"Se for falar mal de mim me chame, sei coisas horríveis a meu respeito" (Clarice Lispector)
domingo, dezembro 31
Feliz cheiros novos
(para a amiga Lia Falcão)
Amiga, para o ano que finda e para o que se inicia
desejo-lhe cheiros. Sim cheiros.
Cheiro de mato, cheiro de cachoeira, fogão de lenha.
Chuva.
Cheiro de grama molhada, de vento de praia - maresia.
Jasmim em flor, parreira exuberante linda, uva.
Cheiro de pão de queijo, conserva de pimenta, vinho tinto.
Feijoada.
Cheiro de riso, de boa prosa de amizade nascente.
Perfume preferido, colorida florada.
Deixo cheiro e mais cheiros, um ano novo assim: cheiroso que só.
Repleto de alegria amiga Lia
Feliz cheiros novos manacá-de-cheiro, ano todo.
E claro um voô suave e seguro
de graciosa e doce harpia.
quarta-feira, dezembro 27
Tsunami
Cozinha do quintal.
Tinha um monte de formiguinhas, daquelas miudinhas se deleitando com
um pingo de sobra doce.
Tsunami doméstico. Agacharam-se todas em pânico grudadas em inox sem graça, puro brilho. Morte iminente.
Desespero/apego à vida.
Tive dó, fechei ligeiro a cachoeira.
Pelo que vi, salvaram-se todas.
william h. stutz
Uberlândia num finzinho de dezembro , o ano ainda é 2006
Menino D'us
domingo, dezembro 24
segunda-feira, dezembro 18
O hospital e o bailarino
Registra-se pois, que mesmo de maneira informal é possível um rico pas-de-deux cultural entre o público e o privado, viabilizando assim, a promissora carreira de um jovem que, de outra maneira com certeza não se alavancaria.
Quantos e quantos talentos estarão ai a espera de chance como esta para alçar vôo solo.
Parabéns Hospital Santa Catarina por cuidar e investir também na saúde cultural de nossa gente.
William Henrique Stutz
dezembro/2006
sábado, dezembro 16
Namastê !
Uma noite inesquecível no London, revelando curiosidades, desvelando o fascínio pela cultura e mística Indiana.
A Índia é realmente um pais maravilhoso e misterioso, uma das civilizações mais antigas e místicas do nosso planeta, cheio de contrastes com uma grande diversidade de línguas, hábitos, arte, música, culinária , rituais e praticas espiritualistas. Quem foi a este Pais se lembra de sentir um aroma constante de incenso e de seus condimentos e especiarias diluídos no ar, é uma constante também ver guirlandas de flores, usadas em oferendas , casamentos e datas especiais, tecidas por mulheres nas feiras sempre muito coloridas, encontrar sábios, acetas e sadhus vagando pelas ruas.
O indiano cultua uma grande quantidade de deuses (deidades) como: Brhaman, Ganecha, Rama, Shiva, Sarashvati, Lashimi, Krishna, Rhada,Sita, Ranuman e muitos outros, sendo que cada deidade é uma faceta de um só Deus. Utilizam símbolos como: o Om que representa o poder de Deus, o som primordial da criação, o princípio universal, é entoado no começo de todos os mantras e cerimônias; a Flor de lótus ,cresce na água pantanosa e não é afetada, representa que devemos ficar acima do mundo material apesar de viver nele, suas pétalas representam a "unidade na diversidade". A principal mensagem dessa cultura é a aquisição de conhecimento e a remoção da ignorância. Enquanto a ignorância é como a escuridão, o conhecimento é como a luz.
Venha vivenciar conosco esta noite auspiciosa e aconchegante , com Mostra Indiana de músicas, sabores, aromas, roupas, decoração e Yoga .
Dia 20 de Dezembro – Quarta feira
Local: London Pub
Abertura às 20:00h
A MÍSTICA-Cultura de Paz fará apresentações de práticas de Yoga às 20h30
Show Musical com o Grupo Nytiananda as 21h30
Folder com programação detalhada Clique AQUI
quarta-feira, dezembro 13
O prefeito e o bailarino
Em um momento em que artistas e desportistas deploravelmente se digladiam por recursos a nível nacional, nossa Uberlândia amanheceu recentemente mais especial e mais uma vez dando raro e belo exemplo.
Pouco se falou sobre o fato além de pequenas notas aqui e acolá, justiça seja feita, nosso Jornal Correio noticiou e bem o fantástico projeto de lei de nosso prefeito Odelmo Leão liberando recursos para a manutenção do jovem bailarino Igor Renato Silva em curso de um ano de duração junto à tradicionalíssima escola do Balé Bolshoi em Santa Catariana, única do gênero fora da Rússia.
Mais importante ainda se torna o projeto de nosso prefeito se levarmos em conta que investir em arte, notadamente dança, é coisa rara por nossas paragens.
Se patrocinar esportes como futebol, basquete, que são digamos, mais "palatáveis" já é pouco comum, imaginem então apoiar atividades culturais, em particular o balé.
Parabéns prefeito Odelmo pelo projeto, que seu exemplo seja seguido pela iniciativa privada afinal a lei federal de incentivo à cultura (Lei nº 8.313/91), ou Lei Rouanet como é conhecida está ai já debutante e parece que, pelo menos aqui é pouco acionada.
Parabéns professora Idelma Pereira de Almeida idealizadora e coordenadora do Projeto Dança na escola, decobridora de talentos. Parabéns ao Núcleo de Estudos da Dança, da Oficina Cultural. Parabéns Câmara Municipal que de pronto aprovou louvável projeto. Parabéns Uberlândia. Temos muito de que nos orgulharmos.
William Henrique Stutz
dezembro 2006
segunda-feira, dezembro 11
Boicote ao filme "Turistas"
Esta é uma campanha em massa para BOICOTAR integralmente o filme americano TURISTAS, que estréia lá em 1o de Dezembro e aqui em Janeiro ou Fevereiro, distribuido pela Paris Filmes. Para quem não sabe, o filme conta a história de 6 jovens americanos que vêm ao Brasil de férias.
Chegando aqui tomam uma caipirinha com 'boa noite cinderela', são assaltados, sequestrados, torturados e por fim têm os órgãos roubados por traficantes da industria negra dos transplantes.
Alguns morrem e mesmo os que sobrevivem não têm um final feliz. O filme é classificado como TERROR, comparado ao filme 'O Alberge', e a EMBRATUR já está tão preocupada com a péssima repercussão do filme lá fora que, temendo uma queda brusca na receita do país vinda do turismo internacional, já está preparando campanhas intensas para serem veiculadas lá fora e tentar minimizar os estragos.
Façamos então a nossa parte. Vamos fazer deste absurdo, pelo menos aqui no Brasil, um fracasso total de bilheteria. NÃO ASSISTAM, NÃO DÊEM $$$ A UMA PRODUÇÃO QUE SÓ VISA DENEGRIR NOSSA IMAGEM. Só pra se ter uma idéia, o trailer começa com a frase: 'Num país onde vale tudo, tudo pode acontecer!!!'
Passem essa mensagem para o maior número de pessoas, pois eu considero que seja nossa obrigação não passar nem na porta dos cinemas que estejam exibindo esse filme.
O trecho – quarto ato
São Sebastião não tinha padre, assim fixado, morando. Vez ou outra aparecia um na vila, coisa de espaço grande. Quando vinha fazia tudo no atacado, casamento, batizado, crisma, confissão: perdoava uns, penitenciava outros. Se o pecado era grande demais e a procuração de Deus não cobria, ai era aguardar o destino.
Até extrema-unção atrasada o padre dava.
Sem presença do moribundo, esse havia a tempos partido, mas a alma mesmo tarde era encomendada.
Morando lá apenas três irmãs missionárias, cuidando das coisas das coisas do espírito.
Certa feita teve festa. Fartura de comida e bebida, uns mataram tatu atropelado e fizeram farofa outro trouxe carneiro para assar.
As irmãs comeram enganadas achando que era frango e vaca.
No dia seguinte mesmo depois de elogiar a comida passaram mal ao saberem da procedência. Coisa da cabeça, guia em tudo até no gosto.
O padre por nome Dázio, este sim, gostava de carne de caça.
Dia daqueles ganhamos um rabo de jacaré, de tanta dó do bicho, cozinhou mal, ficou com gosto de couro, de baixeiro velho até Tupã o cão das caçadas fez pouco, quis não.
Jogar fora nem pensar. Veio a lembrança, toca a oferecer para Padre Dázio, ele estava na vila. Que maldade, será pecado?
Cobrimos a tigela com o mais alvo dos panos de prato da casa, linho branco com pequenas flores bordadas em azul e rosa, um primor de beleza. Chegamos à tardinha na casa paroquial, já escurecendo, o padre nos recebeu com um sorriso maroto, sentiu o cheiro do tempero – pouco via era ruim das vistas, pois não é que comer com os olhos não podia, nossa salvação.
O padre comeu ao enfaro – lambeu até osso, fazia gosto de ver.
E nós, livre ficamos do jacaré de má sina, pelo menos morreu por causa uma – alimentou padre. Cruzamos olhar cúmplice, sorrindo para dentro, de mãos dadas tomamos o caminho de volta, Futrica e Tupã a correr conosco rolando no pó – alegria de bicho.
As tardes e as noitinhas na vila não eram de passar. O vento ficava quieto, ofegante e cansado. O sol teimava em aquietar-se na distância, mas não sumia de todo rápido, era manso o seu sumir. Carregava de tinta e cor o céu, as matas e os pastos. Dava uma vontade e de não-sei-o-que-dava-de-vontade, era uma meia tristeza longe, amarro de boca de estomago – triste tristeza que vinha com a tarde finzinha. Doía. De certo era portanto que as gentes se matavam nessa hora. Choro preso.
Depois o breu. A noite enfeitada, já contei, estrelas adoeciam o céu de tantas que tinham. Nas noites sem lua então, dava sombra na terra-pó. Sombra de estrela.
