quarta-feira, dezembro 26

Relógio

Tinha nascido em um belo janeiro, farto de chuva e colheita boa. Na roça nasceu, da roça nunca saiu. Se havia um mundão mais perto pra lá da vila, não era de sua conta e nem rompante de ir além possuía. Gostava da vidinha que lhe arrastava. Era feliz.

Por nome Marlubrano Sebastião, segundo nome em homenagem ao santo do dia, veio ao mundo pelas mãos de parteira boa de ofício. Esse vinga! Exclamaram ao ver o miúdo chorar com força. A mãe tinha perdido dois antes dele, daí a grita de alegria.

O primeiro nome, Marlubrano, foi por conta também da mãe. Quando jovem, chegou à vila um apresentador de fita de cinema. Armou tela grande, não muito branca, meio amarelada pelo uso e com uns buracos que possibilitavam, para alegria dos mais novinhos, espiar pedaços de filme fugidos da tela para as paredes das casas e para as mangueiras, assustando galinhas e passarinhos.

O filme era Espíritos Indômitos e não teve jeito dela não se encantar com a beleza daquele moço na cadeira de rodas. Ficou o nome na ideia. Marlon Brando, repetia ela todo dia como se fosse reza. Marlon Brando, Marlon Brando... Mas com o passar do tempo, os afazeres na lida, os seguidos e sofridos partos que deram a ela as duas primeiras filhas, os dois seguintes perdeu as crianças, foi comendo letras e jeito de falar. Marlão Brano, Marlanbrano, assim ficou. Como fim de memória, o que restou da infância e dos sonhos da mãe foi Marlubrano Sebastião, com muito orgulho. Enchia o peito para dizer que tinha nome de artista famoso. A mãe, velhinha, curtida de sol e vento, suspirava melancólica por aqueles olhos azuis em preto e branco do moço do cinema.

E a vida ia mansa para Marlubrano. Aos domingos era dia de feira na vila, e para lá carreavam todos e tudo que se produzia na região. Porco, galinha, rapadura, vestidos de chita, botinas e chapéus Panamás feitos nem tão longe. A cidadezinha virava uma festa de movimento. Desde muito Marlubrano tinha um pensamento de querer. Um relógio de bolso com aquela correntinha de engatar no cinto. Achava chique por demais ver os mais abastados da região, em roda de conversa, tirarem com firmeza o patacão, abrirem a tampa e darem aquela levantada de queixo, com olhar meio que por cima dos óculos, pensar longe e após o estalo gostoso de ouvir ao fechar o bicho, guardá-lo no bolso do paletó ou mesmo no bolsinho de moedas da calça. Vidrava só de ver!

Era seu mais íntimo desejo. Nem as moças do alcoice, cheirando a lavanda e leite de rosas a insinuarem-se nas janelas com seus imensos decotes, competiam com seu desejo de possuir um belo e reluzente relógio de bolso. Se bem que, por falta de dinheiro para comprar o sonho, acabava seus domingos quase sempre nos braços das moças, em suas camas sedosas e macias, pagando-lhes a bebida mais cara da região.

Esse domingo seria diferente. Ficou mais de mês sem sentir cheiro de alfazema e sem tomar cerveja cara com as amigas confidentes. Juntou dinheiro, centavo a centavo e à feira seguiu determinado. Levou pouca coisa para vender, só um cadinho caso tivesse que inteirar.

Mal chegou à vila, foi direto para a banca que vendia jóias de prata, bijuterias coloridas e, claro, relógios de pulso e de bolso, ao gosto do freguês. Posando de conhecedor, olhava um, sentia o peso, jogava de uma mão para outra. Levava ao ouvido, ouvia longe o funcionar da máquina. Gastou bem uma meia hora para decidir. Escolheu o mais bonito da banca. Era dourado, com desenhos em alto relevo, onde se via uma cena que lhe pareceu bíblica. Anjinhos, potes jorrando algo que devia ser vinho e, em um córrego, uma moça a se banhar. Isso tudo ele viu em seu objeto de vontade. Pagou sem pestanejar, nem catirar preço. Foi na lata.

