Zabelê, Zumbi, Besouro
Vespa fabricando mel
Guardo teu tesouro
Jóia marrom
Raça como nossa cor
Nossa linda juventude
Página de um livro bom
Canta que te quero
Cais e calor
Claro como o sol raiou
Claro como o sol raiou
Maravilha juventude
Pobre de mim, pobres de nós
Via láctea
Brilha por nós
Vidas pequenas da esquina
Fado, sina, lei, tesouro
Canta que te quero bem
Brilha que te quero
Luz, andaluz
Massa como o nosso amor
Maravilha juventude
Tudo de mim, tudo de nós
Via láctea
Brilha por nós
Vidas bonitas da esquina
F.venturini - M.borges
"Se for falar mal de mim me chame, sei coisas horríveis a meu respeito" (Clarice Lispector)
sexta-feira, dezembro 30
segunda-feira, dezembro 26
Nascimento esperado
sábado, dezembro 24
Natal na roça
A torda armou-se alva e imensa sob o brilho de manhã especialmente clara. O branco da tenda contrastava com um céu especialmente azul e limpo, daqueles que, além da cor, permitiam o encher pulmões com doce ar de pureza diamante.
No chão sob a sombra da lona iam sendo colocadas imensas tábuas de jatobá e jacarandá antigas, bem secas pelo tempo e uso. Até bem pouco tempo eram piso da casa principal da fazenda. Foi demolida sem dó. Em seu lugar ergueram moderna construção de gosto duvidoso. Modernidade invadindo a roça. Madeira que não foi guardada, como as das gigantescas janelas e portas de folhas. Todas em madeiras de lei, algumas já extintas, viraram tábua de chiqueiro ou lenha para fogão em casa de peão. Ali na morada grande, só fogão a gás e móveis de fórmica.
Muitas daquelas tábuas traziam ainda fortes manchas de cera aqui e ali que, como por milagre, ainda mantinham o brilho pleno de outrora. O negrume do jacarandá ia se formando devagar, fazendo-se destacar em mosaico ao acaso. O ranger de botas seculares eram liberados à medida que iam sendo pisadas na montagem do tablado, rangiam lembranças.
Uma marca feita a ferro quente aqui, alguns buracos de bala ali, se faziam notar inconfundíveis. Recordação incômoda de arma disparada ao acaso, acidente.
Dizem os antigos que foi o tinhoso em pessoa que calçou a bala na agulha em revólver descarregado para polimento; “o diabo atenta, o tiro entra”, reza o palavrio dos mais erados. Tragédia, disparo acidental tirara a vida de senhoria, bisavó do atual proprietário. O que aconteceu de fato ninguém explica. Coisa antiga vale à pena remexer não. Assim ficou em forma de lenda, com muitas versões com as quais o tempo contribuiu para rebuscar em cores e detalhes.
Uma sabiá laranjeira, vinda do curral, pousou na trave principal da torda, cantou longo e estridente pio. Alguns olharam para o alto em ato reflexo, outros nem se deram conta. O mais velho suspirando mirou o horizonte lindo em azul e serra:
— Vem chuva da grossa.
— Chuva de onde velho doido? Olha a firmeza do tempo! Resmungou outro.
Caduquice.
O velho deu de ombros, na verdade falara para ele mesmo, não anunciava, nem rogava praga na festa da noite. Pensou alto e pronto. Mais um suspiro e seguiu batida de pregos nas velhas tábuas que pareciam chorar em crucificação.
Mesas grandes foram colocadas a canto, muitas cadeiras chegando por sobre cabeças de peões seguindo trilheiro criado em meio ao pasto. Caminho sinuoso da estrada até o pé da serra, fila indiana lembrava carreeiro de formiga cortadeira. As cadeiras eram vermelhas, todas elas.
Entardecendo as lâmpadas elétricas foram acesas. Do alto se viam sombras imensas e espectrais refletindo no alvo pano iluminado. Passarinhada naquela noite iria dormir longe do quintal, ficariam somente aquelas com ninhos. Filhotes e ovos valiam o sofrimento da arruaça.
Os cães por sua vez, se fartavam por entre as mesas com as sobras de carne que vinham do braseiro ouro.