Era nessas noites que nos vinham as luzes.
Eu mais Bia gostávamos de ir até fora da vila – em estrada que seguia rumo ao posto de leite, laticínio resfriador, um ermo.
Tinha um mata burro. Ficava no tope do trecho que rumava para o rio lá longe. Sentávamos lá quase sempre no silêncio. Namoro de respiração, carecia muito falar não. Contávamos sonhos, criávamos um mundo nosso, nossinho de fantasia, belo/lindo, puro sonho de tão bem sonhado.
Na calma dos contos ela devagar se anunciava. Tímida, primeiro brilhava rente ao chão quase sempre no meio da estrada. Parecia se oferecer. Candura. Flutuava com ainda pouco brilho prata-vermelho-azul palmo ou dois do chão. Como a buscar atenção aumentava o brilho, bailava em curvas rápidas para bem alto.
Sumia. No repente aparecia a poucos passos de nós já grande e agitada corria em rapidez de passarinho pela estrada, veloz. Sem aviso se atirava ao céu em frenética dança: rodopiava, parava se fazia vir/ir. Parava, parava. Apagava um pouco e outra vez vinha devagar para nós. Sem medo, sem som, sem vento. Só luz e movimento. Sumia. Cansou da gente sussurrávamos. Quando apercebíamos seu brilho em nossas costas na entrada da vila antes do limite criado, que era a sombra, a iluminação vermelha da lâmpada do primeiro poste. De lá ainda não tinha passado. Ainda.
Movimento rápido outra vez, sem ser brusco voltava a sumir para agora brilhar no meio do pasto. Riscava um oito imenso e com rastro no alto céu e sumia, agora só amanhã. Hora era uma sozinha, hora eram muitas. Ficavam perto, muitas ficavam longe muito longe lá no contorno do vale. Luz de carro dizia uns – mas como se lá nem estrada tinha, nem atalho, e até hoje não tem.
Uma feita eu mais Vilson Gato – nome de batismo mesmo Gato, não era por assim chamado apelido não – coisa de Padre Dázio? Ninguém afirma – resolvemos correr atrás delas.
Brincou conosco, corremos mais de quilometro e ela arteira na frente. Sumiu outra vez, zombeteira, já estava lá junto de Bia, e ela não via, só Vilson e eu cá de longe.
Carece sei eu de falar mais da aparência das luzes, difícil contar. Um diamante com luz dentro. Pronto descrevi, era assim. Ou quase, tem coisa sem jeito de contar, palavras faltam, estão aqui as lembranças não saem recontadas – difícil.
Tento: acende luz dentro do puro cristal, vai ver o que víamos toda noite no céu, na estrada, no pasto no mato – um brilho sem calor – suave e vivo. Era assim. Maravilhoso.
Gente estudada por lá esteve observando, vieram da capital. Aparelhamentos e muito observar. Ficaram uma semana – a luz só deu o ar da graça duas vezes – e rapidinho, acho que não gostou da cátedra – os professores se foram frustrados mas crédulos pois viram e filmaram, não contaram mais nada para nós da vila. Arrogância de doutor de papel, só, conhecedor nada da vida das gentes. Levou muito, nada, as luzes ficaram nossas.
Um dia, nem te conto, mas tenho que contar. Era um sábado – tarde da noite para nossa vila já dormindo. Fomos buscar a companhia mágica de nossas luzes. Nossas sim, todo mundo via, conhecia, mas não punham o reparo merecedor. Acostumaram e pronto – as luzes? Ah as luzes, sei estão lá fim de prosa, virou cerca, virou cobra, virou árvore, mas novidade não, nem te ligo. Perdeu o encanto para os quase todos.
Seguimos a acompanhar o bailado de luz por hora ou pouco. Depois nos colocamos a ir – surpresa – uma acompanhou o batido. Seguiu de longe. Entrou na vila desconfiada. Passou rente a farmácia fechada a anos, desceu a rua. Cruzou a outra rua. Na esquina o bar do Jorginho japonês, meia dúzia com as cabeças presas no dominó. Não adiantou gritar por nome, ninguém olhava.
Cruzou conosco, a meio trote a frente da escola e da igreja, à esquerda desceu rumo ao campo onde o circo ficava. A direita no fim do campo, a esquerda no corredor de gado onde morávamos. Não seguiu mais. Parou no moirão da cerca. Brilhava-brilhava. Descemos até o portão – e ela lá a vigiar. Não sabemos até quando ali ficou.
Sentimos estranha proteção.
Por muito passar de tempo com as luzes compartilhamos. Segredos e mágica.
Mudamos para cidade, as luzes, minhas luzes, as luzes de São Sebastião do Pontal. Se continuam lá não sei. Talvez falte platéia, talvez falte companhia. Hora vou lá de visita. Depois conto. O trecho ainda é longo, tem muita história, acabou não.
william h. stutz
dezembro 2006
quinta-feira, dezembro 7
Reconto de Natal - prosa
Mais um Natal se aproxima e nas ruas vemos as vitrines com suas luzes multicoloridas, num pisca-pisca sem fim. Vozes afinadas e coros ensaiados entoam canções evocando a paz, cores e cheiros, confeitos e panetones exalam de todas as esquinas.
As ruas novamente cheias – gente aflita, em suas expressões a esperança de um novo tempo, falsas alvíssaras.
Acentuadas diferenças, a orgia do consumo desenfreado fazendo contraste com a miséria escancarada/escondida. Avareza?
Em nome Dele – banquetes são preparados, aves são abatidas, gordurosas carnes compõem o cardápio. E vinho, muito vinho puro néctar. Gula?
Nos locais de trabalho o tradicional amigo oculto, secretamente sorteado. Confraternização geral – em muitos casos o que se vê são trocas de beijos de Judas entre inimigos afáveis de cordialidade curta. Ira? Inveja?
Mais uma vez em nome Dele observamos falsa alegria.
Para poucos luxo, consumismo e desperdício. Soberba?
Mas um olhar mais atento para nossas sarjetas, para as marquises à nossa volta e poderemos perceber que elas escondem o horror da farsa/festa. Enquanto que em ambientes requintados banham-se em caras fragrâncias. Luxúria?
E imaginar que em manjedoura distante um Menino pode, envergonhado, estar chorando tristes lágrimas pela insensibilidade humana.
Não sei não, às vezes me pego a pensar: "Será que mais uma vez não esquecemos de convidar O homenageado para Sua grande festa de aniversário?" Preguiça?
William H. Stutz
dezembro 2006
quarta-feira, dezembro 6
Estamira: a salvação no lixo
CONVITE
Primeira exibição do Cine Club Rosebud com o filme
Dia 10 de dezembro às 17:00 no Palco de Arte, (Uai Q Dança)
Rua Manoel Alves, 22, Fundinho.
Entrada franca.
Será realizada uma discussão com a participação dos Prof.(s)
Paulo Buenoz ( Arte-UFU),
Maria Lúcia Castilho Romera (Psicologia-UFU) e
Iara Magalhães (Cinema- UNITRI).
Estamira conta a história de uma mulher de 63 anos que sofre de surtos esquizofrênicos e trabalha há mais de 20 anos no Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro.
Carismática e maternal, Estamira convive e lidera uma pequena comunidade de velhos que habitam o lixão. Filmado desde 2000, quando começou a se tratar num centro psiquiátrico público, o filme mostra seu cotidiano ao longo de 3 anos, a sua transformação e os efeitos dos remédios que se obriga a tomar.
Não percam!
segunda-feira, dezembro 4
Reconto do Natal - verso
Luzes multicoloridas
vozes afinadas, cores e cheiros.
Panetone.
Ruas cheias, falsas alvíssaras.
Acentuadas diferenças
Orgia, consumo, miséria escancarada/escondida.
Avareza
Em Seu nome comer e beber à larga
Aves abatidas, gordurosas carnes,
Vinho, puro néctar.
Gula
Beijos de Judas,amigos sorteados secretamente.
Inimigos afáveis, cordialidade curta.
Ira
Pequenos papéis em caixa de recados - bilhetes
anonimato, perjúrio, maldade.
Inveja
Em nome Dele falsa alegria
Renascimento e luxo - poucos.
Soberba.
A sarjeta, os andaimes, as marquises
a esconder horror da farsa/festa.
Em salões requintados banham-se em caras fragrâncias.
Luxúria.
Em manjedoura distante
Menino chora envergonhado: insensibilidade humana.
Preguiça.
william h. Stutz
dezembro/ 2006
Ilustração:
Hieronymus Bosch
Os Sete pecados capitais, 1480, óleo sobre madeira (mesa), 120 x 150 cm.
Museu do Prado – Espanha:
http://museoprado.mcu.es/home.html
Mais sobre esta obra de Bosch:
http://www.casthalia.com.br/a_mansao/obras/bosch_mesa.htm
quinta-feira, novembro 30
quarta-feira, novembro 29
Voar
segunda-feira, novembro 27
Religião nas escolas
Mais uma polêmica à vista. Ensino religioso deve ou não ser curricular em nossas escolas públicas. Particularmente fico preocupado quando se propõe tal obrigatoriedade.
Nosso Brasil é um país com as mais diversas influências de crenças, uma verdadeira salada de religiões, repleto de belos exemplos de sincretismo, alguns criados por força das amargas circunstâncias do momento como a dos sofridos escravos obrigados a renomear suas divindades com nomes dos santos católicos para poderem referenciá-los sem o risco de severas punições. Outros criados com objetivos um tanto quanto pouco explicados.
Fico na minha leiguice a imaginar como seria a grade currilcular de tal matéria...
— Crianças, hoje vamos falar sobre a religião Judaica, amanhã abordaremos o Cristianismo em suas multifacetadas formas de manifestação: um período dedicado ao Catolicismo, outro muito, mas muito longo e mutável,dedicado às várias formas de manifestações evangélicas.
Semana que vem Islamismo, e não esqueçam de estudar para o exame final a doutrina Espírita, o Budismo, o Hinduísmo, o Zoroatrismo e suas dezessete Gathas, e o Taoísmo. No semestre que vem abordaremos apenas as religiões não monoteístas.
