quarta-feira, maio 12

Abandono

Quanta brasa queimada, quanta gangorra a atiçá-la
Quanta roupa passada, quanta história contada

Quanto tempo escorrido, quanto tempo perdido
Quantos olhares vazios, quantos desejos sofridos

Quantas lágrimas enfumaçadas, quantos sonhos sonhados
Quando brasa queimada, quantas lembranças passadas.

Quanto tempo passado, quantos desejos largados
Quanto suor escorrido, quantas golas manchadas

E agora, em ferrugem carcomido à própria sorte largado

Nem fumaça, brasa ou cheiro azul de anil

Apenas o nada, vão traste, insaciável mirmecófago esquecido
Triste fim para quem a muitos, serviu





Em um maio de 2010




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