quinta-feira, janeiro 21

Do Carrara ao Bit


Bravo! Bravo! Bravíssimo!
Perfeita a crônica de Carlos Guimarães Coelho, Jornal Correio, coluna Transe Cultural de 19/01/2010: "Twitter, um brinquedinho muito perigoso".

O microblog é de fato uma ferramenta maravilhosa de trabalho quando usado para tal. Particularmente me beneficio diariamente e muito, assim como outros muitos, dos 140 caracteres para contatos, consultas de trabalho e divulgação de ações e fatos que acredito relevantes.

Agiliza, ganha-se tempo, promove-se e divulga-se informações. Obviamente também usamos o espaço para cordialidades, troca de bons-dias, contatos e opiniões pessoais; afinal lá a princípio, é um espaço de relacionamento, de bem relacionar.

Mas quando usado para futricas, mexericos e fofocas, transforma-se numa coluna "social" de extremo mau gosto e um mar de inutilidades do tipo "Ok,Ok".

A pergunta/chamada do Twitter é: What's happening? "O que está acontecendo?". Antes era mais aborrecida e vazia ainda: “What are you doing? ou seja ”O que você está fazendo?"

O problema é maneira como alguns usuários respondem exatamente à pergunta de abertura.

Traduzem majoritariamente como é, ou está, o vazio, fútil e insignificante retrato de suas próprias vidas, esculpido no mais puro Carrara, que usado foi para esculpir o Panteão de Agripa, templo dedicado a todos os deuses romanos e também pelo incomparável mestre renascentista Michelangelo em dezenas de suas obras, dentre elas o símbolo da liberdade e beleza florentina, o célebre herói bíblico David.

Se lá, na névoa do passado, a matéria prima era a Toscana rocha, o século XXI nos reservou em virtuais sites de prosa, em substituto à pedra bruta, míseras seqüências de dígitos binários que se prestam a tentar esculpir mas nunca/jamais eternizar personalidades ambíguas ou traços de caráter. Para o bem ou para o mal na web somos todos, nada mais do que eletrônicas e passageiras nuvens carregadas de estática.

Um comentário:

Maria disse...

Ainda não me interessei pelo Twiteer. Talvez porque não tenha tanta coisa relevante para contar e não queira cair no "Ok,Ok".