Muita dança, risadas e sons de talheres e copos. De quando em vez um grito mais eufórico, a cerveja e a cachaça envelhecida em tonéis de carvalho vindos de longe, despejavam alegria e embriaguez. Para as tantas, já tinha gente padiolando pelos cantos.
Céu em estrelas era surpreendido ao longe por lampejos. Clarões expunham a linha sombra da serra longe. Cada vez mais perto como que trazidos por vento frio e, cada vez mais fortes, balançando toalhas de mesa e sobrando brasas aumentando seu brilho. Chuva em cântaros desabou assim do nada. O velho peão, afastado em sua tapera, acordou com um sorriso ouvindo o Deus-nos-acuda da festa. Ajeitou a manta, bateu o pé na parede para embalar rede. Dormiu sonhando com um mar azul, com queijo coalho e carne de sol, cheiro de maresia, caranguejadas de sua infância.
Caduquice? Qual nada, Sabedoria.
Publicado no Jornal Correio em 24/12/2011.
No chão sob a sombra da lona iam sendo colocadas imensas tábuas de jatobá e jacarandá antigas, bem secas pelo tempo e uso. Até bem pouco tempo eram piso da casa principal da fazenda. Foi demolida sem dó. Em seu lugar ergueram moderna construção de gosto duvidoso. Modernidade invadindo a roça. Madeira que não foi guardada, como as das gigantescas janelas e portas de folhas. Todas em madeiras de lei, algumas já extintas, viraram tábua de chiqueiro ou lenha para fogão em casa de peão. Ali na morada grande, só fogão a gás e móveis de fórmica.
Muitas daquelas tábuas traziam ainda fortes manchas de cera aqui e ali que, como por milagre, ainda mantinham o brilho pleno de outrora. O negrume do jacarandá ia se formando devagar, fazendo-se destacar em mosaico ao acaso. O ranger de botas seculares eram liberados à medida que iam sendo pisadas na montagem do tablado, rangiam lembranças.
Uma marca feita a ferro quente aqui, alguns buracos de bala ali, se faziam notar inconfundíveis. Recordação incômoda de arma disparada ao acaso, acidente.
Dizem os antigos que foi o tinhoso em pessoa que calçou a bala na agulha em revólver descarregado para polimento; “o diabo atenta, o tiro entra”, reza o palavrio dos mais erados. Tragédia, disparo acidental tirara a vida de senhoria, bisavó do atual proprietário. O que aconteceu de fato ninguém explica. Coisa antiga vale à pena remexer não. Assim ficou em forma de lenda, com muitas versões com as quais o tempo contribuiu para rebuscar em cores e detalhes.
Uma sabiá laranjeira, vinda do curral, pousou na trave principal da torda, cantou longo e estridente pio. Alguns olharam para o alto em ato reflexo, outros nem se deram conta. O mais velho suspirando mirou o horizonte lindo em azul e serra:
— Vem chuva da grossa.
— Chuva de onde velho doido? Olha a firmeza do tempo! Resmungou outro.
Caduquice.
O velho deu de ombros, na verdade falara para ele mesmo, não anunciava, nem rogava praga na festa da noite. Pensou alto e pronto. Mais um suspiro e seguiu batida de pregos nas velhas tábuas que pareciam chorar em crucificação.
Mesas grandes foram colocadas a canto, muitas cadeiras chegando por sobre cabeças de peões seguindo trilheiro criado em meio ao pasto. Caminho sinuoso da estrada até o pé da serra, fila indiana lembrava carreeiro de formiga cortadeira. As cadeiras eram vermelhas, todas elas.
Entardecendo as lâmpadas elétricas foram acesas. Do alto se viam sombras imensas e espectrais refletindo no alvo pano iluminado. Passarinhada naquela noite iria dormir longe do quintal, ficariam somente aquelas com ninhos. Filhotes e ovos valiam o sofrimento da arruaça.
Os cães por sua vez, se fartavam por entre as mesas com as sobras de carne que vinham do braseiro ouro.
Muita dança, risadas e sons de talheres e copos. De quando em vez um grito mais eufórico, a cerveja e a cachaça envelhecida em tonéis de carvalho vindos de longe, despejavam alegria e embriaguez. Para as tantas, já tinha gente padiolando pelos cantos.
