"Se for falar mal de mim me chame, sei coisas horríveis a meu respeito" (Clarice Lispector)
quinta-feira, maio 24
Libertas Quae Sera Tamen
"Liberdade – essa palavra
que o sonho humano alimenta:
que não há ninguém que explique,
e ninguém que não entenda."
(Cecília Meireles)
Numa democracia pressupõe-se que todos os homens são livres em ações e pensamentos desde que respeitando os limites da lei, da ética e do bom senso. Ética aqui pode soar estranho pois os conceitos para ela variam de pessoa para pessoa, o que é ético para um pode muito bem não o ser para outrem, mas vamos lá.
O poder discordar, de ter opiniões diferentes e, principalmente externar esse pensamento sem ser alvo de censuras ou críticas destrutivas, sem receio de criar inimizades ou animosidades torna o exercício da liberdade, quando em vez, doloroso.
Muitas das vezes o livre pensar é motivo de julgamentos precipitados e posturas radicais e inadmissíveis do tipo "ou está comigo ou está contra mim" ou, "pode-se pintar o carro de qualquer cor desde que seja preto". Posturas desta natureza vão contra tudo que torna realmente o homem livre pois, se geram receio, isso é antagônico ao princípio máximo da liberdade.
Discordar sem ofender, sem agredir, é saudável e construtivo, consolida as relações pessoais e é mola propulsora do crescimento humano. Não temos necessariamente que torcer para o mesmo time, pertencer ao mesmo partido ou a partido algum, não temos que votar no mesmo candidato. Mas temos sim o direito de festejar a vitória de nosso time do coração, escolher o partido e candidato que quisermos e devemos, sempre, respeitar e admirar aqueles que com coragem e risco assumem posições contrárias às nossas, sem críticas, sem rancor. A beleza das disputas se apóia nessa diversidade, a falta de consenso não deveria jamais significar divisão e sim crescimento.
Mas por favor, não me vá com uma camisa do Cruzeiro para dentro da torcida do Galo. Ou com uniforme do Corinthians entrar em ônibus exclusivo de palmeirenses. Olha aí o bom senso.
Ser livre enfim é não estarmos jamais presos às paixões a preconceitos, a pré-julgamentos, é jamais ter receio de se expressar pensamentos, posições e sentimentos, é não recear em momento algum imposições e represálias. Ser livre é exercer sempre a difícil arte da tolerância e da ternura para com tudo e todos.
Omitimos nossas emoções e pensamentos muitas das vezes por puro medo, e este homem ou esta mulher com medo jamais será verdadeiramente livre. Viva as diferenças, pois é delas que podemos tirar alegria e viver e descobrir os verdadeiros companheiros nessa curta jornada pelo planeta.
William Henrique Stutz
Publicado no Jornal Correio veja AQUI
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