verificar saldo, nada. Bom deve ser por conta do volume de serviço, deixa quieto, amanhã verifico outra vez. Assim fiz e nada. Já amigo das moças, retornei a ligação me sentido em casa, até que ouço estarrecido:
— Senhor, o saldo está correto, o saldo foi gasto.

Mas será possível? Trabalho de encruzilhada, mandinga. Os créditos evaporaram?
Um Brasil de todos, mas não como na Bahia, não de todos os Santos.
“Quero mostrar a quem vem aquilo que o povo diz/ Posso falar, pois eu sei, eu tiro os outros por mim”. Fico com Gil.

Depois conto da descarga elétrica que caiu perto de casa, queimou aparelhos de muitos. Cemig com seu batalhão de Giseles, Mirians, Joelmas (essas são fogo), Carlas, Graças, e Deisarinas. Deixaram-me a ver faíscas, raios e trovões. Haja!





Publicado no Jornal Correio em 20/01/2013



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