Céu em estrelas era surpreendido ao longe por lampejos. Clarões expunham a linha sombra da serra longe. Cada vez mais perto como que trazidos por vento frio e, cada vez mais fortes, balançando toalhas de mesa e sobrando brasas aumentando seu brilho. Chuva em cântaros desabou assim do nada. O velho peão, afastado em sua tapera, acordou com um sorriso ouvindo o Deus-nos-acuda da festa. Ajeitou a manta, bateu o pé na parede para embalar rede. Dormiu sonhando com um mar azul, com queijo coalho e carne de sol, cheiro de maresia, caranguejadas de sua infância.
Caduquice? Qual nada, Sabedoria.
Publicado no Jornal Correio em 24/12/2011.
segunda-feira, dezembro 19
Ver-te
Nem tão longe, nem tão perto
sigo ao lado desperto,
O silêncio lembra desprezo
É apreço
Me aquieto remoendo passado
Não acrescenta, só aumenta
vontade sentida de ver-te
suor orvalhado em colchas coloridas
O tremor de mãos, os arroubos, furacão,
Vontade sentida de ver-te,
Sinto imaginário, perfume Vert
Frutado, incorpado, floral
Vontade sentida de te ver
sexta-feira, dezembro 16
Falso-escorpião
Conhecer para proteger
Este animalzinho está na lista dos ameaçados de extinção e deve ser protegido
Foto: Wikipédia
Falso-escorpião: um aracnídeo sem ferrão
Ele mede dois milímetros e mora em cavernas.
Minha nota: Aqui em Uberlândia é encontrado também em cascas de árvores e madeiras em decomposição.
Falso-escorpião
Situado na família das aranhas, dos carrapatos e dos escorpiões, o pseudoescorpião ou falso-escorpião é um animal de oito patas diferente do escorpião “de verdade”. A diferença desta espécie para os demais escorpiões está na cauda. O falso-escorpião não possui um ferrão como os demais.
Além de pequeno (mede 2 mm), o artrópode é muito raro. Ele passa grande parte da sua vida em uma caverna e jamais sai para ver a luz do dia. O habitat ainda é repleto de fezes de morcegos que comem frutas. Para o homem não seria um local agradável, mas para ele é o seu alimento.
Outro alimento são demais insetos, que são agarrados por esta com sua pinça, que solta um veneno paralisante. Este veneno é inofensivo ao homem. O falso-escorpião precisa de apenas uma boa refeição durante o mês e corre risco de extinção por causa da destruição humana de seu habitat.
A reprodução dos pseudoescorpiões é muito interessante. Uma dança de acasalamento entre o macho e a fêmea, com a utilização das pinças. Após esta dança, ele a coloca no chão e introduz uma haste na parceira, produzindo uma gota de espermatozoide penetrada na fêmea.
Fonte: Rede Ambiente
quinta-feira, dezembro 15
Presente
Grata surpresa. Chego ao Laboratório e encontro belo presente. O livro "Das Sesmarias ao Polo Urbano". Recebi do autor o especial Dr. Oscar Virgílio com bela dedicatória.
Agradeço de coração tão rico presente e tão generosa dedicatória, é certo que irei me deliciar com a história da cidade que adotei como minha.
Agradeço de coração tão rico presente e tão generosa dedicatória, é certo que irei me deliciar com a história da cidade que adotei como minha.
Piscou, passou
Outro dia passava no vestibular, agora prestes a se formar. Inexorável tempo que nos deixa perplexos. Unidade de medida tão ínfima que mal temos prazo de apreciar cada instante que nos é oferecido. E ainda tem alguns que o desperdiçam com raivas, mágoas e invejas.
Tento aproveitar tudo até rapar o tacho com colher de pau. E as lembranças mais lindas geralmente estão bem coladas no fundo apenas esperando para serem saboreadas. Aqui vai uma dessas colheradas bem dadas, colher lambida com prazer que só pai e mãe sabem, saber.
Tento aproveitar tudo até rapar o tacho com colher de pau. E as lembranças mais lindas geralmente estão bem coladas no fundo apenas esperando para serem saboreadas. Aqui vai uma dessas colheradas bem dadas, colher lambida com prazer que só pai e mãe sabem, saber.
quarta-feira, dezembro 14
Laurel and Hardy
Laurel and Hardy ou se preferir, Jekyll and Hyde.
