quarta-feira, março 29

Pelo sim, pelo não: luto

Antes de mais nada uma pequena observação: escrevo este texto antes de saber o resultado do tal referendo, portanto obviamente não sei quem ou o quê ganhou. Quem morreu? Velório nacional. Cento e vinte e dois milhões de brasileiros acompanharam o cortejo. Quem morreu? Morreu a democracia representativa.

Nem Getúlio, nem JK, nem Tancredo conseguiram com suas mortes colocar tanta gente nas ruas.Quem morreu?Morreu um governo que não governa, morreu um congresso e um senado que simplesmente passou a bola para nós. Como Pilatos lavaram as mãos. Tudo relacionado daqui para frente com armas será culpa do povo, tiraram o corpo fora. Fugiram à responsabilidade para a qual foram eleitos.

Nunca vi nada tão triste. Nunca em tempo algum vi seções eleitorais tão tristes e vazias. Não vazias de gente, pois o povo lá estava para cumprir uma obrigação que, no caso desse referendo alguns ainda insistem em chamar de "direito cívico", mas vazias de crença, vazias de esperança, um tédio.

Quem morreu? Morreu agora sim a esperança.Vença o sim vença o não, nada muda na vida do cidadão comum, do cidadão de bem.Vença o sim vença o não enterramos definitivamente qualquer chance de acreditar naqueles que foram eleitos extamente para decidir os rumos de nossa nação.
Depois do velório, o enterro. Pelo menos até o ano que vem, quando teremos outra chance, novas esperanças.

Ano que vem com certeza teremos uma eleição divisora de águas, de história.O antes e o depois dessa infeliz jornada que, boa ou ruim foi democraticamente eleita.Mateus embalado está sendo, pelo menos por mais um tempinho.

Ano que vem pensemos bem para não chorar depois e, outra vez embalar o Mateus errado. Podemos até não saber, mas estamos de luto.

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