Fico, repito na minha leiguice, preocupado. Particularmente não acho que cabe à escola este papel e sim ao convívio familiar, cada um exercendo seu livre direito de crença, de demonstrar seu amor a Deus ou às suas divindades da melhor e mais pura forma que achar justo e perfeito, orientado por sua fé e na eterna benevolência divina e, isso sem a ingerência do Estado que, constitucionalmente é e deve ser laico, pois como bem disse o professor e jornalista Daubi Piccoli:
"Justiça à multiplicidade de etnias e à diversidade religiosa seria feita respeitando-se a lei, vide constituição Federal/88 - Art. 19".
Agora, se o ensino religioso nas nossas escolas públicas tivesse o escopo de mostrar a ampla diversidade de crenças e suas formas de manifestação, se viesse com o objetivo de se promover a tolerância, o respeito às diferenças, a possibilidade de convivência harmônica entre os povos e jamais vir acompanhado de caráter doutrinário e tendencioso, bom, aí, na minha leiguice, ponderaria.
William H. Stutz
Médico Veterinário Sanitarista
Uberlândia – Minas Gerais
whstutz@gmail.com
No Jornal Correio AQUI
segunda-feira, novembro 20
Coração encantado
seu contorno,
seu ir, seu retorno
William H. Stutz
novembro - 2006
terça-feira, novembro 14
Letras soltas (lapidando)
Palavras soltas sem razão, sem brisa
Palavras longe do cais, sem horizonte, sem vento
palavras tolas
porque obstinar se nem ao mais puro coração alisa?
Palavras escritas sem sentimento,
sem vontade, sem emoção
simples palavras soltas ao vento.
Assim escritas me enchem de medo, apavoram
se nem ao mais puro coração alisam,
avassaladoramente minh'alma devoram.
William h. Stutz
novembro 2006
segunda-feira, novembro 13
Lições
luta sempre pelo novo
fugaz lição de vida.
da palavra ao aceite o merecido deleite
de tempos a sorrir - prazer, frenesi.
A vida nos traz assombros;
fugindo sempre de internos escondidos escombros:
sombrios, úmidos, mas nunca a dar nojo.
Frutos do que criamos, a riqueza bela e clara sempre presente.
Merecemos?
experiência, vislumbre sempre a calma
comum em seu bojo
a lavar com perfumada essência, a alma.
William H. Stutz
Novembro 2006
domingo, novembro 12
sexta-feira, novembro 10
quinta-feira, novembro 9
Revolução da Alma
"Ninguém é dono da sua felicidade, por isso não entregue sua alegria, sua
paz sua vida nas mãos de ninguém, absolutamente ninguém. Somos livres, não
pertencemos a ninguém e não podemos querer ser donos dos desejos, da
vontade
ou dos sonhos de quem quer que seja.
A razão da sua vida é você mesmo. A tua paz interior é a tua meta de vida,
quando sentires um vazio na alma, quando acreditares que ainda está
faltando
algo, mesmo tendo tudo, remete teu pensamento para os teus desejos mais
íntimos e busque a divindade que existe em você. Pare de colocar sua
felicidade cada dia mais distante de você.
Não coloque objetivo longe demais de suas mãos, abrace os que estão ao seu
alcance hoje. Se andas desesperado por problemas financeiros, amorosos, ou
de relacionamentos familiares,
busca em teu interior a resposta para acalmar-te, você é reflexo do que
pensas diariamente. Pare de pensar mal de você mesmo (a), e seja seu melhor
amigo (a) sempre.
Sorrir significa aprovar, aceitar, felicitar. Então abra um sorriso para
aprovar o mundo que te quer oferecer o melhor.
Com um sorriso no rosto as pessoas terão as melhores impressões de você, e
você estará afirmando para você mesmo, que está "pronto" para ser feliz.
Trabalhe, trabalhe muito a seu favor.
Pare de esperar a felicidade sem esforços.
Pare de exigir das pessoas aquilo que nem você conquistou ainda.
Critique menos, trabalhe mais.
E, não se esqueça nunca de agradecer.
Agradeça tudo que está em sua vida nesse momento, inclusive a dor.
Nossa compreensão do universo, ainda é muito pequena para julgar o que quer
que seja na nossa vida."
"A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las."
Este belo texto é atribuido a Aristóteles, particularmente tenho minhas dúvidas alguém saberia mais a respeito?
sexta-feira, novembro 3
Para pensar...
O estrangeiro - Albert Camus
terça-feira, outubro 31
Escorpião II
E não é que os caras viraram primeira página de jornal!
http://www.morcegolivre.vet.br/capa_correio_escorpiao.pdf
O líquido entre a pinça e o telson é veneno puríssimo, despejado em ataque ao metal que o ameaça.
Raluim
Acordei bem cedo não nem eram 5:30 da manhã. Por obra e graça do segundo turno das eleições o horário de verão foi adiado, portanto eu e os pássaros estamos acordando com os primeiros raios de sol em horário de criação humana um tanto quanto desumano para quem dormiu uma e meia da manhã. Eu por força do trabalho com meus morcegos, não os pássaros. Para estes o horário das gentes, felizmente, pouco importa.
Preparei farta mesa de café para meus filhos: Assei pão de queijo, um saboroso bolo de fubá de uma das melhores padarias da cidade que tem mania de doce. Queijo Minas fresquinho. Suco de pitanga bem gelado, frutas de nossa horta . Banana prata para quem quisesse comer com mel de minhas abelhas Jataí. Geléia de jabuticaba, frutos também do quintal de casa.
Café adoçado com rapadura é claro.
E nem era fim de semana ou feriado. Terça-feira brava, comum, dia de trabalho e escola. Mas este café da manhã tinha que ser especial, bem nosso, mineiro, brasileiro.
Afinal era um 31 de outubro.
Na parede bem em frente à mesa posta colei cartaz com letras imensas:
Que Raluim que nada! Hoje é dia do Saci. Viva nossa cultura popular!
Pode até não mudar muito, e que nossos filhos, continuem intoxicados com downloads, messengers, upgrades, Shopping centers, hamburguers, hot dogs, cookies, know-hows, lobbys e upgrades e milhares de outras raras peças tão distantes de nossa maravilhosa língua pátria em freqüente atentado ao nosso léxico.
Se a isso chamam globalização...
Mas sinto que meus pequenos não vão esquecer esse especial desjejum lúdico, debochado tão cedo, e se Deus quiser reproduzi-lo com meus futuros netos. Fiz minha parte.
Quantos se preocuparam com isso? Sei não, inquietante.
Se alguma criança bater lá em casa e pedir doce, já decidi; vai ganhar pé-de-moleque, doce de leite de cortar, goiabada e um retratinho do nosso perneta de touca vermelha.
Se não ficarmos atentos, ai sim como disse Millôr: " The cow will go to the swamp" ou seja a vaca vai pro brejo! Literalmente.
Viva o Saci! E não abro mão.
William H. Stutz
31 de outubro de 2006
segunda-feira, outubro 30
Escorpiões
domingo, outubro 29
Vida
"Já perdoei erros quase imperdoáveis, tentei substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis".
Já fiz coisas por impulso, já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar, mas também decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger, já dei risada quando não podia, fiz amigos eternos, amei e fui amado, mas também já fui rejeitado, fui amado e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade, já vivi de amor e fiz juras eternas, "quebrei a cara" muitas vezes!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos, já liguei só pra escutar uma voz, me apaixonei por um sorriso, já pensei que fosse morrer de tanta saudade e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo)!
Mas vivi!
E ainda vivo!
Não passo pela vida...
"Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida e viver com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é MUITO para ser insignificante".
Augusto Branco
Veja aqui recitado por Rodrigo Lombardi no YouTube
Quando a gente dorme
vira pedras, vira flor.
O que sinto, e esforço em dizer ao senhor, repondo minhas lembranças, não consigo;
por tanto é que refiro tudo nestas fantasias.
Dormi nos ventos. Quando acordei, não cri: tudo o que é bonito é absurdo - Deus estável (...)
Sério, quieto, feito ele mesmo, só igual a ele mesmo nesta vida."
João Guimarães Rosa
in Grande Sertão: Veredas
joão Guimarães Rosa
quarta-feira, outubro 25
Dados Cadastrais
Fundação: 01/06/1976
Instalação: 07/08/1916
Sagração do Templo: 16/06/1979
Nascimento do Patrono: 01/04/1924
Utilidade Pública Municipal: Lei 6217 de 29/12/1994
Utilidade Pública Municipal Damas: Lei 6218 de 29/12/1994
Endereço: Rua Izaú Rangel Mendonça, 136 - Bairro Progresso
Uberlândia - Minas Gerais
Zona: Triângulo Mineiro
Fone: 34 219-9544
Caixa Postal: 648
Reuniões: Quintas-Feiras
Horário: 20:00
JURISDICIONADA
Grande Oriente do Estado de Minas Gerais - GOEMG
Sede: Belo Horizonte - Minas Gerais
Fone: 31 226-3720
FEDERADA
Grande Oriente do Brasil - GOB
Sede: Brasília - DF
Fone: 61 245-4555
segunda-feira, outubro 23
Manhã de sol
Dias lindos não merecem acontecer segunda-feira.
Sábado ou feriado, isso sim
Acordei cedo com sol e sabiás melódicos em minhas pitangueiras carregadas, verde puro cravejado de vermelhas-doces jóias.
De meu jambolão gigantesco bando de coloridos tucanos me dão bom dia.
Sanhaços azul turquesa aos pares em incomum canto matinal.
A vida é bela, não basta olhar, temos que respirar os dias.
Decreto pois que toda segunda-feira de sol brilhante seja vivido como feriado.
Revoguem-se as disposições e os calendários em contrário.
