domingo, setembro 2

Primeira vez


A maioria das primeiras vezes a gente nunca esquece, como aquela história da menina moça e seu sutiã Valisère. Outras coisas carregam essa sina. A primeira vez que se entra em um cinema para assistir ao filme censura 18 anos. A primeira cerveja tomada em público, esta faz o garoto se sentir o máximo. Doce ilusão.

Marca a vida de quase todos a primeira transa, o primeiro do que se pensava amor. Atingir a tal maior idade soa como uma carta de alforria. Só mesmo tempo para colocar a devida ordem ao, muitas das vezes, tortuoso trilheiro ao qual se dá o nome de vida.

Para compensar, o verdadeiro amor à primeira vista o qual culmina via de regra, quando correspondido é claro, com relação pura, terna e duradoura, muitas das vezes por uma vida inteira este sim nunca se esquece.

O primeiro, o segundo nascer de filhos; para isso não tem primeira vez. Pois o sentimento, a emoção é ímpar e sempre único, do primogênito ao caçula.

A primeira traição, bom em termos de traição em qualquer circunstância, seja afetiva, de amizade ou de trabalho, regra geral, quebra de confianças em todas as suas formas são quase impossíveis de esquecer.

O primeiro contato com a morte, a primeira grande perda, inesquecível e permanente dor que vai nos acompanhar eternamente. A primeira desilusão com a raça humana. Posso passar dias e dias lotando páginas com inesquecíveis primeiras vezes. Aliás, contou quantas vezes escrevi a palavra primeira? É de sinonímia difícil essa danada.

Claro que com o passar do tempo amenizam-se sentimentos, mecanismo natural de defesa a ponto de algumas virarem simples contar de caso, principalmente quando se pontua o quão imaturo se era à época. Destaco dentre tantas e tamanhas a tal primeira cerveja e a tal “traição” daquilo que se acreditava amor.

Com o andar da carruagem nada como rir de tamanhas infantilidades geralmente contadas aos sorrisos, às vezes de vergonha, de se falar do passado em roda de verdadeiros e maduros amigos e amores. Mas as boas primeiras coisas, essas não esquecemos mesmo. O primeiro emocionar com boa música. O primeiro pôr do sol nas montanhas ou no mar. A estreia em uma corrida.

Participei da 2ª Corrida do Cerrado realizada em fantástico domingo de céu de azul especial. Nunca pensei em me envolver em eventos como este. Valeu muito. Claro, não estava ali para vencer, subir em pódio coisas e tais. Nem mesmo competir era meu objetivo. Fui movido pelo simples e forte prazer em participar de algo diferente, de uma experiência nova e alegre. Não deu outra. Encontrei dezenas de pessoas que não via há anos. Ambiente alegre e descontraído, repleto de pessoas bonitas e ricas em disposição e saúde.

Fui com minha filha, também marinheira de primeira viagem nesse tipo de evento, mas corredora experiente, o que me deixou feliz absoluto. Parabéns a todos os patrocinadores e organizadores, em particular a este jornal CORREIO de Uberlândia e a uma pessoa especial, Daniel Rotelli, este moço deu sangue para que tudo saísse perfeito como de fato aconteceu. Acompanhei de longe sua angústia e ansiedade. Tudo recompensado ao final.

Quanto à experiência pessoal, foi algo inexplicável. Descobri o puro significado de “runner’s high” ou “o barato do corredor” como certa feita escreveu Duda Teixeira na “Veja”. Que porre de endorfina. Que venha logo a 3ª edição da Corrida do Cerrado. Estarei lá firme a me divertir.





Publicado no Jornal Correio em 2/009/2012


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