Eu em duas versões, coisa de poucos meses, auto-controle leia-se fechar a boca, cuidar da cabeça exorcizando fantasmas e retorno à física pesada diária.
Acho que vou escrever um livro: Como emagrecer sem abrir mão de cerveja e churrascos, sem sofrimento, sem ficar triste ou deprimido e com resultados.
Eu em duas versões, coisa de poucos meses, auto-controle leia-se fechar a boca, cuidar da cabeça exorcizando fantasmas e retorno à física pesada diária.
Acho que vou escrever um livro: Como emagrecer sem abrir mão de cerveja e churrascos, sem sofrimento, sem ficar triste ou deprimido e com resultados.
Barata
Concordo, estão quase todos certos. O assunto aqui abordado pode ser para a maioria das pessoas, em particular as mulheres, asqueroso. Portanto, como o Ministério da Saúde faz, aqui deixo o alerta: A leitura deste texto pode fazer mal à saúde e até embrulhar o estomago. Pois é, vamos falar de um forte aliado dos homens: A barata. Essa mesma. Aquele bicho cascudo e que algumas espécies dominam a arte de voar, como a grandona, a senhora dos esgotos, conhecida nos livros pelo pomposo nome de Periplaneta americana. Nome este que lhe confere um certo ar galáctico, até romântico. Posso imaginar o torcer de narizes, aí do outro lado do papel.
Mas a mais pura verdade: para nós homens, a barata é uma das nossas maiores aliadas, deveria ser o símbolo máximo da libertação masculina, este ser tão oprimido por uma sociedade que nos jogou a segundo plano. As mulheres estão dominando o planeta e nós, assim seguindo, seremos apenas figuras de decoração e divertimento, um brinquedinho na mão das déspotas de saias. Saias? Que nada, foi-se o tempo.
Os serviços secretos, de inteligência – leia-se CIA e KGB, desde o século passado, já percebendo esta tragédia, em conluio com a indústria química, resolveram boicotar a produção do potente Rodox. Aquele da propaganda onde a pobre baratinha ao final, em desespero, gritava:
— Não, por favor, Rodox não, é covardia!
Esta terrível arma química conspirava contra a supremacia masculina, pois municiava as mulheres com mais um instrumento de libertação. Calma senhoras, não me condenem ainda à lapidação, não atirem ainda vossas pedras.
O plano não sei se deu certo, mas começou a surgir na sociedade uma nova espécie de mulher: A baratofóbica.
Vocês já presenciaram a cena de uma mulher matando uma barata? Não sei se todas, mas lá em casa ela, se arma de spray, chinelo, lanterna led, convoca nossos filhos e promove um verdadeiro cerco ao pobre inseto, que por azar voou janela adentro. Joga veneno, pula metro para trás, solta um grito.Se não tiver veneno, vai o desodorante do filho João Lucas mesmo. Este aproveita que a já intoxicada está meio zonza e senta chinelada certeira. Outra série de gritos, agora bem altos, não do filho, mas da mãe que, a esta altura, está em pé no sofá, com a lata de veneno na mão, dirigindo o feixe de luz da lanterna bem no rosto de João, irritantemente cegando-o. Pergunta apavorada em alto tom:
— Matou? Matou? Matou direito? Essa horrorosa é esperta! Confere, vê se ela não está fingindo!
A luta continua e quem passa pela rua pode até pensar que está acontecendo o maior barraco doméstico da história.
Agora o melhor de tudo. Depois do massacre e retirada do corpo, não conformada ela promove a maior limpeza. Afasta móveis e esvazia gavetas de cômodas por onde a barata “poderia” ter passado. Álcool gel, detergente, vassoura, rodo e em pouco tempo a área do confronto está um brinco de limpa e cheirosa, higienizada, como se sala cirúrgica fosse.
Lá em casa, onde as tarefas domésticas são dividas entre todos os membros da família, as faxinas semanais são por minha conta. Dos banheiros ao quintal é função minha zelar. Bolei um truque sacana. Em secredo crio baratas em meu laboratório, com a desculpa de alimentar meus escorpiões. Assim, quando eventualmente bate aquela preguiça de agarrar minhas ferramentas de trabalho do lar, levo uma escondida e solto na sala, no quarto ou no banheiro. Tem coisa mais chata do que lavar banheiro? Faço jeito para que ela veja o inseto e o extermínio à invasora recomeça. De quebra, providencialmente, limpa cada cantinho da área. E eu, com a mais angelical das posturas, fico quietinho a ler um bom livro ou jornal. Adoro as baratas, elas são um barato.