William H. Stutz
segunda(?) feira 23/10/2006
sábado, outubro 21
Cecília Meireles
(Romanceiro da Inconfidência)
Desiderata
na velha Igreja de Saint Paul, Baltimore em 1692 ? )
Go placidly amid the noise and haste,
and remember what peace there may be in silence.
As far as possible without surrender
be on good terms with all persons.
Speak your truth quietly and clearly;
and listen to others,
even the dull and the ignorant;
they too have their story.
Avoid loud and aggressive persons,
they are vexations to the spirit.
If you compare yourself with others,
you may become vain and bitter;
for always there will be greater and lesser persons than yourself.
Enjoy your achievements as well as your plans.
Keep interested in your own career, however humble;
it is a real possession in the changing fortunes of time.
Exercise caution in your business affairs;
for the world is full of trickery.
But let this not blind you to what virtue there is;
many persons strive for high ideals;
and everywhere life is full of heroism.
Be yourself.
Especially, do not feign affection.
Neither be cynical about love;
for in the face of all aridity and disenchantment
it is as perennial as the grass.
Take kindly the counsel of the years,
gracefully surrendering the things of youth.
Nurture strength of spirit to shield you in sudden misfortune.
But do not distress yourself with dark imaginings.
Many fears are born of fatigue and loneliness.
Beyond a wholesome discipline,
be gentle with yourself.
You are a child of the universe,
no less than the trees and the stars;
you have a right to be here.
And whether or not it is clear to you,
no doubt the universe is unfolding as it should.
Therefore be at peace with God,
whatever you conceive Him to be,
and whatever your labors and aspirations,
in the noisy confusion of life keep peace with your soul.
With all its sham, drudgery, and broken dreams,
it is still a beautiful world.
Be cheerful.
Strive to be happy.
Viva tranqüilamente, por entre a pressa e os ruídos, e lembre-se de quanta paz há no silêncio. Tanto quanto possível, sem se render, esteja em bons termos com as pessoas.
Diga sua verdade calma e claramente, e ouça os outros,
mesmo os mais medíocres e ignorantes – eles também têm a sua história.
Evite as pessoas espalhafatosas e agressivas, pois essas são um insulto ao espírito.
Não se compare com os outros, para não se tornar vaidoso ou amargo, e saiba: sempre haverá pessoas melhores e piores que você.
Desfrute tanto de suas realizações quanto de seus planos.
Cultive seu trabalho, mesmo que ele seja humilde; esse é um bem real, frente às variações da sorte. Seja cauteloso em seus negócios, pois o mundo é cheio de armadilhas.
Mas não deixe que isso o torne cego para a virtude, que está sempre presente; muitas pessoas lutam por ideais nobres e, por toda a parte, a vida é sempre exemplo de heroísmo.
Seja sempre você mesmo. E sobretudo nunca finja afeição.
Nem seja cínico em relação ao amor, pois, apesar de toda a aridez e desencanto, ele é tão perene quanto a relva.
Aceite serenamente os ensinamentos do passar dos anos, renunciando suavemente àquilo que pertence à juventude.
Fortaleça seu espírito para que ele possa protegê-lo diante de uma súbita infelicidade.
Não antecipe sofrimentos pois muitos temores são apenas fruto do cansaço e da solidão.
Mesmo seguindo uma disciplina rigorosa, seja leniente consigo.
Você é filho do Universo, tanto quanto as árvores e as estrelas; e tem o direito de estar aqui.
E mesmo que isso não seja muito claro para você, não tenha dúvida de que o Universo segue na direção certa.
Portanto, esteja em paz com DEUS, não importa a maneira como você O concebe, e sejam quais forem as suas lutas e aspirações, na terrível confusão que é a vida, fique em paz com sua alma.
Pois, apesar de toda a falsidade e sonhos desfeitos,
este ainda é um lindo mundo.
Seja cauteloso.
Lute para ser feliz.
quarta-feira, outubro 18
Breve esclarecimento
Recebi alguns comentários jocosos e irônicos, poucos é verdade, sobre a mensagem que enviei versando sobre o Portal 818.
Não que tenham verdadeiramente me incomodado. Mas me trouxeram à reflexão e cabem aqui alguns esclarecimentos.
Os que me conhecem bem, sabem de minhas convicções e opções. Sempre fui curioso e tento ter a mente aberta. Ler, estudar, ter curiosidade investigativa são verdadeiros prazeres para mim.
Posso ficar dias e noites debruçado sobre os sagrados escritos do Pentateuco, assim como posso permanecer períodos imensos, contemplativo, a observar minúsculas abelhas jataí a campear pólem, fileiras nervosas de formigas a buscarem freneticamente sustento. Posso e com freqüência me pego a pôr atenção e reparo aos variados cantos de pássaros que todos os dias me envolvem em minha casa, tentando decifrar o significado de seus mistérios e segredos musicais assim como saber de que espécie são. Se estão acasalando, nidificando, criando seus filhotes ou preparando a maravilhosa e mágica migração sazonal.
Emociono-me facilmente. Olhos rasos d’água por qualquer manifestação de pureza, felicidade, dor ou sofrimento. Não costumo esconder o que sinto.
Por mais bem-vindas as críticas que volta e meia recebo, e olha que às vezes partem de verdadeiros Amigos, portanto sinceras, continuo sempre total partidário do SER e nunca do TER.
Minha ambição material sempre foi pequena. Os que verdadeiramente me conhecem são testemunhas, Deus em sua infinita bondade me mantenha assim, por isto oro diuturnamente. Que eu possa com a ajuda Dele seguir este caminho que escolhi. De ver meus filhos crescendo íntegros, justos, no caminho do bem, mesmo vivendo as permanentes pressões de uma sociedade altamente competitiva onde a matéria sobrepõe o espírito, onde o poder material parece sempre prevalecer, de uma futilidade de dar dó.
Partidário sou da busca plena pela UNIDADE maior e da PAZ VERDADEIRA. Busca utópica? Acho que não.
O poder em qualquer de suas formas nunca me seduziu – mais críticas por ser assim constantemente recebo.
Não, Irmãos e Amigos, com certeza não represento ameaça a ninguém. Não almejo o que não tenho por conquista e direito.
Quando enviei a mensagem sobre o portal 818, minha intenção era apenas de chamamento dos Irmãos e Amigos para uma reflexão maior e de participarem, acreditando ou não, na possibilidade – mesmo que fantasiosa – de ir ao encontro de verdadeira harmonia universal. Não é isso que todos nós desejamos?
Me desculpem aqueles que me acharam “antigo” demais.
Raios cósmicos, metafísica, luz mística, para alguns é coisa de hippie(!?), doido, lunático ou de sonhador.
Apostem suas fichas me encaixo de corpo e alma na terceira categoria, sou sim um sonhador incurável. Um pouco doido e lunático não nego, mas acredito que na dose certa, sanidade mental absoluta – acreditem – é pouquíssimo criativa. Além de ser extremamente chata e enfadonha, é claro.
Mas bem cá para nós e voltando ao cerne da questão, desejar o bem nunca irá prejudicar ninguém e bons pensamentos só acrescentam e harmonizam corações e mentes.
Particularmente acredito que cada vibração positiva emanada em prol de outro pode sim carrear energia vital capaz, senão de cura plena, gerar conforto e serenidade.
O que seria de nós sem as orações, os mantras, os cânticos, a poesia e a música, as artes em todas as suas esplêndidas formas de manifestação?
Irmãos e Amigos, se os ofendi ou superestimei me perdoem. Não seria esta jamais minha intenção.
Finalizando, para não cansá-los mais ainda:
Como o Beija-flor da história diante da floresta em chamas e em desespero a carregar no bico gotículas de água na tentativa insana de deter o terror da destruição.
Não, ele jamais irá conseguir sozinho apagar aquela destruidora força. Mas, importante lembrar, pelo menos fez a parte dele, pelo menos tentou, se envolveu em algo maior e muito importante.
Com as orações e bons fluidos com certeza é a mesma coisa.
Que Deus nos abençoe.
Um abraço fraterno
William H. Stutz
terça-feira, outubro 17
Portal 818 - Missão 1017
Este raio ressoa com o chakra do coração. É de natureza radiante Fluorescente, de cor azul magenta. Ainda que ressoa nesta banda de freqüência, está mais longe do espectro de cores de vosso universo-1, No qual vós e a Terra os organizais. No entanto, será efetivo devido à Natureza de vossa alma e grupos de almas que operam desde as bandas de freqüência do Universo-2.
O efeito é que cada pensamento e emoção serão multiplicados Intensamente por um milhão. Isso mesmo, repetimos: Todo será Amplificado um milhão de vezes ou ainda mais. Cada pensamento, cada emoção, cada intenção, cada desejo, sem importar O que seja: bom, ruim, insalubre, positivo ou negativo, será Amplificado um milhão de vezes em potencia.
O que significa isto?
Dada que toda a matéria manifestada é o resultado dos vossos Pensamentos, significa que este raio potenciará os pensamentos focados No que deseja, os materializando a um ritmo acelerado e os Manifestando um milhão de vezes mais rápido do que é normal. Para quem não compreende: Vossos pensamentos, naquilo em que os Concentrais, cria vossa realidade. Assim que este raio UV pode ser uma Ferramenta perigosa. Si focados em pensamentos que são, a vosso gosto, Negativos, eles se manifestaram em vossa realidade quase Instantaneamente. Mas também este raio pode ser um presente, si Desejares que assim seja.
A missão-1017 necessita entorno de um milhão de pessoas focadas em Pensamentos positivos, saudáveis, de boa vontade, para ancorá-las pra Si próprias, na Terra e na Humanidade nesse dia. Vossos pensamentos Podem ser de quaisquer natureza, que escolheres, mais lembre que seja O que for o enfoque, será feito manifesto num marco de tempo Relativamente mais rápido do que o previsto.
Todo o que pedimos é pensamentos de amor, prosperidade, cura, riqueza, Bondade e gratidão.
