MINAS AO LUAR em Uberlândia
LOCAL: Praça Tubal Vilela
DATA: 30 de agosto de 2.008 – SÁBADO
HORÁRIO: início: 20:30 h – término: 00:30 h – 31/08
Atrações musicais:
CANTA BRASIL MADRIGAL SERESTEIRO
Participação especial:
SANDUKA - (violão e voz)
Grupo de seresta "Os Namorados da Lua"
Parceria: Rede Integração
Realização:
SESC de Minas Gerais e
SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE UBERLÂNDIA
Não se pode ter certeza sobre quando e onde o Homem aprendeu a modular sons, mas, certamente, ao ouvir o caos primitivo e emitir seus primeiros grunhidos e gritos, o ser humano, talvez inadvertidamente, inaugurava uma das mais expressivas relações entre o ser pensante e seu meio, sendo esse o sensível germe da Cultura.
Cantar, desde então, tornou-se uma corrente expressão da alegria, do medo, da tristeza, da exaltação, da inteligência, do ódio e do amor do animal pensante. E este, logo, assimilou e juntou aos sons de seu próprio corpo as vibrações naturais de outros objetos do mundo físico, dimensionando suas expressões com a profundidade, a extensão, o tempo e o espaço.
Abriram-se, assim, as portas para que a música, como criação humana, se integrasse ao drama histórico, acompanhando solidariamente o desenvolvimento e o progresso da espécie em todos os seus quadrantes.
A música é, pois, testemunha e testamento da longa evolução dos seres neste Planeta. Aqui e ali, mudam-se os personagens, o ritmo, o modo e o tom. Permanece, porém, o cantador, nem sempre músico, quase nunca profissão, às vezes desentoado, eternamente sonhador.
É já lendária a figura do menestrel medieval, ancestral acolhido dos seresteiros e cantores atuais. Suas cantigas, ingênuas e ternas, eram expressões profanas do cotidiano, dos feitos de heróis e, sobretudo, de sonhos com o ser amado e de enlevo com a Mãe Natureza.
Como já se disse, a música é testemunha das épocas, e ontem, como hoje, seus objetos são próprios de estados peculiares do espírito da ocasião. Mudaram-se os homens e as circunstâncias e, hoje, pouco há que lembre o despojamento terno e ingênuo das antigas cantigas, relegadas que são em meio ao esquecimento e pó do folclore e da erudição.
Mas, e também como já se firmou, permanece o cantador, teimoso legatário do veio original da criação musical. Figura intuitiva e sensível, protótipo do trovador romântico, perspicaz observador do mundo, improvisador e criativo, solidário à alma e espírito dos tempos, portador do testamento de criações sonoras de todas as eras.
Em nosso meio, o seresteiro e a seresta romântica são, certamente, os grandes veículos dessa tradição. Há em todo seresteiro algo que o identifica com o cantador imemorial, em seu afã de reproduzir no canto sua irrefreável e íntima ligação com a vida e sua reverência pelos mistérios do mundo.
Em Minas Gerais, a serenata romântica, trazida de além-mar pelos colonizadores, encontrou a melhor guarida. Noites claras e enluaradas, horizontes ondulados e montanhosos, o intimismo e a introversão da gente, são solo acolhedor para o sonho, a música e a seresta.
Entretanto, não convém, aqui, um excesso de ingenuidade. A música e o canto, hoje, são motor de indústria e esta nem sempre condescende com as tradições. É certo, assim, que haja um esforço concreto da coletividade e suas instituições, no sentido de preservar espaços onde o olhar visionário ainda encontre a lua e os corações apaixonados possam cantar seus amores e saudades.
2 comentários:
W.S.
Estive aqui visitando você para rever o seu trabalho e trazer-lhe o meu abraço. Parabéns! Uberlândia deve se orgulhar de ter um filho seu com o blog tão ajeitado como o "Mineira Pasárgada...". Inté.
Navegar na internet, encontrar relato tão bem escrito, é embarcar no que há de melhor.
Um texto que prende, falando musica, seresteiros, temperos indispensáeis para quem gosta de saborear a vida.
Parabéns pelo ótimo espaço.
Dalinha Catunda
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