Versão para Jornal publicado no Correio em 14 de dezembro de 2011
Assita ao vídeo da RODOX AQUI
"Premiado no Festival de Veneza (Leão de Veneza)em 1972, foi o primeiro personagem brasileiro premiado no exterior. Utilizando uma técnica inédita, a animação brasileira ficou dividida entre o antes e o depois da Barata Rodox. Producao da Start Anima."
terça-feira, dezembro 13
Chapéu
Clica nas fotos para detelhes.
Não Mano Nicanor, não é chapéu de pecuarista, sou mais dado às roças, às plantações. O chapéu em questão é meu companheiro de expedições de pesquisa, de saídas a campo para tentar entender um pouco que seja do comportamento dos bichos e do tempo. Com ele adentro matas e cavernas. Corto regos d'água, rastejo dentro de manilhões e passagens de gado.
Ele me protege de sol escaldante e do sereno da madrugada enquanto estendemos redes. Com ele, sempre com ele, subo barrancos, beiro cachoeiras, mangues, sertão, catacumbas. Companheiro de viagem, raro me apartar dele. Potiguar de fabrico, veio lá de Caicó. Passou às minhas mãos em Fortaleza, veio para ficar.
Quanto a ajudar no sítio posso sim, mas do meu modo. Posso ajudar fazer inventário de passarinhos, os que não ver posso dizer nome pelo canto, pelo piado dos filhotes, pela época do ano. Posso listar os bichos da noite, apontar estrelas e fazer mapa do entardecer e do alvorecer ruidoso e alegre. Posso ainda fazer censo de vagalumes e sapos. Te contar de morcegos e escorpiões.
Não Nicanor meu Irmão e amigo, não é mágica ou simpatia. É costume, prefiro atentar ao mundo e suas jóias do que aos que pensam dominá-lo. Sou ruim de lembrar rostos e nomes, mas nunca me esquece de uma paisagem ou de um trovão. Faço deles minha vida. E para minha alegria e paz de espírito.
Os chapéus na realidade, são dois o meu e o de Bia. Com seu chapéu, sua botina mateira e máquina fotográfica em punho, ela não perde voo de borboleta, pio de gavião, ou grito de curicaca. Atenta a tudo é. Não perde por se lançar ao chão em pó ou lama apenas para não perder a chance de perpetuar uma micro flor de gigantesca beleza, uma joaninha/jóia com alguma marca diferente,
Uma serpente colorida que insiste em dela fugir.
Se servir, colocamos nossos serviços ao seu dispor, e é claro, no final da tarde de plantão aos sons e vultos poderemos assar uma carne e tomar uma cerveja gelada, afinal mano, ninguém é de ferro.
Como pode ver Bia e eu somos especialistas em amenidades.
Ele me protege de sol escaldante e do sereno da madrugada enquanto estendemos redes. Com ele, sempre com ele, subo barrancos, beiro cachoeiras, mangues, sertão, catacumbas. Companheiro de viagem, raro me apartar dele. Potiguar de fabrico, veio lá de Caicó. Passou às minhas mãos em Fortaleza, veio para ficar.
Quanto a ajudar no sítio posso sim, mas do meu modo. Posso ajudar fazer inventário de passarinhos, os que não ver posso dizer nome pelo canto, pelo piado dos filhotes, pela época do ano. Posso listar os bichos da noite, apontar estrelas e fazer mapa do entardecer e do alvorecer ruidoso e alegre. Posso ainda fazer censo de vagalumes e sapos. Te contar de morcegos e escorpiões.
Não Nicanor meu Irmão e amigo, não é mágica ou simpatia. É costume, prefiro atentar ao mundo e suas jóias do que aos que pensam dominá-lo. Sou ruim de lembrar rostos e nomes, mas nunca me esquece de uma paisagem ou de um trovão. Faço deles minha vida. E para minha alegria e paz de espírito.