Não dava para saber se o que brilhava mais ao sol era o relógio ou o rosto de Marlubrano.
Amarrou a correntinha na cinta e saiu pela feira a rodar o tão sonhado. Voltou para casa feliz como criança. Mostrou a conquista para mãe, para os agregados do sítio, para cães e gatos, para cavalos, vacas e até para as galinhas.
No anoitecer, banho tomado, sabão de bola perfumado, bateu janta ligeiro e pulou no catre. A luz da lua entrava como vento. Parecia que queria ver a preciosa joia. Passou a noite admirando o relógio. Adormeceu com ele no peito.

Dia seguinte arriou o cavalo cedo e seguiu outra vez para a currutela, fazer o que não fez no dia anterior, de tão envolvido que estava com a compra. Na cinta o relógio.
Apeou na porta da venda e, mal colocou o pé na soleira, um amigo de longa data disse:

─ Dia Marlubrano ! Quantas horas?

Aí veio o estalo. Tinha agora o tanto querer, mas não sabia o uso. Desconhecia número e letras. Não aprendera ler ou escrever. Sem tempo, roça consome vida de criança, ensanguenta mãos em colheita de algodão. Mas, em lampejo de pensamento, devolveu ao companheiro:
─ Calcula?
─ Hum, deve ser umas nove horas.
─ Em riba! Ligeiro se foi venda adentro.







Publicado em Diário de Uberlândia em 24 de dezembro de 2018

segunda-feira, dezembro 17

Zéfiro






A noite não foi das melhores. Quem nunca passou por algo assim? Você deita de um lado, os pensamentos escorrem dentro da cabeça, para o outro, se acumulam junto ao travesseiro parceiro e lá ficam martelando o seu pensar. Dói o ombro você virar para o outro lado e, como areia de ampulheta, lá vem aquele monte de pensares a se esgueirarem por um canto qualquer onde exista vazio. Grão a grão vão se acumulando em montículos do outro lado. O travesseiro esquenta, você o vira. Breve frescor, pois logo está tão quente quanto. A janela aberta a trazer brisa de nada adianta. Desligaram o vento noturno. Saudade das chuvas que até outro dia embalavam sono em carinhosa sonata.

O lençol compartilha sua agonia, mas em deboche ganha vida própria. Teima em lhe aquecer como se cobertor fosse. Descubro os pés em estratégia, nada adianta. Rolo de um lado para o outro na tentativa de achar um sono, que nem no horizonte se avista. Mais pensamentos em rodopio, sempre ruins, sempre atormentadores. Vejo o passar das horas bem na minha frente. Fixo o olhar na janela e acho as estrelas. Foco meu pensamento nelas, viajo. O sono manso vem abraçar. Sobressalto. Algo funesto se materializa do nada, abro os olhos. Testa a suar. O corpo teima em doer mais. Exagero de exercícios, caminhadas puxadas e corridas diárias. Vou me dar um tempo, penso totalmente aceso.

Procuro os sons noturnos, meus companheiros. Nenhum pio de coruja, nenhum grito das inquietas galinhas d'angola. Os grilos em silêncio absoluto. Como é que pode?

Muito bem, me rendo. Penso em sair da cama e ler um bom livro. Há alguns dias que não abro o meu Livro do desassossego, de Fernando Pessoa ou Bernardo Soares.

Talvez o heterônimo menos conhecido de Pessoa. Talvez nem fosse, talvez a simples vontade de assinar a obra assim. A história do guarda-livros iria me tirar mais o sono ainda.
Busquei refúgio no rádio. Perguntariam: por que não liga a TV? Respondo: detesto televisão no quarto e jamais submeteria lugar tão sagrado a ela.
Meia dúzia de vaga-lumes passam em brilho pelo vão da janela, pirilampeiam pelo quarto e voltam para a penumbra do céu de uma estrela. Um conforto, ainda estou vivo. Só, insone, mas vivo e começando a ficar irritado por não conseguir conciliar o sono.
Ligo o radinho. Este sim, companheiro. Não queria música, queria vozes, conversa. Busquei até achar. E para minha grata surpresa era uma prosa com o escritor Gonçalo Júnior. Confesso que não o conhecia até então, mas o seu livro me levou em viagem à infância em minha Belo Horizonte. O título? "O Deus da Sacanagem: a Vida e o Tempo de Carlos Zéfiro".
Já tinha esquecido aqueles livrinhos e seus desenhos de péssima qualidade, mas que eram disputadíssimos à época e seriam os manuais de iniciação nas artes do prazer de várias gerações.