Este raio UV entrará em plena atividade o dia 17 de Outubro de 2006. Sem importar em que região horária estejais, acontecerá desde as 10h17 (a.m.) do dia 17 de Outubro até 1h17 (a.m.) do dia 18 de Outubro. A Hora cúspide será ás 17.10 (5.10 p.m.) do dia 17 de Outubro. Não é necessário estar em estado meditativo todo este tempo, ainda que seja útil. A hora clave principal, sem importar os fusos horários de donde Viveis, será a cúspide às 17h10 (5.10 p.m.)
Talvez a essa hora possas encontrar um sitio ou lugar tranqüilos para Se concentrar. Melhor em meio à natureza, como se fosse uma enorme árvore ou as ondas do oceano (mar). Se concentre no que desejeis. O Que se necessita para o serviço a toda a Terra e a Humanidade, são Pensamentos positivos de natureza amorosa.
Nós chamamos este evento ativador de "Portal 818". Pedimos o envio Desta mensagem a todos vossos conhecidos, quem utiliza este evento Ativador cósmico para se concentrar em pensamentos positivos de boa Vontade. Necessitamos entorno de un milhão de personas no mundo todo Para que participen activamente en este evento. Utilizado, ao vosso Favor, quaisquer meio de comunicação a vossa disposição para chegar a Quantas pessoas possais. Necessitamos pelo menos um milhão de pessoas Ou mais para ativar na humanidade uma troca da separatividade e da fragmentação à unificação e a unicidade.
Esta é vossa oportunidade de Recuperar o que es vosso por direito, isto é, a Paz e a Prosperidade Para toda a Terra e o gênero humano.
Isto é um presente, um salva-vidas proveniente de vosso universo, por
Assim dizer, resposta a vossas preces.
O que façam com ele e escolher participar ou não, é da vossa eleição.
quarta-feira, outubro 11
O trecho - terceiro ato
Diz que inventou a mesa com parte giratória no centro. E inventou mesmo, dono dos créditos, mesmo atrasado alguns anos, nunca tinha visto uma, pois seja e é verdade — é dono da idéia. Desmente? Não tem jeito. Melquíedes de uma Macondo mineira. Cigano.
Um pouco abaixo, no mesmo corredor de gado onde morávamos tem seu José casqueiro, — isso, casqueiro de descascar postes para cerca. No machado e facão. Ambientalista sem saber. Batia firme contra cana e capim “vamos comer o quê” suspirava, mas irritado com tanto pasto e cultura. Letrado de uma leitura só, tinha sempre consigo uma revista velha, de 1945 que falava da guerra, da bomba, ele acreditava que era ontem.
Na vila tem simpatia para desvesgar os olhos. Simples.
Num pilão acende vela, pega a cabeça da infeliz criança e soca lá dentro. Segura o esperneio, gritaria e choro. Pura maldade, tortura. Adianta falar que não funciona? Usávamos o pecado. Às vezes, mãe ou outra parava com medo do fogo eterno. Ignorância.
Luz elétrica era pouca e rara, uma fase só. As raras lâmpadas de poste eram de cor avermelhada. Acrescentavam penumbra à escuridão. Criavam fantasmas, lendas e superstição. O breu total era mais seguro.
Mas tinha sempre as estrelas, a lua. E claro, as mágicas luzes, misteriosas e lindas e é delas que ainda vou falar.
Televisão tinha em poucas casas. Na nossa quando tentávamos era um aranzé: “aponta a antena para Jales, chuvisco, aponta para Paranaíba, mais chuvisco”.
Às vezes, raras, debaixo do lençol, apertando os olhos via imagem. Confusa mas via, mas sem eira nem beira, som não havia. Desistimos para sempre, era mesmo só chuvisco.
A geladeira virou armário de livros, trocamos o motor por um outro velho, velho, imenso, trocou-se o gás. O chinês curioso. Sabe, virou nadiquinha de nada — para provar uma compra gelada, era só de mês em quando — mês mesmo pois raro íamos a uma cidade. Quando acontecia era empanturro de iogurte, presunto, sorvete. Mas tinha que comer tudo lá, pois guardar aonde? Era assim.
Mas tinha as luzes, as luzes, chego lá.
terça-feira, outubro 10
Desmanche
Linda terça de feira fértil gente atenta a apalpar frutos e vidas
lembranças fortes de pessoa querida
legumes, farinhas, especiarias, e é claro intransponíveis pensamentos absortos-fixos em mamões, alfaces e alvas sacarias.
Almas claras a passear entre gritos de tomates e caquis.
Quem dá mais?
Quem dá mais?
Frágil proteção para almas invadidas
Cheiro de tempero e peixe fresco
Feira alegre/triste, contemplativa, risonha
Fim de feira abusivamente enfadonha
restos e cascas, sujeira cinza colorida, desperdício e fome.
Fim de feira, resta a terça, esta se quiser se promete risonha,
não permita pois, amiga, o desmantelo
de sua apalpada e invadida alma,
muito menos por mãos bisonhas.
William H. Stutz
Outubro - 2006
segunda-feira, outubro 9
Amigo da onça
É do gosto das gentes, das rodas de prosa. De fim de tarde na venda. Virou caso de rir, mas contam que é um fato ocorrido.
A região é a serra do Cipó, lugar de cachoeiras imensas, campos sem fim de sempre-vivas, sempre cor, sempre lá. Do brando vento friorento das montanhas, estas sem tamanho de bonitas, de córregos infinitos, frios, uns mansos outros apressados em seu caminho serra abaixo. Gelados. Nascidos com certeza em geleiras tropicais inexistentes.
Lugar de muita lenda e susto. Grutas e bocas de cavernas de onde volta e meia brotam discos voadores prateados e barulhentos. Assustam gente e bichos, secam o leite das vacas, cavalos se perdem na emprenhês das pedras. Alguns para nunca mais.
Este é o caminho: Conceição do Mato Dentro, bem depois do Alto do Palácio, do Morro do Pilar. Para frente de Conceição escolhe caminho: para um lado Guanhães, para outro ruma-se para o Serro.
Não sei bem se a história ocorreu pras bandas de Passabém ou mais para o ermo de Itambé que, curioso, também é do Mato Dentro. Ou foi no Morro do Pilar?
Faz mal não — a história faz a valia.
Ocorrida há muito, antes de se inventar ecologia. Paz verde era nome de fazenda, seita estrangeira ou cemitério de cidade urbana, grande e barulhenta. Tempos de quando bicho sobrava e ninguém punha vigia de raça desaparecer.
Caçar onça era profissão de homem macho, resolvedor de problema — a tinhosa acostumada a comer bezerro tinha de sangrar na bala ou zagaia. Era o tempo. Assim era.
Na vila aquele que por nome recebera e respondia era Zé da Carminha, nome herdado de mãe doceira famosa. Compota de dona Carminha atravessava o mar, ia longe fazer bonito em mesa da Europa, sempre levado por algum filho de fazendeiro ou político local que por lá estudava.
Pois seu Zé da Carminha tinha por hábito, ruim, o exagero e a contação de vantagem. De onça era mestre. Medo tinha não. Com carabina, espeto ou na unha dizia que enfrentava, era só vendo.
Dia desse vindo da Capela dos Marques lá das bandas de Joanésia, beiraninho o Rio Santo, apareceu por esses lados uma turma de caçadores de onça contratados. Vinham a mando de gente graúda, incomodada com o tanto de rês devorada.
Na venda onde estavam Zé da Carminha contava o que fazia e acontecia em caçada de pintada, voz alta pela pinga.
Os caçadores, eram quatro, sisudos e enrolados cada qual em sua capa Leal como a esconder armas, só escutando.
A trova do outro foi tanta que o convidaram para a empreita contratada. A zoada do álcool era tamanha que Zé aceitou não apenas seguir com a comitiva caçadora como também guiar até ceva grande onde onça dava em pau de tantas que lá havia.
Amanhecido o dia, e a bebedeira, Zé se viu entre a cruz e espada. Se refugasse viagem era tachado de medroso, mesmo o sendo, assim de assumido para si, queria era nunca a pecha. Se fosse se borraria no miado primeiro que de lonjura que fosse escutasse.
Pois foi. Calçou a cara de falsa coragem, bregeu dois conhaques logo cedo e abriu caminho para a tropa dos de fora.
Serra acima bem longe deram num rancho abandonado, daqueles comidos pelo mato — sobrando no que era-foi antigo, só terreiro emaranhado de goiabeiras imensas, pés de limão china, poucas e velhas tábuas do que tinha sido um chiqueiro, e muita, mas muita cachopa de marimbondo-cavalo, dono de ferroada venenosa de tão doída. O poço d’água, pelas mãos de muitos pernoitantes sem rumo, estava ainda rico e bem coberto, bem zelado.
O rancho tinha duas portas, uma servia a entrada outra o quintal.
Na sombra da serra escurece cedo, sol dura menos do que no descampado. Assim, logo que o avejão da pedra abraçou o casebre, toca-se a acender fogo para quentar matula, carne seca com farinha era a janta.
Diz então um dos de lá:
— Então Zé, aqui é onde elas se reúnem.
Zé, por mais prosa que pudesse ter na língua, mentiroso não era não. Aumentava isso sim, se incluía em vantagem dos outros, mas era sério no trato. Cumprira promessa, tinha levado os homens para o ninho das onças.
— Pois então — seguiu o dito, — mostra pra nós. Busca a bicha.
Sem poder falar não, saiu Zé pela porta da horta, não deu três passos e não é que topou com a bruta! Virou nos cascos da botina e tome a correr, sentindo o sopro da onça a fungar em seu cangote.
— Abre a porta! Abre a porta! — gritava com o pouco e apertado vento que ainda tinha nos bofes.
Pois assim aconteceu, Zé e a onça entraram pela porta dos fundos, na toada que estava vazou que nem corisco pela porta da frente, bateu com força fechando a onça lá dentro com os quatro. Gritou sem parar um pedacinho de segundo:
— Vocês aí, vão tirando o couro dessa que já busco outra!