Os chapéus na realidade, são dois o meu e o de Bia. Com seu chapéu, sua botina mateira e máquina fotográfica em punho, ela não perde voo de borboleta, pio de gavião, ou grito de curicaca. Atenta a tudo é. Não perde por se lançar ao chão em pó ou lama apenas para não perder a chance de perpetuar uma micro flor de gigantesca beleza, uma joaninha/jóia com alguma marca diferente,
Uma serpente colorida que insiste em dela fugir.
Se servir, colocamos nossos serviços ao seu dispor, e é claro, no final da tarde de plantão aos sons e vultos poderemos assar uma carne e tomar uma cerveja gelada, afinal mano, ninguém é de ferro.
Como pode ver Bia e eu somos especialistas em amenidades.
segunda-feira, dezembro 12
Último do ano
sexta-feira, dezembro 9
Boas festas
Da esquerda para a direita:
Adilson, Edilson, Daniel, Sara, Nelson, William, Raquel,
Clauderci, Marco Aurélio, Divino, Fernando, Clésio, Nilson, Sandro
Adilson, Edilson, Daniel, Sara, Nelson, William, Raquel,
Clauderci, Marco Aurélio, Divino, Fernando, Clésio, Nilson, Sandro
Quisera eu ter um segundo de onipresença nesse final de ano em particular. Assim, neste lampejo de tempo poderia ficar perto de todos em um simples piscar.
Para amigos de verdade com os quais convivo, e aqueles de longe que há muito não vejo, bastaria ficar perto, sentí-los, seria reconfortante e o bastante.
Aos amigos virtuais, muitos ainda sem rosto, cheiro e jeito, seria chance impar de conhecê-los, trocar impressões e transformá-los de puros e impulsos cibernéticos bits, eltretricidade, em vida viva, um segundo bastaria, e jamais acabaria.
Aos que nos desdenham, invejam, odeiam, um murmúrio de tranquilo espirito desejada. A esperança de transformar sentimento tão ruim em algo bom, não para mim, para estes próprios.
Um segundo, apenas um segundo do tempo poderia mudar destinos, agregar o destruído, recompor o ruido, unir o distante.
Em um segundo e apenas um segundo derrubaria se pudesse muralhas que separam sentimentos tão antagônicos. Abraçaria cada um de vocês e de coração e alma desejaria a todos um novo ano de muita estrada boa, horizontes definidos, amores verdadeiros, por-de-sol de beleza impar, manhãs orvalhadas com perfume de terra, canto de passarinhos, frescas brisas, céus de maio ano todo.
Lares em harmonia, paz nos ninhos, pureza de criança, peito aberto, sem aperto, sem raivas ou sentimentos criadores de solidão em rancor, e pra quem quisesse, muito amor.
Um segundo, um segundo de ubiquidade e não carecia mais.
Assim, em nome de nosso grupo do Laboratório de Animais Peçonhentos e Quirópteros, impar equipe orgulhosa de fazer o que se gosta desejamos a todos, resumindo em uma só palavra: PAZ!
Para amigos de verdade com os quais convivo, e aqueles de longe que há muito não vejo, bastaria ficar perto, sentí-los, seria reconfortante e o bastante.
Aos amigos virtuais, muitos ainda sem rosto, cheiro e jeito, seria chance impar de conhecê-los, trocar impressões e transformá-los de puros e impulsos cibernéticos bits, eltretricidade, em vida viva, um segundo bastaria, e jamais acabaria.
Aos que nos desdenham, invejam, odeiam, um murmúrio de tranquilo espirito desejada. A esperança de transformar sentimento tão ruim em algo bom, não para mim, para estes próprios.
Um segundo, apenas um segundo do tempo poderia mudar destinos, agregar o destruído, recompor o ruido, unir o distante.
Em um segundo e apenas um segundo derrubaria se pudesse muralhas que separam sentimentos tão antagônicos. Abraçaria cada um de vocês e de coração e alma desejaria a todos um novo ano de muita estrada boa, horizontes definidos, amores verdadeiros, por-de-sol de beleza impar, manhãs orvalhadas com perfume de terra, canto de passarinhos, frescas brisas, céus de maio ano todo.
Lares em harmonia, paz nos ninhos, pureza de criança, peito aberto, sem aperto, sem raivas ou sentimentos criadores de solidão em rancor, e pra quem quisesse, muito amor.
Um segundo, um segundo de ubiquidade e não carecia mais.
