quinta-feira, agosto 28

Eleições e política

Então. Começou a propaganda política no radio e na televisão. Dia desses me peguei vendo e escutando, afinal era novidade e queria ver a quantas andavam as novas idéias. Vi e ouvi coisa boa, séria e interessante, mas como de costume, para manter a tradição, não podiam faltar em alguns programas as mirabolantes e absurdas promessas, daquelas que nem que a vaca tussa poderão ser cumpridas.

Na hora me veio à lembrança um muito antigo e folclórico político aqui de nosso Triângulo Mineiro. Diferente de outros que fizeram história e registro perpétuo com suas tiradas hilárias cantadas e contadas em verso e prosa Brasil à fora, como José Maria Alckmin, Tancredo Neves, Benedito Valadares e, claro, nosso imortal presidente Juscelino Kubitschek, isso só para citar alguns que transformaram a política mineira em sinônimo de esperteza, presença de espírito, de criatividade e malícia, do fazer em silêncio, este um ficou infelizmente, tanto quanto esquecido, fama regional bem restrita e poucos tomaram conhecimento de sua astuta mineirice.

Reconto uma passagem, nem sei se verdadeira é, pois faz tanto tempo e as histórias, como as pessoas e as paisagens, mudam tanto e tão depressa.

Sua marca registrada era uma botina amarela.

De corpo avantajado era fácil de se fazer notar em qualquer lugar que ia. Contam alguns que, certa feita em plena e acirrada campanha seguiu em comitiva para comício na área rural de seu município.

Carroceria de caminhão transformada em palanque, foguetório e churrasco farto para atrair o máximo das gentes das fazendas e sítios, depois de muita cerveja e boa cachaça com murici, o discurso tomou rumo.

- Meu povo, se eleito for, vou fazer muita ponte aqui na região...
um lá na ponta, manso retruca:

- Mas aqui não tem córrego nem rego d'água seu moço que disso careça.
- Uai "nóis faz" então esbravejou o candidato.
E segue adiante.
- Se for eleito, vou colocar mata-burro para tudo quanto há de carecer!
O mesmo lá no fundo, já alisando palha para enrolar o cigarro:
- Mas nem estrada temos aqui no fundão moço!
- Sem problema "nóis faz"! Respondeu em largo sorriso o postulante à prefeitura.

E perto de finalizar o discurso:
- Minha boa gente, se eu ganhar a prefeitura, vou fazer um mundo velho de escola, uma em cada canto da região, com professora e tudo.

Aquele do pito, suspirou fundo, tirou boa tragada do palheiro e quase em sussurro e meio à fumaça azulada expelida sentenciou:

Mas moço aqui nem criança tem mais não!
Acostumado a respostas impensadas e rápidas lá do caminhão com vozeirão seguro gritou.
- Não tem problema, "nóis faz"!

Dizem que, mesmo sem a bênção do padre ganhou fácil a política daquele ano.

Dessa bem sucedida raposa política dizem que nunca perdeu uma eleição, tenho muitas histórias e casos, devagar, se me permitirem vou contando.

É por essas e muitas outras que, quatro anos como diz a chamada da Justiça Eleitoral, é muito tempo. Que o diga a anódina seleção olímpica de futebol masculino, depois do vexame em Pequim. Pois pensem com carinho caros eleitores. Nada de ouvidos moucos, muita seriedade, critério e avaliação sem emoção. Um bom, livre saudável e principalmente consciente votar.

Um comentário:

Odele Souza disse...

Olá William,
Sobre a propaganda politica. Fico sem vontade de ver pois são só promessas. Poucos, pouquissímos são os políticos que merecem nosso voto. Que pena.

Quero lhe agradecer William, pelo link do blog Flavia, Vivendo em Coma e gostaria de convidá-lo a participar da Blogagem Coletica JUSTIÇA PARA FLAVIA, programada para o dia 15.09 Toda a orientação está sempre no post atual do blog dela.

Um forte abraço.