sexta-feira, março 24

Gambás


Recente matéria de telejornal local nos mostrava ação do nosso Corpo de Bombeiros capturando um gambá em plena praça pública. Seria apenas um fato pitoresco, cômico e isolado que chamou a atenção, mas não.

Há aproximadamente um mês, também recebemos a visita de uma fêmeazinha de gambá com sua prole agarrada às suas costas (às costas dela), para tormento de nossa cadela que não se conformava com a invasão de seu território.

Nossa vizinha de rua também teve que contar com a ajuda dos bombeiros para a colocação de uma armadilha para capturar outro que teimava em morar no forro de sua casa. Outro vizinho nos ligou preocupado, pois um estava a nadar em sua piscina e não sabia como agir, bombeiros novamente salvando a pátria. Outros 3 ou 4 casos de aparecimento deste simpático animal foram a mim comunicados nas últimas semanas.

Bicho de hábitos noturnos, de vida relativamente longa (2 a 4 anos), podendo ter em cada parição de 10 a 15 filhotes, comem de tudo, mas principalmente frutos, ovos e filhotes de pássaros. Os galinheiros (raros, mas ainda existentes) são seus alvos preferidos tanto na roça quanto na cidade.

A invasão da área urbana de nossa cidade por estes animais deve ser cuidadosamente avaliada. É com certeza mais um aviso da natureza. A destruição de nosso ecossistema no entorno de Uberlândia tem levado ao aparecimento de muitos bichos antes só vistos na roça.

A grande quantidade de pássaros como sabiás, canários da terra, coleirinhas, sanhaços, pombas-do-bando, papagaios, periquitos – Bem-te-vis não contam, pois estes são tão urbanos quanto os pardais – é cada vez mais notada.

Além dos bichos de pena, outros também estão chegando. A quantidade de pequenos micos que estão aparecendo em locais onde jamais tinham sido vistos é mais um sinal de que alguma coisa urgente deve ser feita, pois estamos colocando em risco espécies maravilhosas de animais de nosso cerrado – a adaptação deles no meio urbano é lenta e quase sempre desastrosa, como também é traumático para a própria população humana, uma vez que umas tantas doenças (zoonoses) antes confinadas em áreas silvestres e rurais, muito em breve estarão batendo às nossas portas (a hantavirose é apenas uma delas).

Das duas uma: Ou agimos rápido para conter este êxodo animal ou teremos que aumentar o contigente dos valorosos bombeiros e de nossa Polícia Ambiental, pois vai sobrar muito trabalho para eles. Finalizando: o nome gambá vem de guaambá, que significa saco vazio em tupi-guarani, numa referência à sua bolsa, pois estes animais são marsupiais como os cangurus.

Saco vazio não é exatamente a expressão que melhor define a sensação das pessoas comprometidas com as causas ambientais quando pensam nas agressões freqüentes ao nosso planeta.

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