domingo, outubro 19

Falar mal do governo !



Sensação menor bate no peito e alma. Tudo que se ouve sobre governos durante período eleitoral é gente falando mal uns dos outros. Todos partidos e políticos que ali, pelo menos a maioria deles já esteve no poder e de alguma maneira nos governaram, ou legislaram. Bem ou mal nós os colocamos lá. Nós demos voz e vez e voto para cada um deles. Agora, o que assistimos é torrente de acusações, tiroteio de todos os lados. Lembra-me e aposto que todos vocês também passaram por algo assim, os tempos de colégio. Tão comuns as briguinhas na saída. Os motivos podiam ser os mais variados, mas asseguro nada que realmente tivesse importância.

Ciúme da menina mais bonita da sala, geralmente loira de cabelos cacheados e olhos azuis, estereótipo enfiado na cabeça da molecada por padrões nada nossos. Bom lembrar que as meninas sempre estimulavam as disputas, ego em formação, reflexo de educação recebida ou resquício da evolução da espécie.

Curiosamente uma das poucas espécies em que macho é mais “feio” do que fêmea é a nossa, humana. A natureza em seu aperfeiçoamento dos bichos, foi dotando ao longo de milhares de anos os machos com cores deslumbrantes, cantos belíssimos, porte e força física, sempre com objetivos de preservar a espécie premiando o mais belo, o mais canoro e o mais forte com o maior número de parceiras e a garantia de perpetuar sua genética.

No mundo animal o macho escolhe parceira, via de regra. Nas gentes é certo que elas detêm o poder de escolher seus parceiros, quase sempre. Isso porque ainda resistem culturas mundo afora onde mulher é vista como um nada. Mas estas são distorções criadas pelos humanos.Em condições normais de pressão e temperatura, meu amigo, mandam as mulheres e não tem papo.

Outro dia vi/ouvi um candidato com pretensões de se eleger presidente, descarregar um monte de besteiras tão, tão… bestas, que quase não acreditei no que ouvia. Declarações homofóbicas em seu mais alto grau. Afronta não apenas pessoas por suas escolhas legitimadas primeiro pelo amor, mas também por lei. Outro dia ouvi algo interessante que diz tudo, me perdoem, mas desconheço autoria, é algo assim: “Não aprova o casamento gay? Não se case com um gay. Não gosta de cigarro? Não fume. Não gosta de tatuagem? Não faça. As coisas seriam tão simples se cada um cuidasse da própria vida e respeitassem o querer alheio.”

Viva e deixe viver. Não gosta? Mas respeite. Voltando na baixaria política do período eleitoral me veio à cabeça, mais uma vez, charge extratemporal do genial de Henfil. Uma tira da Graúna onde, revoltada com tanta corrupção, desvio de verbas, descaso com o povo e para piorar, os constantes sumiços na época, dos famosos caminhões-pipa, indispensáveis para a sobrevivência do povo da caatinga, definhando em seca e pó, brada irritadíssima: “Hoje eu estou macha! Vou meter o pau no governo!” (E olha que estávamos nos mais duros dos anos de chumbo quando esta tirinha saiu.) Outro personagem da tira, o Bode Francisco Orelana, olha de soslaio para a Graúna e retruca irônico: “Se tu está macha de verdade defende o governo…”








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Publicado Jornal Correio em 19 de outubro de 2014

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