Nunca mais.
quinta-feira, outubro 5
O trecho - segundo ato
Tem um diretor de escola que sabe tudo sobre absolutamente nada.
Tem duas pensões, quartos de meia parede, banheiro coletivo. Tem uma, digamos Avenida São Sebastião, tem uma venda São Sebastião, tem uma quase Praça São Sebastião e tem quase o próprio, tem o Seu Sebastião fundador da vila.
Tem uma zona, bordel modesto de tábua, longe, bem retirado da vila, teve até cata de assinaturas para expulsar as moças, às escondidas dos fiéis maridos é claro, para as bandas de Santa Albertina lá para os lados do estado de São Paulo, do outro lado do córrego. De certo lá podia.
Felizmente para os homens e frustração da imensa elite feminina de 6 ou 7 senhoras, a lista não deu em nada.
São Sebastião é pacata com seus quase 350 moradores urbanos.
Nos domingos os moradores das roças e olarias se dirigem à vila para compras e diversão. Diversão que se resume aos 3 bares e a um cinema improvisado no fundo de um deles, máquina antiga, barulhenta, duas barras de carvão fazem a geringonça girar, – lançamentos de 10, 15 anos atrás, acidentalmente alguns clássicos alugados em alguma cidade grande apenas pelo título.
Vi Casa Blanca, com toda certeza adquirido por engano. Fiquei só na sala, odiaram, não tinha tiro nem sangue, nem era colorido o maldito, um fracasso, seção única. Só minha, privilégio.
Num domingo uma bicicleta amanheceu na calçada, em frente ao bar do japonês. Na quinta-feira – o Jorginho, assim era chamado, no diminutivo, veio aflito conversar comigo, tirar opinião.
- Professor, já viu aquela bicicleta lá na porta de meu bar?
— Claro que sim, todos viram, virou assunto de conversa e aposta a semana inteira.
- Pois então sabe o que é, ela está lá há cinco dias, ando com medo que alguém a roube!
Ri baixinho.
Um dia um circo chegou à vila. Mambembe, pobre. Caminhões Ford, velhos, enferrujados, clandestinamente movidos a gás, gambiarra pura, contam que um explodiu perto da balsa do Porto Alencastro.
Lembro sempre da pequena, magra e triste equilibrista.
Em corda amarrada em dois cavaletes velhos a meio metro do chão, com sombrinha desbotada, sapatilha branca empoeirada pelo chão de seco julho, atravessava de lá pra cá. Nem um sorriso, nem uma expressão – silêncio e medo. Chorei escondido.
Um dia Milionário e José Rico lá se apresentaram, foi um frege, alvoroço total. Eles ficaram hospedados na Dona Mercês e fingiam não conversar um com o outro, inimigos mesmo. Cantar era trabalho, juntos podiam. Até no truco era um em cada dupla, funcionava o povo acreditava.
A equilibrista triste nunca vai sair de minhas lembranças.
Tínhamos dois cães, na verdade um; o outro, Tupã caçador de capivaras é que, por conveniência e fome tinha a nós. Nossa mesmo era Futrica, mestre em roubar ovo de galinha em todas as chácaras vizinhas, era jurada de morte.
Mas São Sebastião tem as luzes, mágicas luzes, misteriosas e lindas, e é delas que quero falar.
Dieta
em catorze dias, perdi duas semanas"
(Joe E. Lewis)
terça-feira, outubro 3
Recado para um cotovelar amigo
Prezado Fernando Masini,
Já fumei e muito. Criançada pegou no pé. Parei de vez. Dizem que é coisa de gente ruim, consegue na primeira, volta mais não.
Adoro cheiro de fumaça de cigarro no ar e que perto de mim fumem. Cheiro de cinzeiro não, desse desgosto, mesmo quando fumava. A roupa defumada denunciadora também é intragável (sem trocadilhos).
Combinei com os filhos: quando aos 80 anos chegar, juraram de pés juntos que me dão um pacote de tabaco da marca que eu escolher.
Parar de fumar é a coisa mais fácil do mundo. Um compadre meu é a prova disso. Já parou 26 vezes! E já marcou o dia da 27ª .
E eu aqui por enquanto a tragar vento limpo e fresco. Limpando os bofes.
Fico esperando os 80 com água na boca.
Sorte na empreitada Masini muita sorte.
Sussurro: Se quiser com vontade pára , pode confiar.
Conversa minha para boi dormir: Fumo mais nunca! Juro.
Lá se vai quase meia década longe do vício, te garanto, tudo muda para melhor.
Post scriptum:
Mais sobre o maravilhoso Clube dos Cronistas Cotovelares?
Aqui ó:
O site:
http://www.cotovelares.com
O Blog:
http://cotovelares.zip.net
terça-feira, setembro 19
O trecho - primeiro ato
“Falo assim com saudade, falo assim por saber.
Se muito vale o já feito, mas vale o que será
E o que foi feito é preciso conhecer para melhor prosseguir"
“O que foi feito de Vera", de Milton Nascimento e Fernando Brant
Para começar tenho que explicar como se chega. Vamos lá então.
Saindo de Uberlândia sentido Prata. Estrada de chão. Asfalto só depois da ponte do rio Tijuco. No posto Pratão tomo rumo a Frutal mas logo viro para Campina Verde, asfalto e bom, dura pouco.
Pastel de gueiroba com refrigerante e toca em frente.
De Campina Verde segue-se para Honorópolis, estrada boiadeira, chão puro, estreita, cinqüenta e quatro mata-burros contatos dezenas de vezes.
Ainda no chão ruma-se para Iturama. Descanso, pouso, seguir só no outro dia, bateu cansaço e o caminho ainda é bravo.
Próximo destino Monte Alto, hoje Alexandrita – uma pena nome tão bonito, mudaram, pensa só –, até Estrela da Barra, lá adiante, virou Vila Triângulo, o poético virou geométrico.
Porteirão virou União de Minas.
Pega estrada de chão, demora, chegamos à vila Carneirinhos, hoje emancipada, virou cidade, miudinha, miudinha, mas estranhamente agradável, bonita.
Toca a correr.
Passa o pé de galinha, o buraco do chinês; erosão gigante, voraz, sempre com fome come terra, enfeia, destrói tudo à sua volta.
Corta córregos e veredas, guinada à esquerda, alguns curtos quilômetros. Chegamos. São Sebastião do Pontal. É aqui que tudo começa.
Só um recado: para fazer o trecho descrito eram gastos dois dias de viagem, distância 380 km. Uma parte de 90 km, nas águas, consumia até 10 horas, quando dava de chegar, outro caso era ficar fincado em atoleiro de terra massapé, terra de cultura da boa. Aí a chegada a Deus pertencia.
Vai saber. O ano? Isso era 1982. Logo ali.
segunda-feira, setembro 18
Flor de pitanga
Passo ligeiro, pé de vento.
Deixo cheiro - flor de pitanga.
Tamanha florada, o chão branco de miúdas pétalas.
Cheiro doce, lembra infância, lembra um não sei aflito de vontade de lembrar.
As abelhas em zumbida algazarra carreiam pólem dourado, tropel alado.De minha janela, céu ainda lusco-escuro de alvorecer tardio, as vejo no eterno indo sem vir.
O chão branco de miúdas pétalas, caminho flor.
Passa moça,
passa amor.
Só não passa, essa fica, latente, constante, indefinida
só não passa essa estranha indescritivelmente vazia dor.
William H. Stutz
Setembro 2006
Foto:
Autor desconhecido, qualquer informação favor escrever para
whstutz@gmail.com
terça-feira, setembro 12
Saci de Lia II
Espia Lia, logo ali.
Espia Lia, atrás da moita, no mato logo ali.
Lia espia, olhos de falcão apura e vê.
Saci veio de longe só para ver você
Saci viagem, nem de carro nem de bonde,
só, veio de longe.
Veio te ver Lia, veio vento, sopra e some
Se assusta fácil, teme o homem.
Espia Lia olha o pererê, veio de longe Lia só para ver você.
Não Lia apenas como olhos não.
Espia Lia, espia com o coração.
William H. Stutz
(para Lia Falcão)
segunda-feira, setembro 11
Dia do Médico veterinário
Nos dias 9 de setembro ao longo da história da humanidade ocorreram importantes e curiosos fatos e feitos. Relembrando alguns deles cronologicamente:
1897 - O Centro Científico de Cuzco é fundado no Peru.
1901 - Morre Henri Marie de Toulouse-Lautrec, pintor francês.
1944 - Os comunistas, com o apoio do exército soviético, dão um golpe de Estado e implantam a ditadura na Bulgária.
1956 - O cantor Elvis Presley aparece na televisão americana, em cadeia nacional, pela primeira vez.
1971 - John Lennon lança a música Imagine, um dos discos mais importantes de sua carreira solo.
1976 - Morre o líder Mao Tse-tung, na China, aos 82 anos. Ele transformou o país em potência mundial.
1995 - Cerca de 300 mil jovens de 36 países participam do encontro do Papa João Paulo II com a juventude, no santuário italiano de Loreto, em favor da paz e da dignidade humana.
Pois é justamente em 9 de setembro que se comemora o dia do Médico Veterinário.
Quem é afinal esse profissional? Às vezes envolto em pura mística por seu amor aos animais, às vezes desconhecido pelas gentes em função de tantas ações que desenvolve.
Ocuparíamos com certeza todo o espaço do nosso Jornal Correio para descrever mesmo de forma sucinta as inúmeras facetas do trabalho desse profissional. Seja atuando em consultórios a clinicar pelo bem de nossos pequenos animais, seja nas pesquisas básicas e de ponta, seja em defesa permanente de nossa fauna,de nossos tão perseguidos e ameaçados bichos silvestres, defendendo nosso ecossistema. Ainda, atento ao controle das centenas de doenças que atingem os homens através do contato sem comedimento com algumas espécies animais, zelando permanentemente pela qualidade de nossa comida, alimentos que estão, ou deveriam estar todo dia à mesa de todo brasileiro, sem esquecer, é claro, da produção de proteína animal. O que seria de nossos rebanhos sem o médico veterinário?
