
Na própria televisão, historicamente as mulheres são retratadas como objeto, submissas e, muitas vezes, como idiotas completas, seja fazendo compras em shoppings e supermercados ou como a loira participando de sonhos eróticos, onde se vêem confundidas com latinhas e cobiçadas como caça. Queixas ao Conar? Não me lembro. Desaforo é viver nesse Brasilzão de Deus na miséria, sem acesso a programas de controle de natalidade, exames de colo de útero e mamografias periódicas. Falta de respeito com as mulheres é a falta de vagas nas creches, e a baixa escolaridade de nossa gente.
Atentado é viver encabrestado em bolsa-isso, bolsa-aquilo, a ponto de perder o senso de certo/errado. Basta ver que a mesma mídia que nos relata o caso Gisele mostra, através de pesquisa, que o povão, ou – parafraseando o jornalista Ivan Santos – a tigrada, não dá a mínima aos atos de corrupção e à roubalheira endêmica diariamente denunciada pela imprensa. Bolsa-isso/aquilo garantida? Não estão mexendo no meu? Então o resto que se exploda! Os caras que se fartem com a coisa pública. Esse problema não é meu é o que pensa a grande parte da população.
O que diria Eremildo, o idiota, o alter ego do, também, jornalista Elio Gaspari sobre o caso Gisele Bündchen. Aguardo ansioso notas dos colunistas.
Se eu fosse o produtor daquele comercial ameaçado de censura, faria outro com a própria Gisele vestida de Rambo, com rosto pintado e roupas camufladas, uma fita preta na cabeça, além de uma AK 47 nas mãos e, antes da voz em off murmurar que não é assim que se faz, ela rugiria com voz grossa e ameaçadora: “Olha aí, figura, estourei o meu cartão de crédito e o seu! Algum problema? Vai encarar?”. Será que o pessoal do desarmamento entraria com algum tipo de ação alegando apologia ao uso de armas? Será que o MMM, movimento machista mineiro, faria representação ao Conar?
Aproveitando o ensejo da épocade importantes premiações, poderíamos sugerir aos criadores do Ig Nobel mais uma categoria; pois, na categoria psicologia, premiou se a razão dos suspiros, enquanto o da paz foi para o prefeito da Lituânia, que resolveu o problema de carros parados em locais proibidos ao passar sobre eles com um tanque de guerra. Por que não criar o Ig Nobel da Insensatez? Candidatos oficiais não faltariam. Esperança? I HOPE so.
Publicado no Jornal Correio em 7 de outubro 2011
Um comentário:
Mandou bem, excelente texto.
Postar um comentário