"Se for falar mal de mim me chame, sei coisas horríveis a meu respeito" (Clarice Lispector)
segunda-feira, setembro 21
História da mula
Essa história não é minha. Está na boca dos matutos em vendas e botecos nas pequenas vilas, na lida diária na roça, prosa para ajudar passar o tempo no compasso musical de enxada cortando terra. Portanto, se acharem dono me contem créditos e méritos serão dados.
Birra, implicância mesmo tenho de plágio, plagiador é ladrão de ideias. Vivente vazio, parasita de criação. Quero não que me tomem por um. Contar eu conto e pronto.
Seu Zé pensou bem e decidiu que as perdas que sofreu num acidente de trânsito eram sérios o suficiente para levar o outro ao tribunal. O advogado do réu começou a inquirir seu Zé:
– O Senhor não diz na hora do acidente “Estou ótimo”?
Zé responde:
– Conto. Tinha acabado de colocar minha mula favorita na caminhonete…
– Só responda à pergunta: O Senhor não diz na cena do acidente: “Estou ótimo”?
–Bom, coloquei a mula na caminhonete e tava descendo a rodovia…
O advogado interrompe outra vez e atuando nervoso que nem palco de teatro urra enfurecido:
– Meritíssimo, estou tentando estabelecer os fatos. Na cena do acidente, este homem diz ao policial que estava bem. Agora, semanas após o acidente, ele está tentando processar meu cliente. Por favor, poderia dizer a ele que simplesmente responda a pergunta.
Mas, a essa altura, o juiz estava muito interessado na resposta de seu Zé:
– Eu gostaria de ouvir o que ele tem a dizer.
Seu Zé agradeceu e prosseguiu:
– Coloquei a mula na caminhonete e estava descendo a rodovia quando uma picape atravessou o sinal vermelho e bateu na minha bem do lado. Fui lançado fora para lado da rodovia e a mula foi pro outro. Eu tava muito ferido e não podia me mover. Mais eu podia ouvir a mula zurrando em dor. Aí, policial chegou. Ele ouviu a mula sofrendo e foi até onde ela estava. Depois de dar olhada nela, pegou arma e atirou 3 vezes bem no meio dos olhos dela. Então, o policial atravessou a estrada com arma na mão, olhou pra mim e diz:
– Sua mula estava muito mal e eu tive que atirar nela. Como o senhor está se sentindo?
– Aí, eu pensei ligeiro e falei: Tô ótimo! O que o sr. falaria, Meritíssimo?
Jornal Correio 20 de Setembro de 2015
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