A estes abnegados protetores tanto da saúde animal, e também, sempre incógnitos, anjos da guarda da saúde humana, da saúde do planeta, rendo justa homenagem.
Aos colegas Médicos Veterinários parabéns por nosso dia. Continuemos sempre a lutar por nossos ideais e metas, e acreditar que tudo, com trabalho, fé e amor pelo que fazemos, é possível.
Continuemos caros colegas, a exemplo do histórico encontro no santuário de Loreto, a buscar e lutar por todas nossas vidas, com esforço e desempenho profissional na busca da paz e da dignidade humana.
William H. Stutz
Médico veterinário sanitarista
CRMV MG 1902
Uberlândia – MG
terça-feira, setembro 5
Seda
Era um bichinho miudinho e não entendia a que veio.
Ficava o dia todo vendo seus iguais roerem folhas de amoreira numa tagarelice muda, todos a mastigar tenras e verdes folhas.
Tempo ido tocavam todos a se enrolar em casulos finos lindamente decorados de brilhantes fios prateados. Crisálidas únicas, perfeitas, iguais.
Por força de jejum voluntário atrasava seu curto ciclo.
De ninfa queria ser borboleta. Seu destino era voar. Queria o céu.
Observava que seus irmãos eram levados embora cedo, assim que morada prateada construíam. Nunca os viu de asas abertas a secar em preparo para vôo de liberdade.
Abandonou as folhas, alimentava-se apenas dos frutos, púrpuras e doces amoras. Quando por fim lhe veio o sono encapsular, teceu turmalinas, fios violeta-púrpuros como salsifis deslumbrantemente mágicos. Sua seda de tão pura e diferente cor passou despercebida das humanas mãos escravizadas pelo hábito, e em bela manhã rompeu fagueira. E na mais linda das violetas borboletas se transformou. Partiu.
E os homens mais uma vez, mergulhados em daltônica ignorância, presos em sua cobiça e mesmice, deixaram escapar por entre os dedos oportunidade única,rara jóia , a preciosa seda de um majestoso e único violeta.
William H. Stutz
Setembro 2006
segunda-feira, setembro 4
Flora
do encanto
do canto.
Músical e florido
Colorido nome
Um doce
Um encanto
(para Flora, uma amiga)
terça-feira, agosto 29
Saci da Lia
Temporada de bons ventos, vai ligeiro.
Vai num pé, volta no mesmo.
Pedi tenência, juizo, mas os sacis dos recados são
custosos, vontade própria.
Hora chega.
William H. Stutz
agosto/2006
(Recadinho para a amiga Lia Falcão)
segunda-feira, agosto 28
Presente divino
Não ao voto nulo
Por que não anulo meu voto.
Muitos pregam aos quatro ventos o voto nulo.
Sei por convivência que são em sua grande maioria pessoas boas, íntegras e que até acreditam, acho, no que dizem. Algumas mais pragmáticas do que as outras é claro.
Penso bem diferente deles. O voto nulo se transforma numa eterna mordaça, um tapa-boca moral que, a meu ver impede o cidadão que tal prática adota de, por pelo menos quatro anos, reclamar, queixar, de viver plenamente sua cidadania.
“Cala-te omisso, a ti não é dado nem o direito de suspirar!”
O voto nulo não contribui em nada para o crescimento democrático e para o estado de direito. Jamais anularei um voto.
É óbvio que enojado estou com as maracutaias, com as negociatas, com o descaso com um povo inteiro, que vejo acontecerem diariamente. É claro que não abono (aliás abomino) a postura de “monarcas federais” de plantão, ávidos para se perpetuarem no poder, aqueles que se auto-intitulam donos de nosso destino. E por essas e outras é que meu voto nunca será nulo. Nem nulo nem útil. Nós temos o poder de mudar o rumo de nossa história.
Voto sempre por mudanças, com esperança. Voto sanitário. Limpeza.
Honra, compromisso, altruísmo; isso espero, com isso conto quando voto. Não, não votaria em branco nem por decreto.
Ingênuo? Posso até ser, mas fazer o quê.
Continuo acreditando no homem.
Não voto NULO.
Tremo em pensar que nada fiz para, pelo menos tentar mudar o que aí está. Tomo em minhas mãos o destino de meu solo pátrio. Pelo voto me manifesto, busco transformação.
Mesmo quando todas as pesquisas me garantem que já perdi, (perdi? Se participo não perco nunca!) e no primeiro turno, não me entrego, voto porque não compactuo, voto porque sou livre, voto porque por esse momento muitos lutaram, muitos morreram, nas praças, nas ruas e nos púlpitos, homens se expuseram por este ideal, pelo direito voto direto. Voto porque acredito que podemos vencer sim, eu, você, cada cidadão faz a diferença. A vitória será sempre da liberdade, da democracia, do nosso povo.
Senhores de nosso destino tremei,ele, o povo, mesmo que vocês não acreditem, existe e se fará presente.
NÃO ao voto nulo.
Ouso encerrar com magistral verso do Romanceiro da Inconfidência de 1953, uma lição, uma reflexão:
“Liberdade – essa palavra
que o sonho humano alimenta:
que não há ninguém que explique,
e ninguém que não entenda".
(Cecília Meireles)
William Henrique Stutz
médico veterinário sanitarista
Cidadão Livre
sexta-feira, agosto 25
Ciberespaço
Animal
Ando meio esquisito, sem paciência.
Caso cumprido conto mais não,
Perco o fôlego, suspiro sem tristeza.
Corto frase no meio, espero entendimento,
Quase nunca vem, sobra desacordo, desavenças.
Ando de prosa curta
Estou ficando monossilábico.
De tanta lida passo a parecer com eles.
Meus bichos.Todos silenciosamente barulhentos, noturnos.
Escorpiões e morcegos, minha vida, minha rotina.
Ando meio esquisito, monossilábico.
Paina ao vento; assim deveriam ser as prosas,leves ligeiras, rumo? Incerto.
Bicho fala pouco, observa.
Ando de prosa curta.
Monossilábico. Velhice?
William H. Stutz
Agosto/setembro 2006
quarta-feira, agosto 23
Lua virada
Na virada da lua entre minguante e nova tenho sempre curto interstício de vida
fenda profunda entre real e imaginário
A reclusão e o silêncio sempre me acompanham
No fundinho da gaveta, junto ao mais perfumado sache , jasmim, me aquieto
Pensamentos atormentam meu cotidiano
Pensamentos alimentam meus sonhos
Como voltar?
Lembro dos amigos
Quando voltar?
quando me sentir confortável, quando me sentir afável.
Por que voltar?
Porque amigos de verdade sempre esperam Pacientes, compreensivos
Na virada da lua entre minguante e nova existe sempre a expectativa da Clara luz da cheia,
não só lua , mas vida cheia, completa plena, repleta
Tudo isso na virada da lua
na virada da lua
na virada da lua
da lua
da lua
William H. Stutz agosto/2006
Baseado na " Na virada da lua" de Clarice Villac
quinta-feira, agosto 10
Bilhete
Sentado no canto mais escuro do bar, coçava a barba por fazer. Daquele ponto podia observar todo o ambiente. O entre e sai das gentes. O apressado engolindo cafezinho, que pelo cheiro que emanava da cafeteira prateada mergulhada em cuba d'água sempre aquecida devia ser requentado, feito há dias talvez.
Outro, a comer lambuzado pão com molho de almôndegas vindas de travessa onde ficavam a boiar em vermelho caldo na vitrina de salgados, como estranhos seres alienígenas que ainda não foram pescadas. Ali também havia ovos cozidos de cascas azuis e vermelhas, pastéis ressecados, e claro, moscas, muitas moscas.
Do seu canto observava também uma parte da movimentada rua. A porta do bar, uma moldura. Enorme boca parecia tentar engolir carros e pessoas que ao seu alcance passavam. Um quadro em movimento, mutável, tristemente dinâmico, vazio. Cinza.
Fazia um calor insuportável. Abaixou os olhos para o seu copo de cerveja, estava quente. Com as costas da mão conferiu a temperatura da garrafa, sentiu a umidade do vidro suado, mas pressentiu que o que ainda lá restava também já não estava gelado, nem fresco.
Assim mesmo tornou a encher o copo, espuma branca e abundante tomou quase o copo inteiro, uma pequena cachoeira escorregou alva pela borda e derramou pela mesa de lata, virou amarelo líquido rapidamente. Com a ponta do dedo ensaiou um desenho sem sentido com a cerveja derramada. Um círculo, algumas letras, um rio e suas curvas.
Bateu a mão no bolso da camisa procurando o maço de cigarros. Mania, parara de fumar havia muito tempo. Tamborilou no encosto da cadeira do lado uma música que nem conhecia. Ansiedade .
Buscou com os olhos alguém conhecido.
— Mais uma cerveja, por favor, tem torresmo? - Ia ficar ali um bom tempo.
Procurou no bolso o guardanapo de papel rabiscado. Era o bilhete que havia recebido no dia anterior. Entregue por um menino vendedor de flores, aquelas rosas mumificadas embrulhadas em papel celofane.
— Moço, mandaram entregar. Baixou os olhos para a encomenda um segundo e quando outra vez os ergueu o pequeno mensageiro havia sumido, mágica, não tinha para onde ir tão rápido, estranho.
Além da caligrafia bonita, do perfume que já não mais se podia sentir, o que mais encantava era o beijo de batom. Vermelho vivo. Um convite ao desejo. Prometia encontro naquela mesa, na proteção da tarde quando poucos ao bar se aventuravam. Não conhecia a dona daquela caprichosa mão e de tão perfeita boca. Sonhava.
As horas avançavam, o entre sai aumentava, a moldura da porta adquiria tons escuros, faróis agora acesos cruzavam seu campo de visão. Ninguém. Com paciência sofrida, colou o bilhete no casco da última cerveja, o vermelho do batom escorreu papel abaixo em contato com água condensada. Observou a cena sem emoção especial.