Assim, em nome de nosso grupo do Laboratório de Animais Peçonhentos e Quirópteros, impar equipe orgulhosa de fazer o que se gosta desejamos a todos, resumindo em uma só palavra: PAZ!
quarta-feira, dezembro 7
Pena de morte
Acompanho atento, aqui no CORREIO, o saudável debate sobre a pena de morte. Um SIM contundente e um NÃO bem embasado deram o tom da discussão. Particularmente, muito acredito que a tal já está em vigor desde o descobrimento, desde a chegada das caravelas embaladas por vento norte até o porto seguro da terra brazilis. Primeiro, entregamos miçangas e espelhinhos aos legítimos donos das praias, matas e tantas riquezas desejadas, depois, seja com bacamarte ou simples gripe, os levamos quase à extinção.
Hoje, em ato de mea culpa, o Estado tenta compensar aos filhos dos filhos daqueles que escaparam do holocausto tupiniquim concedendo e demarcando enormes glebas de terra a uns poucos que, por sua vez, em pleno século 21 continuam condenados à mesma pena de morte colonial. Hoje, os verdugos grileiros, garimpeiros e aventureiros que continuam, quando não recorrendo às armas, levam suas injeções letais em forma também de doenças.
Voltando à história: vieram os negros. Condenados ainda lá em mãe África ao degredo, sofrimento e morte. Muitos sucumbiam ainda nos porões das negras naus do terror muito antes de aqui aportarem. Avançando alguns séculos, esbarramos novamente com o tal século 21 e os afrodescendentes ainda são as maiores vítimas de penas de morte veladas. Basta observar qualquer estatística, por mais tendenciosa e malfeita que seja. Os negros continuam sendo as maiores vítimas de violência policial, social e econômica.
São abatidos, muitas vezes, pelo simples fato de estar andando nas ruas em horas e lugares, para alguns, “indevidos”. Não muito tempo atrás, contam, nem no Cine Uberlândia eles eram aceitos e no footing da praça eram obrigados a andar fora da calçada. Morte em vida. Preconceito também mata, portanto forma sublinear de pena de morte étnica.
Traficantes conduzem livremente o seu negócio macabro, condenando e aí democraticamente, pois não tem cor, sexo ou condição social que escape, milhares à lenta morte pelo vício. As milícias pipocam em cada bairro e, sob os olhares e proteção dos “homens de bem”, aprovam e aplaudem a cada corpo de ladrão, drogado ou andarilho encontrado com perfuração de bala na cabeça e na palma da mão, assinatura inconfundível de quem fez história aplicando pena máxima ao seu bel- prazer.
Só falta agora oficializar. Aparecer algum político e sugerir plebiscito e assim mudar nossa carta magna, então os hipócritas, vestidos de bons moços, fingirão esbravejo e votarão a favor. Aliás, em termos de Justiça, o Brasil sempre engendrou pelas tortuosas vias da contramão.
Uma polícia honesta e respeitada que tenha certeza que aqueles que prendem ficarão presos pelo tempo que forem condenados. Uma urgente reforma no Código Penal ou sei lá onde que deve se dar, mas que tenha menos brechas e artifícios para safar bandido. Mas não podemos esquecer que somos todos uma simbiose de santo e demônio. Cansados, quando a impunidade bate à nossa porta e envolve entes queridos, não raro desperta em qualquer um, no mais pacato dos humanos, o Código de Hamurabi ou lei do talião citado pela senhora Nereide Jorge em artigo outro dia. Não há sensatez, equilíbrio ou discurso que possam emudecer a besta que habita os labirintos escuros de nossa condição animal. Se o Estado falha, o bicho homem em apocalipse mostra suas garras. Instala-se a barbárie.
Hoje, em ato de mea culpa, o Estado tenta compensar aos filhos dos filhos daqueles que escaparam do holocausto tupiniquim concedendo e demarcando enormes glebas de terra a uns poucos que, por sua vez, em pleno século 21 continuam condenados à mesma pena de morte colonial. Hoje, os verdugos grileiros, garimpeiros e aventureiros que continuam, quando não recorrendo às armas, levam suas injeções letais em forma também de doenças.