Fiquei mais fã ainda só em saber que esse cara durante mais de quarenta anos deu nó na censura, na polícia, no Doi-Codi, no DOPS, na igreja, nos fofoqueiros de plantão, na malandragem carioca, nas socialites e em toda a força bruta e "inteligência" da ditadura militar que vivíamos a época,
Uma trecho da sinopse:

" Por décadas, o pacato funcionário público carioca Alcides Caminha viveu no subúrbio de Anchieta e de lá escondeu de todo mundo, inclusive da polícia, que era o desenhista Carlos Zéfiro, autor das famigeradas revistinhas pornográficas em quadrinhos conhecidas como “catecismos”. Entre as décadas de 1950 e 1970, principalmente, com suas narrativas de sexo explícito, Zéfiro fez a alegria de adolescentes, jovens e adultos do sexo masculino, que pouca ou nenhuma informação tinham sobre sexo, em uma época de forte repressão moral, promovida por entidades conservadoras, políticos, juízes, educadores e religiosos.
Primeiro, suas revistinhas foram consagradas por toda Rio de Janeiro. Depois, espalhou-se pelo Brasil. Com um detalhe: eram sempre vendidas às escondidas.”
Já encomendei o livro, depois conto.

Por verdadeiro nome Alcides Caminha, o Zéfiro, não ficou só nos “catecismos”, poucos sabem, mas era também ótimo compositor. Sabem a música A flor e o espinho? A letra é do próprio Alcides, em um longe 1957. A música é de ninguém menos que Nelson Cavaquinho até hoje reverenciada .
Assim como essa obra prima, tem várias outras por ele compostas. Zéfiro foi ainda um grande defensor dos direitos das mulheres e, se falava de sexo, seus textos sempre enalteciam a mulher e o seu direito ao prazer. A igreja queria crucificar esse misterioso filho do cão, como era chamado pelos inimigos.
Pois assim, confortado por tão rica entrevista, sobre um personagem que fez parte de minha infância, fui tranquilo ao encontro do filho de Hipnos.

Mesmo profícua, a noite não foi das melhores. Dormi perto do amanhecer, mas a primeira visão que tive ali, bem na minha frente, no galho da goiabeira que quase adentra o quarto, foi um maravilhoso papa capim, com todo seu singelo e discreto esplendor. Anos sem ver um desses na cidade. Fiquei imóvel e, assim do nada, ele entoou seu indescritível/inconfundível canto. Canto também da minha infância, de meus largos quintais.

Recompensa em dose dupla no recordar de criança, que por várias vezes pensei já em mim não habitar. Ao reencontrá-la criança soube que nunca me abandonou segundo sequer, tive de volta a plena alegria do viver.







Publica em Diário de Uberlândia em 16 de dezembro 2018


segunda-feira, dezembro 10

Paletão



Quem nunca foi às compras em um supermercado? Tenho lá minhas cismas com tais comércios, principalmente em época de festas ou feriados. Aquele monte de "ofertas" me deixa desconfiado, de orelha em pé. Gasto mais tempo olhando data de validade cravadas em minúsculas letrinhas e em locais nada fáceis de encontrar, do que pegando o que fui buscar.

Confesso que prefiro as boas e velhas vendas, daquelas que têm de tudo quanto há, sem a organização intencional, sempre com estratégias muito bem estudadas das grandes redes, a fim de estimular compra que nem se quer fazer. Os produtos estão dispostos cientificamente e psicólogos treinados traçaram estratégias a bem do consumo, nada bom para o consumidor.