Quem sabe amanhã? A solidão ainda permite sonhos.
William H. Stutz
Uberlândia, Minas, agosto, 2006
sexta-feira, julho 14
quinta-feira, junho 29
Longa estrada
Contam as más línguas, e aqui só repasso pois nem sei se verdade é, estranha história ocorrida em meados do século passado.
Com o intuito de diminuir o isolamento em que se encontrava a cidade de Manaus, governador do estado e prefeito municipal resolveram deixar as querelas políticas de lado e unirem forças na construção de um estrada internacional que ligaria a capital do Amazonas ao mar do Caribe.
O traçado já estava feito, pelo menos na cabeça dos políticos. Saindo da capital seguiria direto para Novo Airão, de lá em reta linha cortaria mata fechada rumo a São Miguel do Rio Negro e de onde embicaria para Tupuruquara, depois São Miguel da Cachoeira e por fim chegaria em Cucui já na divisa com a Venezuela.
Acreditavam aqueles senhores que, uma vez cumprido o trecho em pátrio território as autoridades diplomáticas federais, confortavelmente instaladas em Brasília se incumbiriam dos trâmites legais para prosseguimento da empreitada através do país vizinho até o desemboque da rodovia nas cálidas praias caribenhas.
Idéia e "projeto" feitos, correr a contratar engenheiro e peões para início das obras.
Depois de muitos editais convocatórios publicados em jornais de todo Brasil, apenas um pretendente ao serviço apareceu. Era um jovem engenheiro paulista, recém formado em conceituada universidade, possuidor pois de boa formação além de ser de primorosa estirpe.
Apesar da má impressão inicial quando da entrevista com o oficial de ordens do governador, foi aceito por ser, como já dito, candidato único.
Mãos à obra e toca a abrir a sonhada estrada.
Já no primeiro quilômetro eis que encontram exatamente bem no traçado do mapa um gigantesco e centenário Mogno, majestoso, com sua copa tomada por pássaros e ninhos. Sensível às belezas naturais o jovem engenheiro de pronto decidiu por um pequeno desvio de forma a poupar aquela jóia da criação.
Pouco mais adiante lindo e cristalino córrego, em suas margens revoadas de borboletas multicoloridas, samambaias e orquídeas de rara beleza enfeitavam todo seu entorno. Com os olhos marejados de emoção diante de tanta beleza o engenheiro se recusa terminantemente a aterrar o local para construção da primeira ponte — obra de arte como chamada em linguagem técnica — pois sim obra de arte de verdade era aquela que à sua frente despontava. Novo desvio.
E assim as belezas de nossas verdes matas, de nossa exótica e deslumbrante riqueza natural, iam se sucedendo quase que metro a metro e a cada espetáculo, aos olhos do jovem construtor de caminhos, cada vez mais lembravam as antigas expedições de pesquisa como a do zoólogo da Academia Real de Ciências da Alemanha, Johann B. von Spix ou do também gringo alemão o botânico Karl Friedrich, pura e imensa emoção, sempre aperto na garganta, sempre novo desvio.
Não demorou muito, minto,demorou bastante, meses de incansável trabalho, de desvio em desvio, contorno em contorno, não deu outra — a estrada aberta na mata a duras penas e muitas malárias retornou a Manaus.
E assim, contam, esta maravilha da engenharia passou a ser conhecida para desencanto e fúria política como a famosa estrada Manaus-Manaus.
Quanto ao destino do jovem e virtuoso engenheiro, essa já é outra história, mas a boca miúda, desconfiados sussurram os poucos que dele ainda lembram:
— Dizem que virou Caipora.
E desconversam ligeiros.
William H. Stutz / junho 2006
No jornal Correio AQUI
quarta-feira, junho 28
quarta-feira, junho 21
Tocaia
Ansiedade assumida, suor a escorrer pela testa.
Arapuca armada – quirela amarelinha como a encantar e colorir a festa.
Por de trás da moita nas mãos a linha grossa, já suja e remendada – o gatilho da espreita, da tocaia.
Horas a fio vendo a bela trocal a pastar perto, rodeia/arrulha mineira, desconfiada.
Um sem ciscar de busca pelo milho na sombra, vem devagar, observa. Aos poucos perde o medo, a mão do barbante se retesa, joelho raspa a terra molhada, está quase de pé. Só mais um pouco, paciência. O suor agora embaralha a vista, em cachoeira passa pela sobrancelha e corre solto por sobre os olhos. Coração bate na garganta, é hora.
Arapuca-algoz pronta, quase treme, cordão teso.
Pomba passa rente, esbarra na taboca que estala, um súbito parar, bico para o alto olhos aflitos como a procurar.
Um leve bater de asas sem voar, procura, pressente.
Moleque fica pálido sente arrepio e dor de posição. Já não agüenta segurar a própria mão, geme, arfa baixinho. A correia da sandália de plástico parece querer cortar seu pé que já formiga adormecido.
A trocal ainda parada olha de soslaio a quirela na sombra da arapuca. Determinada com seu jogar de cabeça avança, estica o pescoço para dentro, assunta.
Futrica chega esbaforida e em espalhafatosa busca acha o dono, pula/late/lambe, irresponsável, é só o tempo de um olhar por sobre a planta para ver a trocal em assobiado vôo se ir barulhenta.
Menino e cão rolam pelo chão, raiva passa rápida, aos risos brinca de outra coisa.
Criança é assim por natureza – feliz.
William H Stutz/ junho 2006
(Imagem acima: "Meninos brincando com arapuca - Candido Portinari)
No Jornal Correio AQUI
segunda-feira, junho 12
Melancolia
Lua cheia ontem nasceu amarelo ouro, beleza tensa - imensa - suaviza noite adentro.
Solos inflamados de violino em fogo traçam seu musical e celeste caminho seguro.
Torna-se clara, mansa, flutua entre estrelas jóias. Sempre só – solitária nobreza. Pausa breve, descansa.
Lenta busca a proteção do horizonte, melancólica se deita – se faz tarde.
Nascerá minguante sedenta agonizante brilho a enfraquecer até se tornar nova
bancos de pedra, úmidas tatuagens a combinar com a trilha escura,
outra vez cumprindo sina, se torna crescente como a ter pressa se transforma rapidamente melancólica de tão cheia,
Reluzente ciclo - aplausos - eternamente.
William H. Stutz
Junho/2006
Força da amiga
brisa calma, mar perfeito
lindas luas, noites frias
Lareira acesa - vinho a aquecer.
Sem amigos - qual a graça - nada disso poderia acontecer.
William H. Stutz
junho junino de 2006 para uma amiga
sábado, junho 10
terça-feira, maio 30
Poema para uma poesia
sábado, maio 27
Plantio
Colhi viçosas mudas de grama nascidas em brita, pedra seca e rude
grama cuiabana
plantei em chão fértil, fofa terra de cultura
Morreram todas.
Tem gente que é assim, árida
william h. stutz
quarta-feira, maio 24
quarta-feira, maio 10
Dois mundos
Dois mundos
Caminhos os há, difícil é saber qual seguir.
Terra batida, atoleiros ou asfalto.
Caminho cósmico – estrelas.
Via Láctea sinalizada – estrada de sonhos.
Misteriosa magia. Aquecia por dentro de prazer só de pensar.
Deitada no telhado frio do curral vigiava o mover dos astros.
Encantada com a viagem anunciada.
Trecho infinito a percorrer.
Belo luminoso. Volta e meia uma luz mais agitada cortava seu campo de visão, de vigília a devaneio.
Visitantes estelares ou um simples balão meteorológico a espiar nuvens, mares e ventos?
Um paranóico avião espião em busca de novas ameaças imaginárias?
Balança a cabeça como a espantar a idéia.
Quanta falta de poesia. Eram com certeza alienígenas vestindo impecáveis uniformes prateados. Raça evoluída com ânsia de dividir conhecimento. Gente do bem, vindos de muito longe.
Já os havia visto em ocasiões diversas.
Em sonhos, durante enfadonhas preleções matinais na igreja. Durante as aulas de matemática, nos intermináveis almoços e jantares familiares. Principalmente quando tias e primos desconhecidos por lá aportavam – vinham da cidade. Chatos. Principalmente os primos com seus tênis de grife e palavreado entrecortado, meias e preguiçosas palavras sem nexo. Eles cheiravam ar condicionado e sanduíche de shopping.
Debochavam em silêncio de suas roupas e de sua botina mateira.
Mas a presença deles era mais comum à noite, logo depois de seu pai desligar o motor da energia. Eles gostavam muito do escuro ou da fraca luz do candeeiro. Visão acostumada à escuridão do cosmo, devia ser isso.
Uma estrela cadente cruzou o céu, passou raspando a copa da mangueira, iluminou o pasto.
Mãe do ouro.
Caminhos os há. E em breve teria que escolher o seu. Não queria a cidade – traçou o dos céus, para lá é que ia longe, bem longe.
Breve, muito em breve.
William H. Stutz/ maio 2006
terça-feira, maio 9
Janela
Mundo cinza, sem cor, sem brilho mundo mudo sem som ou vento fechado em quarto escuro sem janela.
Apenas o caos o silêncio e muito, muito sofrimento
Mundo cinza sem vida, sem amor.
Áspero sem cânticos ou simples canção.
Sem céu, sem estrelas ou lua, escuro.
Apenas amarga, profunda e inimaginável solidão.
Não meu mundo
Meu mundo é brando e leve é alvo
é límpido como a mais recente e fresca neve.
Janela de um estonteante azul céu, límpido e musical
por ela, sempre a adentrar o aconchegante aclarar matinal.
O meu mundo? Meu mundo é a janela!
Sempre aberta, sem paredes ou quarto.
Hoje sobre o mar amanhã sobre a terra.
Janela multicolorida sem dono, dolo ou fechadura
Meu mundo minha janela, está sempre pronto a se abrir.
Bastando amiga, é simples, um sincero afago ou a mais leve candura