Voltando à história: vieram os negros. Condenados ainda lá em mãe África ao degredo, sofrimento e morte. Muitos sucumbiam ainda nos porões das negras naus do terror muito antes de aqui aportarem. Avançando alguns séculos, esbarramos novamente com o tal século 21 e os afrodescendentes ainda são as maiores vítimas de penas de morte veladas. Basta observar qualquer estatística, por mais tendenciosa e malfeita que seja. Os negros continuam sendo as maiores vítimas de violência policial, social e econômica.
São abatidos, muitas vezes, pelo simples fato de estar andando nas ruas em horas e lugares, para alguns, “indevidos”. Não muito tempo atrás, contam, nem no Cine Uberlândia eles eram aceitos e no footing da praça eram obrigados a andar fora da calçada. Morte em vida. Preconceito também mata, portanto forma sublinear de pena de morte étnica.
Traficantes conduzem livremente o seu negócio macabro, condenando e aí democraticamente, pois não tem cor, sexo ou condição social que escape, milhares à lenta morte pelo vício. As milícias pipocam em cada bairro e, sob os olhares e proteção dos “homens de bem”, aprovam e aplaudem a cada corpo de ladrão, drogado ou andarilho encontrado com perfuração de bala na cabeça e na palma da mão, assinatura inconfundível de quem fez história aplicando pena máxima ao seu bel- prazer.
Só falta agora oficializar. Aparecer algum político e sugerir plebiscito e assim mudar nossa carta magna, então os hipócritas, vestidos de bons moços, fingirão esbravejo e votarão a favor. Aliás, em termos de Justiça, o Brasil sempre engendrou pelas tortuosas vias da contramão.
Uma polícia honesta e respeitada que tenha certeza que aqueles que prendem ficarão presos pelo tempo que forem condenados. Uma urgente reforma no Código Penal ou sei lá onde que deve se dar, mas que tenha menos brechas e artifícios para safar bandido. Mas não podemos esquecer que somos todos uma simbiose de santo e demônio. Cansados, quando a impunidade bate à nossa porta e envolve entes queridos, não raro desperta em qualquer um, no mais pacato dos humanos, o Código de Hamurabi ou lei do talião citado pela senhora Nereide Jorge em artigo outro dia. Não há sensatez, equilíbrio ou discurso que possam emudecer a besta que habita os labirintos escuros de nossa condição animal. Se o Estado falha, o bicho homem em apocalipse mostra suas garras. Instala-se a barbárie.
Publicado no Jornal Correio em 07/12/2011
terça-feira, dezembro 6
Dona Joana
O que um fusca, uma dupla sertaneja e um cronista têm em comum?
Show da Dona Joana no TEATRO SÉRGIO PORTO
Quarta, 07 de dezembro, AS 20 H
Ingressos A R$ 10 na LISTA AMIGA
listadonajoana@gmail.com
CONHEÇA MAIS DO TRABALHO DA DONA JOANA...
www.bandadonajoana.com.br
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Show da Dona Joana no TEATRO SÉRGIO PORTO
Quarta, 07 de dezembro, AS 20 H
Ingressos A R$ 10 na LISTA AMIGA
listadonajoana@gmail.com
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www.bandadonajoana.com.br
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segunda-feira, dezembro 5
Baculejo
Todas as etapas de nosso projeto de manejo de escorpiões programadas para 2011 foram concluídas com exito.
Abrimos nova área onde ocorrem situações inusitadas de comportamento e domiciliação. Esperamos ano que vem poder acompanhar e entender essa nova experiência. As informações a campo são aplicadas em nosso dia-a-dia em Uberlândia.
A introdução de novas espécies e a entrada de espécies de importância médica em áreas antes livre das mesmas nos leva a continuar a buscar formas de conter este bicho, diminuindo populações, acidentes e concomitantemente óbitos em nossa área de atuação.
Nesse último baculejo do ano: 608 escorpiões capturados !
Abrimos nova área onde ocorrem situações inusitadas de comportamento e domiciliação. Esperamos ano que vem poder acompanhar e entender essa nova experiência. As informações a campo são aplicadas em nosso dia-a-dia em Uberlândia.
A introdução de novas espécies e a entrada de espécies de importância médica em áreas antes livre das mesmas nos leva a continuar a buscar formas de conter este bicho, diminuindo populações, acidentes e concomitantemente óbitos em nossa área de atuação.
Nesse último baculejo do ano: 608 escorpiões capturados !
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