Antigas vendas que ainda reinam em muitas cidades do interior de nosso imenso território, carregam um ar de graça em sua desorganização. São acolhedoras e simpáticas, repletas de aromas e cheiros mágicos, com poderes a lhe remeter a qualquer fase de sua vida. O pito de fumo de rolo do Vô, a goiabada da vizinha de rancho, sempre acompanhada de um tenro queijo canastra. Caixas de lápis de cor com perfume de infância. Goma arábica, maria-mole cor de rosa salpicada de bolinhas prateadas, botinas mateiras, sacos de arroz, milho, feijão, linguiça e sempre, um gato sonolento que mal abre os olhos à sua passagem.

A caixa de bacalhau salgado aberta sobre o balcão de madeira gasta. Bingas e fluído azul em ampolas. O barrilzinho de pinga com pequeno coité pendurado na torneira, sempre a lhe dar boas-vindas. Tanta coisa que, se não estiver ao alcance das vistas, é só perguntar: ─ Tem camisinha de lampião?
─ Tem sim senhor, estão logo ali na prateleira atrás das panelas de alumínio batido.

Sabe de tudo, de lugar a preço e aceita catira também. Duas mantas de tear cardadas e fiadas lá em casa, trocadas por linha de anzol, cabeçada de arreio e par de chinelos. Negócio fechado. Todo mundo satisfeito. Dinheiro é o de menos. Com canivete cortam tora de linguiça, bebem uma da boa, mastigam o tira-gosto em sinal de amizade e negócio acertado.

Tem muita venda assim e não carece ir longe. No meio desse devaneio, lá estava eu em supermercado. Já aviso, levo lista feita e raramente saio dela. Aprendi a resistir à profusão de cores, corredores infinitos de tentações e moças oferecendo degustações. Estranho, acho que nunca vi homem servindo patês, cafezinhos ou provas de sucos e tais. Estranho.

Lista na mão, me pego no açougue. Nela constava um quilo de paletão.

Pego minha senha. É, acha que não? Até para balcão de carnes tem senha. Estávamos em três de cá e, de dentro, a atender, quatro. Mesmo assim tive que ouvir o sonoro ─ Pegou a senha? Olhei em volta, mais ninguém que pudesse tumultuar. Sorri e senha peguei.
─ A Senhora? Diz o magarefe. A jovem lhe mostra a senha. Ele nem confere. ─ O que vai ser?

Antes do pedido ela coça os cabelos louros: ─ Qual é a diferença entre paleta e paletão? Olho ligeiro para minha lista e confiro a coincidência. O rapaz de avental branco encheu o peito e deu aula sobre os dois cortes. Nisso, mais gente se juntou, curiosa no assunto. A loira moça, em seriedade e atenção, bateu o martelo. Paletão, vou levar paletão! A outra senhora, senha em punho timidamente lhe perguntou: ­─ E como se prepara?

O pequeno grupo - já nem tão pequeno - se voltou todo em atenção para ela, inclusive o pessoal de dentro do balcão. Ela, com uma descontração absoluta e entre tomadas de ar profundas, pois não se fazia em pausa o contar, explicou o passo-a-passo de um delicioso preparo, com direito a exclamações entusiasmadas que levaram todos a sentir até o sabor do prato. Essa saborosa receita deve exigir prá lá de meia hora de puro fazer/prazer. Além da plateia atenta, a fila atrás de mim foi só aumentando, porém, em círculo e perto da moça dos cabelos loiros e de requintados dotes culinários. Havia algo mágico, com ar de venda naqueles minutos que passaram voando. Como a sair de transe o moço do avental branco: ─ E o senhor? A resposta ele parece que já sabia. ­ ─ Paletão dois quilos, por favor. Ele sorriu. ─ Em cubos como o daquela senhora? Pelo meu olhar já sabia que sim. Enquanto preparava o pedido me pus a memorizar a receita, ia fazer sucesso.

Recebi meu pedido. Olhei a imensa fila que tinha se formado. Não mais pediram senha e só o que conseguia escutar ao me afastar bem devagar era: Paletão, por favor. Paletão, paletão, paletão! Os pedidos foram ficando longe e abafados pelo movimento, conversas de laranjas, alfaces, detergentes...

