terça-feira, outubro 21

Farrapo humano

(matutando Nietzsche)

Discreto por necessidade, abandonado, sempre só
fez da vida tortuoso caminho, largou tudo e todos
das paixões ficou apenas miserável e fino pó.

Não adiantava, nem acurada perseverança
lutou com garras aduncas de pássaro de rapina
mas nada restava, nenhuma ligeira esperança.

Antiga pertinácia, substituída pelo mais puro e destruidor medo,
já não buscava refúgio seguro

a sorte a escorrer pelas mãos, não mais fazia da vida segredo.

Entregue a torpe destino a alma em chamas coração em frangalhos
resignado assistia o correr do tempo
na pele carcomida invisíveis mas doloridos bugalhos

Nada restava fazer senão mergulhar em sonhos
porém por mais que tentasse não conseguia os olhos fechar
quando assim o fazia apenas fantasmas medonhos

O sono era martírio pleno e cochilo tortura
entre trapos e tristes lembranças
Jogou-se em gran finale, no inexpugnável poço da loucura.


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