As duas últimas colunas do jornalista Ivan Santos me impressionaram demais. A primeira versa sobre o poder do verso, do verbo, do escrever jornalisticamente. A segunda sobre liberação das drogas.
Acompanho Ivan Santos há muitos anos e conheço bem o seu poder de criar saudáveis polêmicas sobre os mais diversos assuntos. Acredito eu que nada o satisfaça mais do que os ataques que recebe daqueles que não conseguem perceber a sutil ironia, que tão bem sabe usar em seus escritos. Muitos levam ao pé da letra e não imaginam o tamanho da armadilha em que irão enfiar os pés, as mãos e a mente. Posso imaginar a expressão de alegria a cada controvérsia gerada.
Imagino que este estratagema jornalístico sirva também para traçar o perfil do leitor de sua coluna.
Conhecendo o leitor, fica mais agradável escrever. Algo como, “hoje vou pisar no calo de tal grupo”. Os bravejos que normalmente acompanham os escritos de Ivan Santos são, sem sombra de dúvida, material fértil para que ele continue sua empreitada, enriquecendo uns, enfezando outros.
Outro dia, li uma resposta dele a um leitor que, nervosamente, perguntava quem era “esse” Ivan. Sua resposta:
“... pra você me conhecer melhor, identifico-me. Sou masculino assumido e vacinado contra democratismos. Sou torcedor do maior time de futebol do mundo que é o Flamengo. Sou ex-esquerdista utópico, ex-sifilítico, ex-corredor de rua, ex-religioso e ex-torcedor do ex-UEC. Sou cafuzo, apreciador de metáfora e de ironia, exegeta do universo finito, acredito na quadratura do círculo polar ártico e respeito o livre-arbítrio das criaturas humanas em todos os graus e sentidos. Acredite nesta: eu vejo mulher como a mais bela metade do mundo! Pra você me conhecer melhor, digo-lhe que não sou supersticioso, mas não saio de casa com o pé esquerdo em dia de sexta-feira 13 ou em noite de lua cheia. Finalmente, eu acredito que a maior aberração humana é torcer pelo Vasco, Cruzeiro ou Palmeiras. Assim sou eu.”
Esta pequena autobiografia dá a dimensão exata das ciladas linguísticas que ele cria com carinho, ceva e depois joga a isca. Reforço: aproveitando a coluna “A arte de escrever”, dou um pitaco onde não deveria. Se munição é bala de revólver, exegeta é intérprete. Viu moçada? Não é palavrão nem desaforo.
Alguns podem até não gostar do jornalista, mas de uma coisa sou seguro: ignorá-lo muito menos. Caro Ivan Santos, que sua temporada de caça não se encerre tão cedo e continue a nos proporcionar saborosos e prazerosos debates. Esta proposital criação de caso é uma arte primorosa, bem elaborada e para poucos. Coragem e independência não faltam a esse jornalista que com sua coluna às vezes ácida, outras extremamente jocosa, mas sempre objetiva, vai contando ahistória, capítulo a capítulo, principalmente da intrigante política de Uberlândia, sem nunca perder o foco em temas universalmente relevantes e atuais.
Da coluna falando sobre a liberação das drogas - calo de muitos pisados ao mesmo tempo – fico só imaginando caso ocorresse o fim da história. Não daria outra: alcoólatras, viciados em drogas pesadas iriam fatalmente, antes de atravessar o Uberabinha de costas, entalar no estreito gargalo da saúde coletiva. Seria mais um batalhão a entrar no sistema público de saúde. Será que aguentaríamos mais este tranco?
Acompanho Ivan Santos há muitos anos e conheço bem o seu poder de criar saudáveis polêmicas sobre os mais diversos assuntos. Acredito eu que nada o satisfaça mais do que os ataques que recebe daqueles que não conseguem perceber a sutil ironia, que tão bem sabe usar em seus escritos. Muitos levam ao pé da letra e não imaginam o tamanho da armadilha em que irão enfiar os pés, as mãos e a mente. Posso imaginar a expressão de alegria a cada controvérsia gerada.
Imagino que este estratagema jornalístico sirva também para traçar o perfil do leitor de sua coluna.
Conhecendo o leitor, fica mais agradável escrever. Algo como, “hoje vou pisar no calo de tal grupo”. Os bravejos que normalmente acompanham os escritos de Ivan Santos são, sem sombra de dúvida, material fértil para que ele continue sua empreitada, enriquecendo uns, enfezando outros.
Outro dia, li uma resposta dele a um leitor que, nervosamente, perguntava quem era “esse” Ivan. Sua resposta:
“... pra você me conhecer melhor, identifico-me. Sou masculino assumido e vacinado contra democratismos. Sou torcedor do maior time de futebol do mundo que é o Flamengo. Sou ex-esquerdista utópico, ex-sifilítico, ex-corredor de rua, ex-religioso e ex-torcedor do ex-UEC. Sou cafuzo, apreciador de metáfora e de ironia, exegeta do universo finito, acredito na quadratura do círculo polar ártico e respeito o livre-arbítrio das criaturas humanas em todos os graus e sentidos. Acredite nesta: eu vejo mulher como a mais bela metade do mundo! Pra você me conhecer melhor, digo-lhe que não sou supersticioso, mas não saio de casa com o pé esquerdo em dia de sexta-feira 13 ou em noite de lua cheia. Finalmente, eu acredito que a maior aberração humana é torcer pelo Vasco, Cruzeiro ou Palmeiras. Assim sou eu.”
Esta pequena autobiografia dá a dimensão exata das ciladas linguísticas que ele cria com carinho, ceva e depois joga a isca. Reforço: aproveitando a coluna “A arte de escrever”, dou um pitaco onde não deveria. Se munição é bala de revólver, exegeta é intérprete. Viu moçada? Não é palavrão nem desaforo.
Alguns podem até não gostar do jornalista, mas de uma coisa sou seguro: ignorá-lo muito menos. Caro Ivan Santos, que sua temporada de caça não se encerre tão cedo e continue a nos proporcionar saborosos e prazerosos debates. Esta proposital criação de caso é uma arte primorosa, bem elaborada e para poucos. Coragem e independência não faltam a esse jornalista que com sua coluna às vezes ácida, outras extremamente jocosa, mas sempre objetiva, vai contando ahistória, capítulo a capítulo, principalmente da intrigante política de Uberlândia, sem nunca perder o foco em temas universalmente relevantes e atuais.
Da coluna falando sobre a liberação das drogas - calo de muitos pisados ao mesmo tempo – fico só imaginando caso ocorresse o fim da história. Não daria outra: alcoólatras, viciados em drogas pesadas iriam fatalmente, antes de atravessar o Uberabinha de costas, entalar no estreito gargalo da saúde coletiva. Seria mais um batalhão a entrar no sistema público de saúde. Será que aguentaríamos mais este tranco?
Publicado no Jornal Correio em 14/10/2011
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