Dei de ombros em pensamentos: Vai faltar paletão !







Publicado em Diário de Uberlândia em 9 de dezembro de 2018

segunda-feira, dezembro 3

Olha o Natal ai gente!



Pois assim, como título destas mal traçadas linhas, retomo o tema Natal. Data sagrada para católicos outros cristãos e para o comércio, não necessariamente nessa ordem.

Ano duro que se vai e vai tarde. País dividido em ideologias, mergulhado em recessão, dinheiro escasso, desemprego nas alturas. As perceptivas não são das melhores para 19, mas como já lhes disse, sou como Panglós, o eterno conselheiro de Cândido, o otimista, personagem do mestre François-Marie Arouet, ou Voltaire para os doutos, um ícone da liberdade e do iluminismo. Tenho esperanças de que teremos um ano novo rico em avanços, apesar dos pesares. Amigos farão as pazes, mesmo com o Palmeiras campeão brasileiro.

Nossa árvore de Natal este ano idealizada pela artista nata e ouropretana Marília Pereira, não por acaso minha companheira e mulher, retrata tudo que em nosso entorno vive e o que espera para o futuro. Um retrato de devoção e fé ao momento.

Ela, Marília, católica, fervorosa devota de Nossa Senhora, eu gnóstico enveredando pelo misticismo, o sincretismo religioso e algumas correntes filosóficas, devoto absoluto de São Jorge, Ogum.

Filtro de barro iluminado com cordão de flores que piscam. Obra simples, mas carregada de alegria e esperança, como deveria ser a data. Assim definimos seu conteúdo filosófico:

O barro simbolizando a matéria prima da criação do homem.
"O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida e o homem se tornou um ser vivente." Gênesis 2:7

A parte inferior do filtro que capta e armazenar representa alérm do homem, também a riqueza, a nobreza, a postura, o companheirismo, adoração pelo amor emanado por mulher, além de tentar sempre defender a relação (Não senhoras! Não é machismo de minha parte, é como um pêndulo).

"O Senhor Deus disse: "Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada." Gênesis 2:18

E Deus fez a mulher, sem manual...

A água ali depositada gota a gota simboliza a vida, o renascer em chão seco e rachado. Aparentemente improdutivo e estéril, torna-se vivo como jovem Fênix, a renascer não do fogo, mas do precioso líquido purificado pela mulher e distribuído igualmente entre todos os seres viventes. Na crença de tantos o precioso líquido foi utilizado por São João Batista, para batismo de Jesus no rio Jordão.
As flores/luzes em emaranhado, para nós, simbolizam os tortuosos caminhos a seguir do nascer à morte, uma vida iluminada de bem fazer, de paz e harmonia. Uma vida em tentativa permanente de justiça e perfeição.

Assim, da criação da artista e da interpretação deste que se faz poeta, nasceu nossa pura e inocente intenção de festejo de Natal.

Enquanto isso, no mundo real, no Black Christmas sem descontos e encantos, imagino: Olhando do alto uma Rua 25 de março ou qualquer shopping center desse nosso Brasil varonil, um extraterrestre, ou um gringo pouco informado, acreditaria se tratar de um bloco de carnaval, tamanha a multidão, as cores e as faces em alegre consumismo. Facilidades do paga-se tudo em dez vezes no cartão. A seguir, logo vem a passagem, a virada e, como todos tentam acreditar, ano novo, vida nova! Vamos gastar gente! Pagar é outra história. Afinal, para que existe Serasa e SPC?

Quando chega o carnaval saímos todos no "Bloco dos Farrapos". Como bem diz o ditado, "quem não deve ($) não treme!" Dessa forma, segura firme sua garrafa de catuaba ou o carotinho de Pedra 90, pois, pensando bem, só falta um ano para outro ano novo começar!

Vivamos o eterno conflito.

"Tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis". Ou se preferir: "Devemos cultivar nosso jardim."
Voltaire







Publicado Jornal Diário de Uberlândia em  02 de dezembro de 2018