sexta-feira, março 24

Prefácio - provisório

Conheço William Stutz, há mais de 20 anos. Para mim ele é nosso Oswaldo Cruz porque investiu contra uma doença que, no passado recente, produzia loucura nas pessoas atacadas em Uberlândia por cães raivosos, no mês de agosto – o Mês do Cachorro Doido.
Médico-veterinário contratado pela Secretaria Municipal de Saúde, Stutz promoveu intensa campanha na cidade e no campo para vacinar cães, gatos e macacos. Como o mata-mosquito Oswaldo Cruz, ele não foi compreendido pela sociedade da época que entendia ser o trabalho de vacinação de animais domésticos uma forma de "jogar dinheiro fora". Stutz não se importou com as críticas. Comandou com determinação a vacinação em massa de animais de estimação. Um bárbaro! Resultado: hoje não se houve mais falar em um só caso de pessoa doente de raiva, em Uberlândia.

Em seguida Stuz projetou, organizou, instalou e dirigiu o Centro de Zoonoses de Uberlândia que transformou em modelo de Minas para o Brasil. Mais tarde o "Vacinador de Cachorros" transformou-se em aplicado ambientalista, estudioso da fauna dos cerrados, ecologista amigo da natureza. Da ciência para a Literatura, deu um passo significativo.
Tive o privilégio de ler, em primeira mão, os textos através dos quais nosso sanitarista conta experiências, revela observações com minhocas e fala das impressões dele sobre a devastação da natureza nos cerrados das Gerais. A obra literária que Stutz lega à sociedade do presente é composta basicamente de textos publicados no Jornal CORREIO. Recomendo o livro aos leitores, não para simples apreciação dinâmica das crônicas, mas porque o autor é dedicado apreciador da natureza e, como cientista e humanista, severo crítico do processo social moderno.
Nos textos aparentemente simples, Stutz aborda temas com olhos de cientista e sensibilidade de escritor. Esse cronista do cotidiano, que ironiza a conduta humana na modernidade, promete.
Ivan Santos
Jornalista – Editor de Opinião do Jornal CORREIO

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