segunda-feira, dezembro 3

Olha o Natal ai gente!



Pois assim, como título destas mal traçadas linhas, retomo o tema Natal. Data sagrada para católicos outros cristãos e para o comércio, não necessariamente nessa ordem.

Ano duro que se vai e vai tarde. País dividido em ideologias, mergulhado em recessão, dinheiro escasso, desemprego nas alturas. As perceptivas não são das melhores para 19, mas como já lhes disse, sou como Panglós, o eterno conselheiro de Cândido, o otimista, personagem do mestre François-Marie Arouet, ou Voltaire para os doutos, um ícone da liberdade e do iluminismo. Tenho esperanças de que teremos um ano novo rico em avanços, apesar dos pesares. Amigos farão as pazes, mesmo com o Palmeiras campeão brasileiro.

Nossa árvore de Natal este ano idealizada pela artista nata e ouropretana Marília Pereira, não por acaso minha companheira e mulher, retrata tudo que em nosso entorno vive e o que espera para o futuro. Um retrato de devoção e fé ao momento.

Ela, Marília, católica, fervorosa devota de Nossa Senhora, eu gnóstico enveredando pelo misticismo, o sincretismo religioso e algumas correntes filosóficas, devoto absoluto de São Jorge, Ogum.

Filtro de barro iluminado com cordão de flores que piscam. Obra simples, mas carregada de alegria e esperança, como deveria ser a data. Assim definimos seu conteúdo filosófico:

O barro simbolizando a matéria prima da criação do homem.
"O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida e o homem se tornou um ser vivente." Gênesis 2:7

A parte inferior do filtro que capta e armazenar representa alérm do homem, também a riqueza, a nobreza, a postura, o companheirismo, adoração pelo amor emanado por mulher, além de tentar sempre defender a relação (Não senhoras! Não é machismo de minha parte, é como um pêndulo).

"O Senhor Deus disse: "Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada." Gênesis 2:18

E Deus fez a mulher, sem manual...

A água ali depositada gota a gota simboliza a vida, o renascer em chão seco e rachado. Aparentemente improdutivo e estéril, torna-se vivo como jovem Fênix, a renascer não do fogo, mas do precioso líquido purificado pela mulher e distribuído igualmente entre todos os seres viventes. Na crença de tantos o precioso líquido foi utilizado por São João Batista, para batismo de Jesus no rio Jordão.
As flores/luzes em emaranhado, para nós, simbolizam os tortuosos caminhos a seguir do nascer à morte, uma vida iluminada de bem fazer, de paz e harmonia. Uma vida em tentativa permanente de justiça e perfeição.

Assim, da criação da artista e da interpretação deste que se faz poeta, nasceu nossa pura e inocente intenção de festejo de Natal.

Enquanto isso, no mundo real, no Black Christmas sem descontos e encantos, imagino: Olhando do alto uma Rua 25 de março ou qualquer shopping center desse nosso Brasil varonil, um extraterrestre, ou um gringo pouco informado, acreditaria se tratar de um bloco de carnaval, tamanha a multidão, as cores e as faces em alegre consumismo. Facilidades do paga-se tudo em dez vezes no cartão. A seguir, logo vem a passagem, a virada e, como todos tentam acreditar, ano novo, vida nova! Vamos gastar gente! Pagar é outra história. Afinal, para que existe Serasa e SPC?

Quando chega o carnaval saímos todos no "Bloco dos Farrapos". Como bem diz o ditado, "quem não deve ($) não treme!" Dessa forma, segura firme sua garrafa de catuaba ou o carotinho de Pedra 90, pois, pensando bem, só falta um ano para outro ano novo começar!

Vivamos o eterno conflito.

"Tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis". Ou se preferir: "Devemos cultivar nosso jardim."
Voltaire







Publicado Jornal Diário de Uberlândia em  02 de dezembro de 2018

Nenhum comentário: