quinta-feira, dezembro 7

Reconto de Natal - prosa

Reconto de Natal

Mais um Natal se aproxima e nas ruas vemos as vitrines com suas luzes multicoloridas, num pisca-pisca sem fim. Vozes afinadas e coros ensaiados entoam canções evocando a paz, cores e cheiros, confeitos e panetones exalam de todas as esquinas.

As ruas novamente cheias – gente aflita, em suas expressões a esperança de um novo tempo, falsas alvíssaras.
Acentuadas diferenças, a orgia do consumo desenfreado fazendo contraste com a miséria escancarada/escondida. Avareza?

Em nome Dele – banquetes são preparados, aves são abatidas, gordurosas carnes compõem o cardápio. E vinho, muito vinho puro néctar. Gula?

Nos locais de trabalho o tradicional amigo oculto, secretamente sorteado. Confraternização geral – em muitos casos o que se vê são trocas de beijos de Judas entre inimigos afáveis de cordialidade curta. Ira? Inveja?
Mais uma vez em nome Dele observamos falsa alegria.
Para poucos luxo, consumismo e desperdício. Soberba?

Mas um olhar mais atento para nossas sarjetas, para as marquises à nossa volta e poderemos perceber que elas escondem o horror da farsa/festa. Enquanto que em ambientes requintados banham-se em caras fragrâncias. Luxúria?

E imaginar que em manjedoura distante um Menino pode, envergonhado, estar chorando tristes lágrimas pela insensibilidade humana.

Não sei não, às vezes me pego a pensar: "Será que mais uma vez não esquecemos de convidar O homenageado para Sua grande festa de aniversário?" Preguiça?

William H. Stutz
dezembro 2006

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